PARANÁ
Cervos, araucárias e humanos: a pré-história do Paraná está nas paredes de Piraí do Sul
Publicado em
10 de abril de 2024por
Itajuba Tadeu“A cena principal representa três animais caminhando em fila, o maior deles entre os dois menores. Trata-se, sem dúvida, de uma corça e dois filhotes, como indicam as grandes orelhas e as caudas curtas. Os animais se dirigem para dois signos gradeados igualmente pintados em vermelho, parcialmente superpostos e divididos cada um em três compartimentos. O pequeno filhote que se encontra em primeiro lugar desta fila penetrou completamente no primeiro desses signos”.
É assim que o casal de arqueólogos franceses Annette Laming e Joseph Emperaire descreveu, em artigo publicado em 1956 no Journal de la Société des américaniste, as pinturas visitadas por eles no mesmo ano no chamado Abrigo das Cavernas, uma cavidade incrustrada dentro da Escarpa Devoniana, no município de Piraí do Sul, nos Campos Gerais.
O desenho pintado com tinta vermelha a cerca de dois metros do chão é uma espécie de certidão de nascimento da habitação humana no Paraná. “São as primeiras pinturas rupestres identificadas e estudadas sistematicamente em território paranaense e que tiveram ampla repercussão internacional”, explica a arqueóloga e pesquisadora do Museu Paranaense, Cláudia Parellada.
Em 1956, Joseph e Annette já eram uma referência internacional no estudo de arqueologia. Desde 1955, eles vinham se dedicando a pesquisas com sambaquis em todo Sul do Brasil, em um processo de cooperação entre instituições francesas e brasileiras. Até então, as pinturas de Piraí do Sul estavam fora do radar do casal e de toda comunidade científica.
A situação começou a mudar graças a um morador local, Theófilo Pinto Ribeiro, proprietário de terras na região. Ele viu algo de familiar nas fotografias de uma reportagem da edição de janeiro de 1956 da revista Cruzeiro. A matéria tratava das pesquisas do naturalista dinamarquês Peter Lund, realizadas em Minas Gerais no final do século XIV. As fotos de pinturas nas paredes eram tratadas como arte rupestre e lembravam muito algumas pinturas presentes em partes da fazenda do própria Theófilo.
Intrigado, o produtor rural levou o assunto à prefeitura. Inicialmente, formou-se uma comitiva para visitar o abrigo, com a presença de promotor público, padre e contador. A expedição resultou em matéria publicada no jornal curitibano O Dia, mas ficou claro que era preciso colocar especialistas em contato com a pintura.
“A prefeitura também entendeu que aquilo precisava ser explorado e entrou em contato com o Museu Paranaense”, diz a historiadora Cinara de Souza Gomes, sobrinha-neta de Theófilo e autora do livro “As Representações Geométricas e Zoomorfas da Tradição Planalto. A Arte nos Campos Gerais”, publicado pela Secretaria de Cultura em 2011.
A direção do Museu contatou então Anette e Joseph e destacou Oldemar Blasi como representante da sua Divisão de Arqueologia para acompanhá-los. Os arqueólogos fariam o devido reconhecimentos das pinturas com a publicação subsequente do artigo na revista francesa.
O casal não retornaria mais a Piraí do Sul. Joseph morreria em 1958, na Patagônia, soterrado em um sítio arqueológico no qual trabalhava. Annette continuaria a trabalhar no Brasil. Na década de 70 ela liderou a equipe que encontrou os restos do esqueleto de uma mulher de cerca de vinte anos em uma gruta do município mineiro de Lagoa Santa. O fóssil recebeu o apelido de “Luzia” e é o mais antigo já encontrado na América do Sul, tendo entre 12.500 e 13 mil anos de idade. Annette viria a falecer em Curitiba, em 1977.
- Com 500 obras, MON realiza grandiosa exposição dos 100 anos de Poty Lazzarotto
-
Guarda portuário vai expor “Monalisa Parnanguara” em galeria anexa do Louvre

