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Debate sobre gestão sustentável do solo e da água reúne pesquisadores na Assembleia Legislativa do Paraná

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Proteger o planeta da degradação por meio do consumo, produção e gestão sustentável é urgente. O alerta permeou as apresentações e pronunciamentos de pesquisadores e autoridades, que participaram na manhã desta terça-feira (3) da audiência pública “Cuidando do Futuro: A Relevância do Solo e da Água na Sustentabilidade”, realizada na Assembleia Legislativa do Paraná, e foi organizada pelo deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD), coordenador da Frente Parlamentar de Promoção Municipalista, das Associações de Municípios e Consórcios Municipais.

Conforme o deputado, “a compreensão da profunda influência que solo e água exercem um sobre o outro, especialmente num contexto global de mudanças climáticas e aquecimento global, representa um dos grandes desafios da atualidade”. “O fato é que o aquecimento global está acelerando a degradação dos solos e alterando os padrões de distribuição e disponibilidade de água”, frisou. “É imperativo esse debate, diante de tantos desafios”, complementou. Ele defendeu a necessidade de uma gestão sustentável dos recursos naturais e a tomada medidas urgentes sobre a mudança climática, para que o planeta possa suportar as necessidades das gerações presentes e futuras.

Na abertura do encontro, Romanelli destacou que a reunião ocorria no momento em que se celebra o Dia Mundial do Solo (comemorado em 5 de dezembro), e lembrou que desde 2015 foi instituída a Década Internacional do Solo, pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo dessa ação é inspirar e apoiar governos, organizações multilaterais, sociedade civil, empresas do setor privado, jovens, grupos de mulheres, povos indígenas, agricultores, comunidades locais e indivíduos em todo o mundo, para colaborar, desenvolver e catalisar iniciativas de restauração em todo o mundo. A ONU destaca que mais de 95% dos alimentos precisam dos dois recursos (água e solo) para serem produzidos. De acordo com o deputado, a Assembleia do Paraná avalia a possibilidade de criar uma Frente Parlamentar voltada para essa temática.

O secretário Natalino Avance de Souza, da Agricultura e do Abastecimento do estado, enalteceu a importância da audiência. Ele afirmou que há necessidade de se ter uma visão permanente de proteção dos recursos naturais e sustentabilidade: “Sem perder a competitividade da agricultura, que é uma tendência global, e a participação de todos os entes envolvidos na gestão do processo”. O secretário convocou todos os segmentos a refletir sobre a necessidade de prestarem mais atenção em relação a proteção de nascentes e seu entorno, o uso racional da água, a irrigação e eventos climáticos, que podem afetar significativamente a produção agrícola. “Temos que cuidar melhor dos solos. Esse é o desafio”, enfatizou. “Todos nós temos responsabilidade com a saúde do solo. A recomposição demora centenas de anos”, acrescentou o presidente da Associação de Municípios do Paraná (AMP), Edimar Santos, prefeito de Santa Cecília do Pavão. “Precisamos cuidar do solo, da água, do meio ambiente”, reiterou.

Agricultura sustentável

A Década Internacional do Solo, uma agenda instituída pela Organização das Nações Unidas em 2015 para proteção das riquezas naturais do planeta, foi o assunto tratado por Oromar João Bertol, diretor do Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. Segundo ele, o solo é um recurso essencial, ao exercer funções vitais na produção de alimentos, na regulação dos ciclos biogeoquímicos da água e carbono, preservação da biodiversidade, entre outros. Bertol enfatizou que o solo contribui diretamente para o cumprimento de vários Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), como fome zero, água limpa, combate às alterações climáticas, e preservação da vida terrestre.

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“Não adiante só gerar tecnologias. É importante que as pessoas tenham conhecimento sobre o assunto”, disse o professor Marcelo Ricardo de Lima, do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele chamou a atenção para a necessidade de investimentos em educação em solos, apresentando iniciativas que têm o objetivo de disseminar conhecimentos sobre a temática. Citou a importância de um material didático sobre solos voltado para o ensino médio e fundamental; da capacitação de professores; e para a criação de mecanismos que permitam estudantes e docentes ampliarem, constantemente, o conhecimento e a discussão sobre o assunto. A engenheira agrônoma e professora Letícia Pierri, de Agronomia e Biotecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), que falou sobre poluição de solos agrícolas e urbanos, destacou que “eles (os solos) são os reatores sensíveis da natureza”. Na avaliação dela, hoje uma das grandes preocupações é a contaminação com microplásticos, já identificado até no leite materno. “Cada cidadão gera, em média, mais de 1 kg de lixo urbano, por dia”, acrescentou.

