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Jovem egresso da socioeducação reconstrói a vida com apoio do Estado

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O fim de ano é um período em que emergem histórias inspiradoras e emocionantes. Às vezes, o personagem está ao nosso lado e nem fazemos ideia de sua experiência. É o caso de H., de 16 anos, menor aprendiz na Administração Estadual. Ele passou pelo sistema socioeducativo, que abriga adolescentes em conflito com a lei. Uma vez egresso do sistema, deu um giro de 180 graus nos últimos anos e, hoje, mira uma carreira profissional e se prepara para a paternidade.

H. afirma que essa mudança não é fácil, mas que vale a pena. “Estava acostumado a ter dinheiro, roupa bonita desde cedo, mas conquistados pelo caminho mais curto, errado. Agora leva um mês para ganhar o que fazia em poucas horas, mas vale cada esforço por estar fazendo a coisa certa”, enfatiza.

Ele está entre os jovens beneficiados pelo Programa Estadual de Aprendizagem, realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf). O objetivo é a inserção, prioritariamente, de adolescentes que cumprem medidas socioeducativas de privação e restrição de liberdade nos 19 Centros de Socioeducação (Cense) e nove Casas de Semiliberdade do Paraná e, também, de egressos do Sistema de Atendimento Socioeducativo e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

Pelo programa, foram contratadas três entidades para o recrutamento, seleção, contratação, pagamento, capacitação, acompanhamento e supervisão de Jovens Aprendizes, em atendimento à Lei do Aprendiz (número 10.097/2000), e em conformidade com as condições estabelecidas no Decreto Federal nº 9.579, de 22 de novembro de 2018, portarias e legislações subsidiárias.

As atividades tiveram início em março de 2022 com previsão de término em abril de 2023. O investimento no programa é de quase R$ 7,5 milhões, com verbas oriundas do Fundo da Infância e Adolescência (FIA). São 350 vagas que foram destinadas, especialmente, a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas e, portanto, priorizou-se a oferta das oportunidades em municípios que possuem unidades do sistema. Vagas remanescentes foram direcionadas a egressos e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

MUDANÇA DE VIDA – Participar do Programa Estadual de Aprendizagem impulsionou o jovem H. a uma mudança de vida ainda maior, criando novas perspectivas para o futuro e uma visão de mundo totalmente renovada. Aprendiz dedicado, ele acorda diariamente às 5h40 para ir ao trabalho cumprir sua jornada.

Seu expediente é de meio período, mas não significa ociosidade no resto do dia. “É o tempo de chegar em casa, descansar um pouco e já estudar”, relata. Neste ano, H. concluiu o processo para colocar os estudos em dia. A partir de 2023, ingressa no ensino regular, mirando a preparação para os ciclos de vestibular que terá pela frente em breve.

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EDUCAÇÃO – Assegurar aos adolescentes em conflito com a lei acesso à educação é uma das prioridades do Governo do Paraná. Para isso, existe o Programa de Educação nas Unidades de Socioeducação (Proeduse), realizado pela Sejuf, em parceria com a Secretaria da Educação e do Esporte. O projeto garante a escolarização básica a adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, além de inseri-los na modalidade de ensino mais adequada após o término da passagem pelo sistema.

Os adolescentes atendidos pelo Proeduse estão matriculados em um dos níveis de ensino da educação básica. A modalidade ofertada é a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Aproximadamente 300 profissionais da Secretaria da Educação, entre professores, pedagogos e agentes educacionais, atuam no programa nas unidades socioeducativas do Estado.

DESAFIOS NA PANDEMIA – A pandemia de Covid-19 impôs diversas dificuldades para a execução de programas na área da socioeducação. Naturalmente, também trouxe desafios ao poder público para adaptar ações e direcionar investimentos que contornassem as mudanças exigidas pelo contexto.