PARADA OBRIGATÓRIA – Depois do batismo dos franceses, Piraí do Sul se tornaria presença obrigatória para o estudo da arqueologia do Paraná. Blasi voltaria a Piraí do Sul em 1963, 64 e 66. As missões oficiais teriam o apoio financeiro do Governo do Estado, por meio da Fundepar. Nas viagens, novas pinturas e indicativos da presença humana iam sendo encontrados. Na década de 70, Blasi ampliou as pesquisas para municípios próximos como Sengés, Jaguariaíva e Ventania.
A partir da década de 90, uma nova geração de pesquisadores do Museu Paranaense e das universidades estaduais passou a trabalhar na região.
Cláudia, por exemplo, identificou, entre 1992 e 1993, um grande conjunto de pinturas rupestres nas Cavernas do Morro Azul, em Ventania. Em 1992, também iniciou a documentação do chamado Abrigo São José da Lagoa II, em Piraí. Na época, devido às chuvas e à falta de um equipamento fotográfico de maior qualidade, o trabalho ficou incompleto. Em 2014, com equipamento mais apropriado, ela voltou ao local e identificou uma representação bastante rara no Estado: figuras humanas em movimento, possivelmente em uma dança ritual.
Em fevereiro do ano passado, pesquisadores do Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe), que reúne professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), publicaram um estudo sobre pinturas de araucária. Foi a primeira vez que pesquisadores encontraram a representação da árvore, símbolo do Paraná, registrada como pintura rupestre.
Ao todo, foram identificadas representações de 13 araucárias e 20 antropomorfos (que são representações humanas). Pelo alto grau de detalhes das pinturas, o Grupo identificou que o painel pode ter sido elaborado pelos povos originários Macro-Jê, antepassados de comunidades indígenas presentes atualmente no Sul do Brasil, como os Kaingang e Xoclengues.
O Gupe segue coletando e mapeando registros arqueológicos. A publicação mais recente envolve um estudo de 52 sítios arqueológicos da Escarpa Devoniana em Ponta Grossa, em que foram inventariados um total de 277 painéis com 1.212 figuras pintadas por povos originários que habitaram a região há centenas de anos. O trabalho também descobriu 27 novos sítios arqueológicos e 12 oficinas líticas, que são locais onde as populações fabricavam artefatos. Os resultados servirão de base para o desenvolvimento de pesquisas mais detalhadas nos próximos anos.
HISTÓRIA HUMANA NO PARANÁ – O trabalho dos arqueólogos ajuda a contar a história da presença humana em terras paranaenses. Segundo levantamento de Cláudia, o Paraná conta com mais de 400 sítios arqueológicas com pinturas rupestres e 50 com gravuras. Cerca de 90% delas estão na região cortada pela Escarpa Devoniana, nos Campos Gerais.
Algumas dessas pinturas, como a dos cervídeos no Abrigo das Cavernas, estão provavelmente relacionadas a grupos que habitavam o Estado há mais de 9 mil anos. “São desse intervalo [por volta de 9 mil anos atrás]. São os que chamamos de paleoíndios, grupos que viviam da caça e coleta. Os ceramistas, grupos que já viviam do manejo da agricultura, chegam mais recentemente, por volta de 4 mil anos atrás”, explica.
Os paredões, grutas, cavernas e todo território recortado e arenítico da Escarpa Devoniana guardam os registros da arte rupestre que percorre esse longo intervalo temporal. De modo geral, no entanto, elas podem ser classificadas em duas grandes tradições: a Planalto e a Geométrica.
A Planalto apresenta grafismos pintados geralmente em vermelho e marrom, e mais raramente em preto ou amarelo. Comumente traz representações de animais e, em menor número, figuras humanas, grades, sinais geométricos e motivos emblemáticos. A tradição Geométrica caracteriza-se por representações geométricas, quase não aparecendo outras representações.
- Conferência no Paraná aponta 150 sugestões para o desenvolvimento da ciência
-
Com bolsas de até R$ 1.500, Paraná vai qualificar 3 mil jovens em Tecnologia da Informação