Conservação de ambientes fluviais

Já o pesquisador Gustavo Ribas Curcio, da Embrapa Florestas – Paraná, abordou a recarga e descarga hidrológica em solos agrícolas. Segundo ele, que defende a proteção dos recursos naturais, com a retirada da floresta, tivemos como consequências imediatas a perda de nascentes, da vazão dos rios, dos caudais fluviais.
Ele atua, principalmente, na recuperação e conservação de ambientes fluviais, interação de espécies florestais com classes de solos, áreas degradadas e levantamento de solos. Em sua participação, apresentou dados sobre o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos – o PronaSolos Paraná, coordenado no estado pela Embrapa Florestas e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná. De acordo com o pesquisador, são desenvolvidos dois projetos relacionados com os temas solos e florestas fluviais. O primeiro envolve pesquisas interativas entre os temas, denominado Levantamento Semidetalhado de Solos e de Florestas Fluviais da Bacia Hidrográfica Paraná III (BHP III) e parte da Bacia Hidrográfica Piquiri. O segundo projeto, iniciado em agosto de 2021, tem forte similaridade com as ações do primeiro, destacando-se a ênfase que está sendo dada para a caracterização hidrológica dos solos.

“A quantidade e a qualidade da água refletem como eu trato o solo”, observou o diretor técnico da Seab, Benno Doetzer, ao detalhar diversos aspectos relacionados a sustentabilidade. Ele também lembrou que foi aprovada, recentemente, pela Assembleia, a Lei 21.994/2024, criando o Programa Estadual de Segurança Hídrica na Agricultura. A lei foi proposta pelo Executivo. Com essa medida, a segurança hídrica ganha força de política pública e um maior incentivo na adoção de práticas de preservação, conservação e produção de água por parte dos agricultores e suas organizações.

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Durante o debate, o engenheiro agrônomo Richard Golba, presidente do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) apresentou as ações de preservação do meio ambiente implementadas pelo órgão, que contribuem para uma agricultura sustentável. Golba explicou que através do trabalho de pesquisadores e extensionistas, o IDR dispõe aos produtores tecnologias que são capazes de reduzir o uso de agrotóxicos, contribuir para a conservação dos recursos hídricos, manter e melhorar a fertilidade do solo ou ainda mitigar os efeitos da erosão no meio rural.

Na sequência, o superintendente Nelson Costa, da Federação e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Fecoopar), fez um breve relato de ações e legislações vigentes relacionadas a proteção ambiental. Costa defendeu a necessidade de discutir o papel essencial que os pequenos negócios e os produtores rurais podem desempenhar nesse contexto. Na opinião dele, a baixa adesão ao compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) é algo que devemos atuar, para reverter, com urgência.

Pesquisadores e especialistas

A audiência, que lotou o Auditório Legislativo, ocorreu em referência ao 5 de dezembro, Dia Mundial do Solo, e as ações relacionadas à Década Internacional do Solo, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como finalidade deter a degradação de ecossistemas e restaurá-los para alcançar os objetivos globais. Representa uma convocação mundial para a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o planeta, para benefício das pessoas e da natureza. A iniciativa se soma aos objetivos do Dia Mundial do Solo, instituído pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), de chamar a atenção para a importância do solo saudável e promover debates sobre gestão sustentável de recursos.

Participaram do debate diversos outros representantes do poder público, estudantes universitários, e renomados pesquisadores e especialistas. Entre eles, Renato Rezende Young Blood, chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar); Débora Grimm, diretora técnica da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP); Marcos Pupo Thiesen, coordenador de meio ambiente e sustentabilidade da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP); o promotor de Justiça, Daniel Pedro Lourenço, representante do Centro de Apoio Operacional das promotorias de proteção ao Meio Ambiente e de Habitação e urbanismo (CAOPMAHU); Aparecido Callegari, secretário de Finanças e Administração da Federação dos Trabalhadores Rurais e Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep-PR); Gustavo Adolfo Gomes Scholz, diretor-secretário adjunto do Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR); e Rafael Andreguetto, diretor de Políticas Ambientais da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná (Sedest), e diretor do Patrimônio Natural do Instituto Água e Terra (IAT).

Transmitida ao vivo pela TV Assembleia e redes sociais, a audiência pública já está disponibilizada no canal do Legislativo no YouTube.

Fonte: ALPR PR

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Assembleia recebe a exposição “Araucárias Vivas” do artista plástico Toto Lopes

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“Araucárias Vivas” é o tema da exposição do artista plástico Toto Lopes, aberta nesta segunda-feira (05), no Espaço Cultural da Assembleia. A mostra, uma iniciativa da deputada Cristina Silvestri (PP), é um convite à reflexão sobre a relação entre arte, natureza e sustentabilidade, através de esculturas únicas que emergem do refugo de tapumes de obra e compensados de madeira reflorestada. “Nós temos que valorizar o que é nosso. O Toto é um artista, eu sempre digo, que ama o Paraná. E ele consegue transmitir esse amor através da sua arte, representando a nossa história, a nossa cultura, as nossas raízes”, disse a deputada, ao destacar que o que ela mais valoriza no artista é o seu lado social, o seu lado humano.

