PARANÁ
Alambiques sustentáveis e identidade impulsionam tradição da cachaça de Morretes
Publicado em
18 de dezembro de 2023por
Itajuba TadeuDos primeiros alambiques às margens do Rio Nhundiaquara no século XVIII à produção atual das cachaças nobres com a cana-de-açúcar da mais alta qualidade plantada ao pé da Serra do Mar, Morretes, no Litoral do Paraná, preserva uma ligação íntima com a produção da bebida que se confunde com a sua própria história. Uma tradição tão forte que virou até verbete de dicionário: ‘morretiana’, nos dicionários Houaiss e Aurélio, é sinônimo de cachaça.
Esta relação foi reforçada no início de dezembro, quando o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) reconheceu a aguardente de cana e a cachaça de Morretes como o 13º produto com Indicação Geográfica (IG) do Paraná. A bebida é um dos produtos tradicionais paranaenses com IG e que estão sendo abordados na nova série de reportagens da Agência Estadual de Notícias (AEN).
A certificação contempla três cachaçarias da região que se comprometem a produzir a cachaça em alambiques, abrindo mão do processo industrial em grande escala, e seguindo parâmetros rígidos de rastreabilidade do produto. O modelo preserva as características que fizeram da bebida produzida em Morretes uma referência nacional.
“Existem dois tipos de cachaça. A cachaça industrial e a cachaça de alambique, que é a que nós produzimos aqui em Morretes. Além deste processo mais cuidadoso, nós também temos um terroir único aqui no Litoral, estamos praticamente no nível do mar, na encosta da serra, com um solo especial, então isso também resulta em uma cana especial”, explicou o presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Morretes (Apocam) e proprietário da cachaça Ouro de Morretes, Sadi Poletto.
Estas condições, inclusive, que deram início à tradição caiçara na produção de aguardentes de cana e cachaças. A história começa ainda no Brasil Império, quando Dom Pedro II determinou a abertura de engenhos centrais em algumas cidades do País. No Paraná, Morretes foi a escolhida pelo potencial na produção de cana-de-açúcar local.
“É uma cana que tem uma produção menor por hectare, que também dá menos caldo, mas que tem um teor de açúcar muito alto, o que é ideal para a produção de uma boa cachaça”, disse Poletto.
Dos engenhos surgiram os primeiros alambiques, que se multiplicaram com o tempo e com o sucesso da bebida. No auge da produção local, nos anos 1950, Morretes chegou a ter mais de 60 alambiques.
Por conta de políticas econômicas nacionais, a produção brasileira das décadas seguintes acabou se concentrando em Minas Gerais e São Paulo, mas a tradição paranaense vem sendo resgatada nos últimos anos, com uma produção menor, mas que mira um público mais exigente.
“Assim como aconteceu com a cerveja e com o vinho, que criou-se uma cultura de consumo de bebidas de maior qualidade, estamos trabalhando agora com um público que aprecia uma cachaça premium”, disse o presidente da Apocam.
- Doce e cremoso, melado de Capanema conquista mercados e ajuda turismo da região
-
Cafés especiais do Norte Pioneiro renovam tradição paranaense com a bebida
PROCESSO – Para fazer uma bebida de qualidade, a cachaça segue um processo de produção cuidadoso em todas as etapas. As bebidas que têm o selo da Indicação Geográfica usam somente o produto plantado em Morretes e região, que é de uma variação batizada como ‘havaianinha’, que resulta em uma bebida ligeiramente mais suave do que as cachaças de outras regiões.
A cana é cortada e colhida manualmente. Depois disso, ela é levada até uma área onde é moída. O bagaço é separado para ser queimado e o caldo é extraído, filtrado e reservado para passar por um processo de diluição para que todo o líquido seja homogeneizado a um mesmo percentual de açúcar, a 15%.
“Em geral, dependendo do clima e da maturação da cana, ela pode variar o brix, que é o índice de açúcar do caldo, entre 18% e 20%. Por isso é necessário fazer um processo inicial de diluição com água”, disse a gerente de produção da Agroecológica Marumbi, que faz a cachaça Porto Morretes, Gisele Abreu.
Na sequência, o caldo de cana passa pela fermentação. São pelo menos 24 horas que o líquido passa por grandes recipientes onde uma massa de levedura transforma o açúcar em álcool. “Este é um dos processos mais delicados da produção de cachaça, porque é preciso controlar rigidamente a vazão do líquido e a temperatura do caldo para uma fermentação perfeita”, explicou.
A levedura responsável pela fermentação também demanda cuidados especiais, sendo ‘alimentada’ por cerca de uma semana com quirera de arroz e limão no início da colheita da cana para ficar pronta para o processo de produção da bebida ao longo de toda a safra.
Depois da fermentação, a bebida passa pela destilação no alambique de cobre, onde parte do líquido se evapora a 90ºC, passa por um duto e depois é condensado novamente a cerca de 20ºC.
Neste processo, cerca de 10% de todo o líquido produzido se transforma, efetivamente, em cachaça. “É uma seleção feita por uma análise sensorial. Um profissional experiente que analisa, a cada lote, características como o cheiro e a viscosidade do líquido”, disse Gisele.
Em seguida, no processo final de produção, a bebida é separada para descansar em tonéis de inox ou, para bebidas mais refinadas, em barris de carvalho, onde ficam até 15 anos em processo de envelhecimento.

PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL – O modo de produção das cachaças de Morretes que têm direito a usar o selo de Indicação Geográfica é totalmente orgânico, sem uso de defensivos agrícolas para a cultura da cana.
O processo de fabricação da bebida também é feito de maneira sustentável. De acordo com a gerente de produção da Agroecológica Marumbi, a empresa trabalha com o conceito de resíduo zero. “Temos muito cuidado com o meio ambiente. Além de uma produção 100% orgânica, a gente também tem a preocupação de consumir, de alguma forma, todo o resíduo gerado”, afirmou.
Os resíduos do bagaço da cana, por exemplo, são secos e usados como combustível na caldeira onde é gerado o vapor para o processo de destilação. O que sobra é usado para compostagem. O vinhoto da cana, que é o resíduo final do caldo que não é transformado em bebida, também volta para a lavoura para ser usado nos processos de fertirrigação.
A linha de produção também é toda construída em um declive, para que o caldo saia da moagem até o envase usando somente a força da gravidade para passar de um processo ao outro.
“É um processo que quase não usa energia, com o alambique construído passo a passo pensando na evolução da bebida em gravidade. Da moagem à destilação não é preciso usar motor. Além de ser sustentável, ajuda nos custos com energia”, afirmou o proprietário da cachaça Magia da Serra, José Carlos Posses.
- Qualidade e tradição: vinho de Bituruna é orgulho para a cidade e referência no País
-
Doce e resistente, goiaba projeta Carlópolis com cultivo inovador e união de produtores

IDENTIDADE – De acordo com dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) de 2022, Morretes é responsável por 30% da produção estadual de cachaça e aguardente, e segundo o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), o Paraná é o sexto maior produtor da bebida e o terceiro maior exportador do País.
Mas maior do que o impacto econômico direto da produção da bebida, a cachaça de Morretes ajuda a reforçar a identidade histórica da cidade, especialmente para os turistas que visitam o Litoral.
Para Camila Simas, proprietária do restaurante Empório do Largo, a cachaça é um elemento do cardápio que ajuda na imersão dos turistas que vão à cidade. “Esta é uma cachaça de Mata Atlântica. Quem vem a Morretes quer viver uma experiência de contato com a história e natureza do local. Quando nós servimos aos nossos clientes explicamos toda a história da bebida, essa relação com o meio ambiente e eles entendem o quanto ela faz parte desta atmosfera local”, complementou.
A empresária usa as bebidas com IG na produção de drinques, como uma bebida com maracujá e mel locais, e para flambar uma sobremesa de banana, outra fruta típica da região.
O restaurante fica em um casarão à beira do Rio Nhundiaquara, onde antigamente funcionava um engenho. “Este local foi recuperado para se transformar em um relicário histórico. Uma história que é contada por meio das pilastras originais, da fachada colonial e de outros elementos que remetem à produção centenária da cachaça local”, acrescentou Camila.
Confira o vídeo:
Fonte: Governo PR
PARANÁ
Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná
Published
1 mês agoon
5 de maio de 2025By

O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações para aquisições de bens destinados à fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), biometano, biogás, metanol e CO2.
Além disso, o decreto também concede a isenção do ICMS na aquisição de máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para geração de energia a partir do biogás, como bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros gases e ventiladores; coifas aspirantes, contadores de gases. As duas medidas buscam tornar o Paraná mais competitivo na atração de negócios em energia renovável, alavancando o desenvolvimento estadual.
O decreto internaliza os convênios 161/2024 e 151/2021, aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) durante o Encontro Nacional dos Secretários da Fazenda em dezembro. Com a regulamentação, as isenções já estão em vigor.
De acordo com o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, a ideia é justamente estimular investimentos em combustíveis sustentáveis no Paraná, colocando o Estado em posição de destaque no cenário nacional. “Queremos consolidar o Paraná como uma referência e um polo na produção de novas energia e incentivos fiscais, como a isenção do ICMS, são formas de pavimentar esse caminho, estimulando investimentos no setor”, explica.
Um dos objetivos da iniciativa, aponta Ortigara, está em tornar o biometano economicamente viável. “O Paraná já é o maior produtor de proteína animal do Brasil, então queremos aproveitar o potencial que já existe aqui para fomentar a cadeira de biogás e biometano. Temos potencial para sermos uma Arábia Saudita do combustível renovável”, diz. “É usar dejetos de animais para gerar energia e, com as novas isenções, facilitamos o caminho para tornar o Estado ainda mais sustentável”.
SUSTENTABILIDADE – Os esforços do Paraná em se tornar referência na produção de combustíveis sustentáveis a partir do reaproveitamento do potencial agrícola não se limita apenas à isenção do ICMS. Embora a medida assinada pelo governador estimule ainda mais o setor, o Estado já aposta na geração de energia renovável também por meio de outros programas, como o Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR).
Executado pelo IDR-Paraná, ele incentiva os produtores rurais a produzir sua própria energia ou combustível. O Estado também subsidia os juros dos empréstimos usados pelos produtores para a implantação de projetos de energia renovável, por meio do Banco do Agricultor Paranaense.
Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o Paraná lidera com folga o número de plantas de biogás na região Sul, com 426 unidades instaladas, 348 delas da agropecuária. Em Santa Catarina são 126 plantas e no Rio Grande do Sul 84. O Paraná foi responsável com 53% do volume de geração de biogás na região no ano passado, com 461 milhões de metros cúbicos normais. .
Fonte: Governo PR

