NOVA AURORA

AGRONEGÓCIO

Preocupante: aparecem casos de ferrugem asiática em São Paulo, Tocantins e Paraná

Publicado em

A safra 2023/24 já registra oito casos de ferrugem asiática da soja, um cenário preocupante revelado pelo Consórcio Antiferrugem, entidade que reúne pesquisadores e o setor produtivo para criar estratégias de controle da doença.

Os casos se distribuem em três estados: no Paraná, quatro focos foram identificados nos municípios de Boa Esperança, Mamborê, Mangueirinha e Ubiratã; em São Paulo, duas ocorrências foram registradas em Itapetininga e Paranapanema; e em Tocantins, dois focos foram confirmados em Formoso do Araguaia e Lagoa da Confusão.

O mapa do Consórcio Antiferrugem aponta para a presença de plantas de soja voluntária e perene nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, constituindo um fator de risco para a disseminação dos esporos da doença.

Claudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja e integrante do Consórcio Antiferrugem, alerta para um aparecimento precoce e disseminado da ferrugem. Em comparação com anos anteriores, a doença está surgindo mais cedo, principalmente em dezembro, e de forma mais dispersa, o que se torna um desafio para o seu controle.

Leia Também:  PL isenta de IPI na compra de equipamentos para agricultores familiares

“A presença de soja voluntária no campo significa a presença de esporos de ferrugem. O controle da doença este ano está se mostrando mais desafiador”, destaca a pesquisadora.

O Rio Grande do Sul, embora ainda não tenha casos confirmados, enfrenta dificuldades devido ao excesso de chuvas, o que tem impactado o calendário de plantio. A umidade excessiva favorece a propagação do fungo, e quem planta mais tarde corre o risco de receber esporos provenientes de semeaduras precoces.

“A ferrugem é uma doença de lavoura tardia. Neste ano, dois fatores contribuem para seu avanço: a maior umidade e a presença precoce da doença”, explica Godoy.

Atualmente, a ferrugem asiática é considerada a principal ameaça à cultura da soja, sendo identificada pela primeira vez no Japão, em 1903, e no Brasil, em 2001. Se não houver manejo e controle adequados, pode causar perdas de até 90% na produtividade das lavouras.

Os especialistas recomendam estratégias preventivas, como cumprir o período de vazio sanitário, utilizar variedades precoces e realizar a semeadura na época apropriada. O uso de fungicidas é outra ferramenta, porém, o fungo apresenta resistência aos princípios ativos tradicionais, como triazóis, estrubirulinas e carboxiamidas.

Leia Também:  FPA faz alerta que crise de rentabilidade pode aprofundar dificuldades do agronegócio

Diante dessa resistência, Claudia Godoy orienta o uso de fungicidas multi-sítios, como cobre ou mancozeb, para um manejo mais eficaz: “Com a janela de plantio mais ampla, o produtor precisa agir de forma mais incisiva”.

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

AGRONEGÓCIO

Na semana da Páscoa, indústria de chocolate enfrenta crise histórica

Published

on

By

A Páscoa de 2025 chega em meio à maior crise já registrada no mercado global de cacau. Com a cotação da amêndoa batendo recordes históricos, a indústria do chocolate enfrenta um cenário crítico: falta de matéria-prima, custo em alta e risco de desabastecimento. O preço do cacau acumula uma disparada de 189% só neste início de ano, somado a picos que chegaram a 282% no mercado internacional ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia).

O impacto dessa escalada já se reflete diretamente no setor produtivo brasileiro. No primeiro trimestre de 2025, a indústria processadora nacional recebeu apenas 17.758 toneladas de cacau, volume 67,4% menor em relação ao trimestre anterior, de acordo com a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). É um dos piores desempenhos dos últimos anos.

Sem matéria-prima suficiente no mercado interno, o Brasil aumentou as importações para tentar garantir o abastecimento, trazendo 19.491 toneladas de cacau de fora — alta de quase 30% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo assim, a conta não fecha. A indústria terminou o trimestre com um déficit de 14.886 toneladas, o que acende o sinal de alerta sobre a sustentabilidade do setor.

Embora os chocolates da Páscoa já estejam nas lojas desde fevereiro — resultado de compras antecipadas feitas pela indústria — os reflexos da crise serão sentidos ao longo do ano. A defasagem entre a produção nacional e o volume processado mostra que o Brasil voltou a depender fortemente do mercado externo, num momento em que a oferta mundial também está em colapso.

Leia Também:  PL isenta de IPI na compra de equipamentos para agricultores familiares

Gana e Costa do Marfim, que concentram mais de 60% da produção global, enfrentam quebras de safra causadas por pragas, mudanças climáticas e envelhecimento das lavouras. A menor oferta mundial reduziu os estoques ao menor nível em décadas, pressionando ainda mais os preços e criando um efeito cascata sobre todos os elos da cadeia.

No Brasil, a situação também é crítica. A Bahia, que responde por dois terços do cacau nacional, entregou apenas 11.671 toneladas às indústrias no primeiro trimestre — retração de 73% frente aos últimos três meses de 2024. Técnicos apontam que o clima instável prejudicou o florescimento e agravou a incidência de doenças como a vassoura-de-bruxa, exigindo mais investimento em manejo e controle.

Apesar da queda drástica na produção, o produtor baiano tem sido parcialmente compensado pelo preço elevado da amêndoa, que supera R$ 23 mil a tonelada. O custo dos insumos, por outro lado, já não sobe no mesmo ritmo, o que ajuda a preservar a renda do campo. Ainda assim, a insegurança climática e o risco sanitário mantêm o setor em alerta.

Na tentativa de segurar os preços ao consumidor, a indústria brasileira está buscando alternativas, como mudanças nas formulações, cortes de gramatura e reformulação de produtos. Chocolates com maior teor de cacau — que dependem mais diretamente da amêndoa — devem ser os mais afetados. Já produtos de linha popular podem manter preços mais estáveis, ainda que com porções menores.

Leia Também:  Com retirada da Rússia do acordo do Mar Negro, abastecimento de alimentos fica em risco

Mesmo assim, o consumidor já percebe reajustes nas gôndolas. O ovo de Páscoa, símbolo do período, está até 20% mais caro em relação ao ano passado, e a tendência é de novos aumentos caso a crise se prolongue.

O atual desequilíbrio entre oferta e demanda reforça a urgência de investimentos em produtividade no Brasil. O país, que já foi o segundo maior produtor de cacau do mundo, hoje precisa importar amêndoa para manter sua indústria funcionando. Com lavouras envelhecidas, baixa produtividade média e forte dependência de condições climáticas, a cadeia brasileira está vulnerável.

Segundo a AIPC, é necessário acelerar a renovação de pomares, incentivar o uso de clones mais produtivos e resistentes, e ampliar o acesso a crédito para pequenos e médios produtores. Também cresce a demanda por políticas públicas que favoreçam a expansão da cacauicultura na Amazônia, no Espírito Santo e em novas fronteiras agrícolas.

Enquanto isso, o chocolate — produto culturalmente associado à celebração e ao prazer — pode se tornar um item mais raro e caro na mesa dos brasileiros. A crise do cacau já não é um problema futuro. Ela está acontecendo agora, e a Páscoa de 2025 é a prova mais amarga disso.

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:
Continuar lendo

PARANÁ

POLÍCIA

ENTRETENIMENTO

ESPORTES

MAIS LIDAS DA SEMANA