“Ele trabalha com crianças, com idosos, com crianças especiais, transformando objetos que provavelmente iriam para o lixo em arte levando esperança às pessoas, transformando a vida deles. Além disso, ele faz pinturas lindas em hospitais de crianças e de forma voluntária. Então esse lado social do Toto também me encanta muito. Por isso, é uma pessoa que merece ser homenageada e que sua obra seja divulgada para o Paraná e para o mundo”, disse a deputada, ao entregar uma menção honrosa ao artista, como forma de reconhecimento à sua contribuição para a cultura do estado.

Presente na aberta da mostra, o presidente da Assembleia, deputado Alexandre Curi (PSD), disse que é importante valorizar aqueles que valorizam o Paraná como Toto Lopes que é um apaixonado por esse estado, e que tem no pinheiro araucária, sua principal referência. “Para nós é uma honra muito grande ter você aqui nessa Casa e, em nome dos 54 deputados, quero agradecer todo o trabalho que você faz como artista, mas principalmente o trabalho que você faz divulgando o estado do Paraná, esse estado que é pujante, de gente séria, de gente trabalhadora, que está vivendo um momento extraordinário, mas que tem que valorizar os nossos artistas”, afirmou.

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Preservação

Toto Lopes falou um pouco sobre a sua exposição. “São araucárias que são feitas com reaproveitamento de material, tapumes de obra, compensados, que eu reutilizo e transformo elas em arte”, explicou. “A escolha de trabalhar com madeira reflorestada não é apenas uma opção estética, mas uma declaração de compromisso com a preservação ambiental e a valorização dos recursos naturais”, disse, ao destacar que a coleção “Araucárias Vivas” se inspira na majestosa araucária angustifolia, uma árvore que desempenha um papel vital em nosso ecossistema, mas que está ameaçada de extinção. “Minhas esculturas servem como um poderoso lembrete da fragilidade da natureza e da importância de sua preservação”, alertou. “É uma forma de repensar nossos hábitos de consumo e a importância de uma abordagem mais consciente em relação ao meio ambiente, é promover essa jornada de transformação e conscientização ambiental através da arte”, finalizou.

O artista também tem uma ligação grande com a questão social. “Na minha infância eu tive o privilégio de participar de um projeto gratuito, que transformava a arte junto com as crianças. Eu fui privilegiado de ter participado desse projeto e eu vi que a arte realmente tem um poder de transformação na vida de pessoas. E, hoje, eu utilizo a minha arte como um reflexo de tudo que eu recebi, mas também plantando várias sementinhas aí, mostrando para as crianças que a arte pode mudar a vida delas também”, explicou. A mostra fica em cartaz até o dia 09 de maio, das 09 horas às 18 horas, no Espaço Cultural da Assembleia.

Perfil

Tanielton Lopes Pereira, conhecido como Toto Lopes, nasceu em Campo Largo (PR), é especialista em reutilização de materiais descartados e formado em artes visuais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). É um artista plástico autodidata, fundador da Toto Artes – Soluções Artísticas e se destaca pelo impacto social de seu trabalho.
Desde 2007, ministra oficinas de artes plásticas em projetos sociais do município de Campo Largo e Região Metropolitana de Curitiba, desenvolvendo oficinas para todos os públicos e faixas etárias, incluindo crianças com vulnerabilidade social, portadores de necessidades especiais, adultos, idosos, dentre outros.

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É idealizador e coordenador do Projeto Eco Natal que mobilizou mais de cinco mil pessoas para criar a decoração natalina de Campo Largo com materiais recicláveis; do projeto “Fazendo Arte”, que já atendeu mais de três mil crianças com vulnerabilidade social e do projeto “Medicando Alegria”, que visa levar apresentações de teatro, contação de história, música, circo para pacientes, familiares e funcionários de hospitais. Toto também é voluntariado do HI Hospital Infantil Waldemar Monastier, em Campo Largo. Além de ter suas obras reconhecidas no Brasil, o quadro “A Santa”, participou de três mostras de arte em Napoli e Roma (Itália), sendo uma delas o “Fórum Mundial da Cultura pela Paz”, organizada pena Unesco.

Premiações

O artista já recebeu diversas premiações, entre elas o prêmio de honra ao mérito “Professora Odila Portugal Castagnoli”, pelos relevantes serviços prestados a cidade e a cultura de Campo Largo; o “Prêmio Personalidades Empreendedoras do Paraná”, pelos relevantes serviços prestados para sociedade paranaense e a “Medalha das Ordens das Araucárias”, conferida pelo Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT/PR). Sua obra “Acaé Azul” foi reconhecida pelo Governo do Paraná para fazer parte do acervo artístico do cerimonial do estado, assim como a obra “Mestre Fandangueiro do Paraná”, que já faz parte do acervo artístico do Palácio Iguaçu.

Fonte: ALPR PR

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