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Buscas complexas e casos marcantes: bombeiros do Paraná relatam atuação no RS

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Um misto de tristeza pelo enorme sofrimento alheio e de orgulho por poder ajudar tanta gente em situação de emergência é o que se percebe nas palavras dos bombeiros militares do Paraná que acabaram de voltar do Rio Grande do Sul. Integrantes da segunda equipe da força-tarefa do Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) designada para auxiliar nos resgates e nos trabalhos de ajuda humanitária no estado vizinho, eles são unânimes ao relatar os dez dias passados em território gaúcho como “uma grande experiência de vida”.

Nesta segunda-feira (20), três deles concederam entrevista coletiva no quartel do Comando do Corpo de Bombeiros, em Curitiba, para falar sobre as atividades que estão sendo realizadas desde o dia 2 de maio naquela unidade da Federação. Ao todo, até 19 de maio, os bombeiros paranaenses resgataram 1.026 pessoas e 525 animais. O trio regressou da missão na noite de sábado, após a terceira equipe da força-tarefa do CBMPR chegar a Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

“Tenho 22 anos como bombeiro e essa foi minha primeira missão com uma dimensão desse porte. O que vivenciamos ali nos leva a refletir sobre a própria vida”, comentou o sargento Alexsandro Veiga do Prado Cunha, citando o cenário como uma cena de filme, com o município todo inundado, com frotas de carretas submersas, pessoas e animais em cima dos telhados esperando por ajuda.

“O maior desafio foi manter o foco. Você deixa a sua família em casa vendo todo aquele cenário na TV. A gente se preocupa em manter as filhas, no meu caso, tranquilas: ‘Fiquem calmas, o pai vai voltar, estamos cumprindo uma grande missão, ajudando, e eles precisam muito disso e vão precisar ainda por um bom tempo’. Então, isso nos toca, nos comove, uma experiência para a vida”, complementou o sargento, que estima ter dormido em torno de quatro horas por noite durante o período da operação.

Acompanhado pela mulher e pelo filho, orgulhosos do herói, o soldado Tiago de Lima Pereira admitiu que, embora preparado tecnicamente para a missão, é impossível não se emocionar. “Quando você se depara não só com a situação, mas com o lado pessoal, vê o desespero das pessoas, aquela dor que nada do que você faça vai poder suprir, é emocionante. A gente consegue, às vezes, dar uma palavra de alento. Entre uma missão e outra, dá uma respirada, prepara o psicológico e vai de novo. Foi assim durante os dez dias”, relatou o bombeiro.

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No caso do cabo Rodrigo Pereira Araújo, a família está ainda mais envolvida nos pesadelos causados pelas enchentes. Os familiares da esposa dele são de São Leopoldo e, como muitos no Rio Grande do Sul, perderam tudo.

“Mas graças a Deus está todo mundo bem e com saúde”, disse, aliviado, o bombeiro que já tinha atuado no ano passado durante as cheias em Palotina e União da Vitória. Ele fez questão de ressaltar a resiliência dos gaúchos. “Com toda desgraça que estão passando, você vê, todo mundo feliz por estar vivo, por estar bem. Eles vão passar por isso”, acrescentou.

CASOS – Cada bombeiro que participou e participa desse mutirão de auxílio ao povo gaúcho coleciona histórias de superação, tristeza e esperança. É o caso do sargento Alexsandro, que contou uma passagem que o marcou quando passava, de bote, pela residência de um homem resgatado.

“No trajeto ele comentou: deixei meu carro do lado daquele furgão. O furgão estava praticamente submerso, ou seja, o carro estava embaixo d’água. Perguntei onde era a residência dele, ele procurou um pouco, e mostrou onde era. Só dava para ver a cunheira da casa”, falou. “Dava pra ver a lágrima no olho dele. E ele tirando foto e enviando para o filho que estava já em área seca”.

“Situações como essa nos levam a refletir na força do povo gaúcho, que eles vão precisar de fato para se restabelecer. E, ao mesmo tempo, é gratificante para nós. Pudemos ajudar de alguma forma, ainda que em meio tudo aquilo pareça ser tão pouco. Mas a gratidão que o povo dispensou a nós, o acolhimento que nos ali fizeram, foi profundamente verdadeiro, a gente sentiu isso”, finalizou.

O soldado Pereira também lembrou de um caso marcante, envolvendo um homem que ele viu diversas vezes andando pela área próxima ao posto de comando. Interpelado, disse que estava tudo bem, e seguiu, com a mochila nas costas e chinelo de dedo. “Aí saímos em missão, o dia passou e estávamos encerrando as atividades quando nos acionaram para resgatar um homem ilhado a 4 km do posto de comando. Chegamos lá e era o sujeito que eu tinha visto mais cedo, ilhado entre o muro da casa dele e o do vizinho”, contou. 