MUITO A SER ESTUDADO – Quem vive e pesquisa na região diz que existe muito a ser descoberto, catalogado e estudado. A história de Cinara, nesse sentido é peculiar. “Eu brincava com minhas primas naquela fazenda que era do tio Theófilo. Brincávamos ali perto das pinturas dos veadinhos, como chamávamos. As pinturas faziam parte da brincadeira”, afirma.
Ela cresceu e deixou de brincar, mas o fascínio despertado por aquelas imagens não foi embora. Se graduou em História pela UEPG, fez uma pós-graduação em arqueologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e escreveu um livro sobre a pintura na região.
Cinara trabalha no escritório do Núcleo Estadual de Educação no município. Nos finais de semana e feriados aluga sua chácara para quem quer acampar. Os paredões de pedra e o belo visual atraem em especial escaladores de todo País. Há 13 anos, um deles correu para avisá-la que tinha visto pinturas no paredão.
“Achei que era impossível pois todas as pinturas até encontradas eram Serra acima e nós estamos embaixo da Serra. Como já era noite quase dormi esperando amanhecer para ir conferir a veracidade da foto. Ao chegar no local fiquei tão maravilhada que sentei no chão em frente as pinturas e fiquei contemplando”, relata Cinara, que pretende ampliar os estudos nas pinturas no quintal de casa, depois da aposentadoria.
Os planos de Cinara em Piraí do Sul são bem vistos por Cláudia no Museu Paranaense. “Tem várias pinturas. Coletamos material para análise. São três sítios cujas pinturas provavelmente estão associadas às populações mais antigas. Tem uma representação de ema, motivos geométricos com pigmento amarelo que acredito estar relacionado aos Gês. Mas é preciso fazer um estudo mais sério, com mais tempo”, diz Cláudia.
Fonte: Governo PR
PARANÁ
Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná
Published
1 mês agoon
5 de maio de 2025By

O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações para aquisições de bens destinados à fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), biometano, biogás, metanol e CO2.
Além disso, o decreto também concede a isenção do ICMS na aquisição de máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para geração de energia a partir do biogás, como bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros gases e ventiladores; coifas aspirantes, contadores de gases. As duas medidas buscam tornar o Paraná mais competitivo na atração de negócios em energia renovável, alavancando o desenvolvimento estadual.
O decreto internaliza os convênios 161/2024 e 151/2021, aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) durante o Encontro Nacional dos Secretários da Fazenda em dezembro. Com a regulamentação, as isenções já estão em vigor.
De acordo com o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, a ideia é justamente estimular investimentos em combustíveis sustentáveis no Paraná, colocando o Estado em posição de destaque no cenário nacional. “Queremos consolidar o Paraná como uma referência e um polo na produção de novas energia e incentivos fiscais, como a isenção do ICMS, são formas de pavimentar esse caminho, estimulando investimentos no setor”, explica.
Um dos objetivos da iniciativa, aponta Ortigara, está em tornar o biometano economicamente viável. “O Paraná já é o maior produtor de proteína animal do Brasil, então queremos aproveitar o potencial que já existe aqui para fomentar a cadeira de biogás e biometano. Temos potencial para sermos uma Arábia Saudita do combustível renovável”, diz. “É usar dejetos de animais para gerar energia e, com as novas isenções, facilitamos o caminho para tornar o Estado ainda mais sustentável”.
SUSTENTABILIDADE – Os esforços do Paraná em se tornar referência na produção de combustíveis sustentáveis a partir do reaproveitamento do potencial agrícola não se limita apenas à isenção do ICMS. Embora a medida assinada pelo governador estimule ainda mais o setor, o Estado já aposta na geração de energia renovável também por meio de outros programas, como o Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR).
Executado pelo IDR-Paraná, ele incentiva os produtores rurais a produzir sua própria energia ou combustível. O Estado também subsidia os juros dos empréstimos usados pelos produtores para a implantação de projetos de energia renovável, por meio do Banco do Agricultor Paranaense.
Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o Paraná lidera com folga o número de plantas de biogás na região Sul, com 426 unidades instaladas, 348 delas da agropecuária. Em Santa Catarina são 126 plantas e no Rio Grande do Sul 84. O Paraná foi responsável com 53% do volume de geração de biogás na região no ano passado, com 461 milhões de metros cúbicos normais. .
Fonte: Governo PR