Presidente do TJPR participa de solenidade de aposentados em Marialva

Decisões do TJPR reconhecem união estável de casais homoafetivos após morte

IV Fovid discute aplicação do protocolo de gênero e qualificação da investigação em casos de feminicídio

IV Fórum Paranaense de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher tem início no TJPR

Cemsu de Manoel Ribas encerra a primeira edição do projeto Grupo Reflexivo “Florescer”
PARANÁ


Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná
O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto...


Espetáculo Orfeu e Eurídice retorna ao palco do Guairão no próximo final de semana
Após uma estreia de sucesso em novembro de 2024, o espetáculo Orfeu e Eurídice, do Balé Teatro Guaíra, retorna ao...


Método Wolbachia: Londrina e Foz do Iguaçu vão ampliar projeto para 100% do território
Os municípios de Foz do Iguaçu, no Oeste, e Londrina, no Norte do Estado, ampliarão o projeto relacionado à implementação...
POLÍCIA


BPTran Realiza Fiscalização Intensa no Litoral no Feriado do Dia do Trabalhador
O Batalhão de Polícia de Trânsito, por meio da Companhia Tático Móvel de Trânsito, realizou, no último fim de semana...


BPTran apreende 279 kg de maconha após veículo capotar na região sul de Curitiba
Uma ação rápida da Polícia Militar do Paraná, por meio do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), no dia 1º...


BPTran promove educação no trânsito para crianças da Escola Viver
Nesta quarta-feira (30), a Escola Viver, localizada no bairro Boqueirão, recebeu uma visita especial do Batalhão de Polícia de Trânsito...
ENTRETENIMENTO


Filho de Carla Perez e Xanddy revela mudança na rotina fitness: ‘Aumentar HRV’
Victor Alexandre, de 22 anos, filho de Carla Perez e Xanddy, impressionou seguidores ao exibir nas redes sociais seu abdômen ultradefinido e...


Fernanda Torres faz selfie com a mãe, durante passeio e declara: ‘Doce de mãe’
Fernanda Torres, de 59 anos, compartilhou em seu Instagram, neste domingo (4), alguns registros do encontro com sua mãe, Fernanda Montenegro,...


Isis Valverde se emociona durante troca de votos com Marcus Buaiz: ‘Meu porto’
Isis Valverde chorou na troca de votos do casamento religioso com Marcus Buaiz. O casal, que trocou alianças no sábado (3), compartilhou neste domingo...
ESPORTES


Cruzeiro vence o Flamengo com gol de Gabigol e assume o G4 do Brasileirão
Em uma partida emocionante e disputada até os últimos instantes, o Cruzeiro venceu o Flamengo por 2 a 1, neste...


Palmeiras vence o Vasco com gol de Vitor Roque pelo Brasileirão
Em uma partida disputada no Estádio Mané Garrincha, o Palmeiras superou o Vasco por 1 a 0 neste domingo, garantindo...


Grêmio vence o Santos e afasta fantasma do rebaixamento no Brasileirão
Em um jogo tenso e de extrema importância para ambas as equipes, o Grêmio venceu o Santos por 1 a...
MAIS LIDAS DA SEMANA
-
Justiça7 dias ago
Desembargador Ruy Muggiatti
-
Justiça4 dias ago
I Encontro Nacional do Fórum Ambiental do Poder Judiciário reunirá tribunais do Brasil para discutir governança ambiental
-
Justiça4 dias ago
Revista Gralha Azul recebe artigos para nova edição com o tema “Direito e Literatura”
-
Justiça3 dias ago
Cemsu de Manoel Ribas encerra a primeira edição do projeto Grupo Reflexivo “Florescer”