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“Ele nos contou que foi até lá, agarrado em uma geladeira que estava boiando, porque queria achar o gatinho dele, que era a única coisa que havia sobrado. Não encontrou. É o tipo de situação que psicologicamente é difícil de trabalhar”, fechou.

MISSÃO – Subcomandante-geral do CBMPR, o coronel Antonio Geraldo Hiller Lino ressaltou que mais de 90 bombeiros do Paraná já foram mobilizados para atuar no estado vizinho. No final de semana foram enviados binômios, como são chamadas as duplas compostas pelo cão e pelo bombeiro, vão trabalhar na busca por pessoas desaparecidas em algumas das áreas mais afetadas pelas chuvas. Eva e Skull, os dois cães enviados, são treinados desde filhotes para fazer este tipo de busca. 

“As operações vão mudando de estágio, em virtude da mudança do cenário, o Rio Grande do Sul nos faz as solicitações e nós atendemos”, explicou o oficial.  “Por exemplo, no final de semana as nossas equipes de busca aquática foram deslocadas de Canoas para Pelotas. Em virtude da previsão de chuvas, haveria a possibilidade do isolamento de Pelotas. Então, eles queriam aumentar a quantidade de bombeiros numa área que possivelmente ficaria totalmente isolada de acessos terrestres”.

FAMÍLIA – Após a coletiva dos bombeiros, quem falou em nome dos familiares dos integrantes da Corporação foi Daniela Pereira, esposa do soldado Pereira. Ela relatou o alívio de ver o marido chegando em casa são e salvo e disse que todos se sentem parte da operação. “Dá muito orgulho saber que tem alguém da nossa família fazendo algo grandioso por um ser humano, pelas pessoas, pelas famílias. E eles nos representaram bem. A saudade é grande, mas é como se as famílias estivessem participando também, quando eles se comunicam com a gente de lá”, celebrou.

Fonte: Governo PR

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Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná

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O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações para aquisições de bens destinados à fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), biometano, biogás, metanol e CO2. 

Além disso, o decreto também concede a isenção do ICMS na aquisição de máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para geração de energia a partir do biogás, como bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros gases e ventiladores; coifas aspirantes, contadores de gases. As duas medidas buscam tornar o Paraná mais competitivo na atração de negócios em energia renovável, alavancando o desenvolvimento estadual.

O decreto internaliza os convênios 161/2024 e 151/2021, aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) durante o Encontro Nacional dos Secretários da Fazenda em dezembro. Com a regulamentação, as isenções já estão em vigor. 

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De acordo com o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, a ideia é justamente estimular investimentos em combustíveis sustentáveis no Paraná, colocando o Estado em posição de destaque no cenário nacional. “Queremos consolidar o Paraná como uma referência e um polo na produção de novas energia e incentivos fiscais, como a isenção do ICMS, são formas de pavimentar esse caminho, estimulando investimentos no setor”, explica.

Um dos objetivos da iniciativa, aponta Ortigara, está em tornar o biometano economicamente viável. “O Paraná já é o maior produtor de proteína animal do Brasil, então queremos aproveitar o potencial que já existe aqui para fomentar a cadeira de biogás e biometano. Temos potencial para sermos uma Arábia Saudita do combustível renovável”, diz. “É usar dejetos de animais para gerar energia e, com as novas isenções, facilitamos o caminho para tornar o Estado ainda mais sustentável”.

SUSTENTABILIDADE – Os esforços do Paraná em se tornar referência na produção de combustíveis sustentáveis a partir do reaproveitamento do potencial agrícola não se limita apenas à isenção do ICMS. Embora a medida assinada pelo governador estimule ainda mais o setor, o Estado já aposta na geração de energia renovável também por meio de outros programas, como o Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR).

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Executado pelo IDR-Paraná, ele incentiva os produtores rurais a produzir sua própria energia ou combustível. O Estado também subsidia os juros dos empréstimos usados pelos produtores para a implantação de projetos de energia renovável, por meio do Banco do Agricultor Paranaense.

Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o Paraná lidera com folga o número de plantas de biogás na região Sul, com 426 unidades instaladas, 348 delas da agropecuária. Em Santa Catarina são 126 plantas e no Rio Grande do Sul 84. O Paraná foi responsável com 53% do volume de geração de biogás na região no ano passado, com 461 milhões de metros cúbicos normais. .

Fonte: Governo PR

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