Decisões do TJPR reconhecem união estável de casais homoafetivos após morte

IV Fovid discute aplicação do protocolo de gênero e qualificação da investigação em casos de feminicídio

IV Fórum Paranaense de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem início no TJPR

Cemsu de Manoel Ribas encerra a primeira edição do projeto Grupo Reflexivo “Florescer”

Revista Gralha Azul recebe artigos para nova edição com o tema “Direito e Literatura”
PARANÁ


Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná
O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto...


Espetáculo Orfeu e Eurídice retorna ao palco do Guairão no próximo final de semana
Após uma estreia de sucesso em novembro de 2024, o espetáculo Orfeu e Eurídice, do Balé Teatro Guaíra, retorna ao...


Método Wolbachia: Londrina e Foz do Iguaçu vão ampliar projeto para 100% do território
Os municípios de Foz do Iguaçu, no Oeste, e Londrina, no Norte do Estado, ampliarão o projeto relacionado à implementação...
POLÍCIA


BPTran Realiza Fiscalização Intensa no Litoral no Feriado do Dia do Trabalhador
O Batalhão de Polícia de Trânsito, por meio da Companhia Tático Móvel de Trânsito, realizou, no último fim de semana...


BPTran apreende 279 kg de maconha após veículo capotar na região sul de Curitiba
Uma ação rápida da Polícia Militar do Paraná, por meio do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), no dia 1º...


BPTran promove educação no trânsito para crianças da Escola Viver
Nesta quarta-feira (30), a Escola Viver, localizada no bairro Boqueirão, recebeu uma visita especial do Batalhão de Polícia de Trânsito...
ENTRETENIMENTO


Filho de Carla Perez e Xanddy revela mudança na rotina fitness: ‘Aumentar HRV’
Victor Alexandre, de 22 anos, filho de Carla Perez e Xanddy, impressionou seguidores ao exibir nas redes sociais seu abdômen ultradefinido e...


Fernanda Torres faz selfie com a mãe, durante passeio e declara: ‘Doce de mãe’
Fernanda Torres, de 59 anos, compartilhou em seu Instagram, neste domingo (4), alguns registros do encontro com sua mãe, Fernanda Montenegro,...


Isis Valverde se emociona durante troca de votos com Marcus Buaiz: ‘Meu porto’
Isis Valverde chorou na troca de votos do casamento religioso com Marcus Buaiz. O casal, que trocou alianças no sábado (3), compartilhou neste domingo...
ESPORTES


Cruzeiro vence o Flamengo com gol de Gabigol e assume o G4 do Brasileirão
Em uma partida emocionante e disputada até os últimos instantes, o Cruzeiro venceu o Flamengo por 2 a 1, neste...


Palmeiras vence o Vasco com gol de Vitor Roque pelo Brasileirão
Em uma partida disputada no Estádio Mané Garrincha, o Palmeiras superou o Vasco por 1 a 0 neste domingo, garantindo...


Grêmio vence o Santos e afasta fantasma do rebaixamento no Brasileirão
Em um jogo tenso e de extrema importância para ambas as equipes, o Grêmio venceu o Santos por 1 a...
MAIS LIDAS DA SEMANA
-
Justiça6 dias ago
Desembargador Ruy Muggiatti
-
Justiça4 dias ago
I Encontro Nacional do Fórum Ambiental do Poder Judiciário reunirá tribunais do Brasil para discutir governança ambiental
-
Justiça4 dias ago
Revista Gralha Azul recebe artigos para nova edição com o tema “Direito e Literatura”
-
Justiça3 dias ago
Cemsu de Manoel Ribas encerra a primeira edição do projeto Grupo Reflexivo “Florescer”