Uma ação promovida neste sentido pela Sejuf, por meio do Departamento de Atendimento Socioeducativo (Dease),é o projeto Inovar para Educar, que recebeu um aporte de R$ 986 mil para reestruturar as unidades da rede estadual. O projeto permite a viabilização de outras alternativas e estratégias para a continuidade do processo de formação dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.

Os recursos, oriundos do Fundo da Infância e Adolescência, permitem, por exemplo, a aquisição de mesas, cadeiras, armários, notebooks e periféricos necessários para a ideal utilização dos espaços. Isso significa que centenas de outros jovens que passam ou passarão pelo sistema terão oportunidade de colocar os estudos em dia, assim como H. fez.

OLHAR PARA O FUTURO – “Nunca fui muito de estudar quando era mais novo. Agora estou me dedicando e já concluí até um curso profissionalizante”, disse o jovem, que concluiu uma formação técnica promovida pelo Governo do Estado. O curso despertou o interesse por se qualificar, e H. já pensa, inclusive, em fazer um curso de robótica para aprimorar ainda mais o currículo. Porém, a médio e longo prazo, o sonho é maior e mais ousado.

“Minha vontade real é fazer psicologia”, explica. “Temas como a depressão realmente mexem comigo, é algo muito grave e é um mal silencioso. As pessoas que sofrem disso precisam de alguém para conversar, para desabafar e precisam de acompanhamento profissional. É algo que eu realmente me interesso”, diz o jovem.

VOCAÇÕES – O despertar das vocações profissionais também está no escopo da socioeducação. Recentemente, a Sejuf assinou um projeto-piloto desenvolvido em parceria com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE/PR), que vai possibilitar a adolescentes e jovens que cumprem medidas socioeducativas o acesso a variados cursos.

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Pela parceria, qualificações profissionais e pessoais serão disponibilizadas sem gerar qualquer custo ao Estado. Serão atividades direcionadas em sintonia com as atuais demandas do mercado, voltadas a adolescentes a partir de 14 anos que cumprem medidas socioeducativas nas unidades do Estado.

LAÇOS – A preparação para a vida adulta, que já bate à porta, vai além da vida profissional. Recentemente, H. descobriu que será pai. “No início, o baque foi forte, mas agora já estamos naquele ritmo de sempre comprar algo novo para a bebê quando sobra algum dinheiro, montar o quarto. Até o berço está pronto para receber minha filha”.

O suporte da família neste período de turbulências que H. passou foi fundamental. Pais presentes e afetuosos contribuem muito no processo de ressocialização. “Eu, inclusive, nem queria que minha mãe fosse me visitar. É um constrangimento muito grande passar por revista, por exemplo. Mas ela e meu pai nunca me abandonaram, estiveram sempre ali, me acompanhando e me aconselhando”, relata H., emocionado.

Fortalecer vínculos familiares também é uma ação desenvolvida dentro dos Censes. O projeto Aproximando Famílias permite a aquisição de passagens rodoviárias e municipais para deslocamentos entre a residência e as unidades de socioeducação, para que adolescentes e familiares que residam fora do município-sede das unidades possam fazer visitas semanais.

Tal medida está pautada no direito à convivência familiar, assegurada pelo Artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.090/1990). A iniciativa é contínua e, nos últimos quatro anos, representou uma aplicação de R$ 432 mil oriundos do FIA. Investimento com retorno positivo, uma vez que os laços familiares são essenciais na ressocialização.

“É o primeiro fim de ano que estou passando livre, na companhia da minha família, em muitos anos. Para melhorar ainda mais, vou passar tendo um emprego, estudando, ao lado da minha namorada e da bebê que ela está esperando”, diz, emocionado. E aproveita para deixar uma mensagem a quem passa por situações como as ele vivenciou.

“Não dá para desistir dos sonhos. Sei que cada um tem uma caminhada, e pode parecer difícil que alguém de fora aconselhe uma pessoa nessa situação, porque não sabe a vivência dela, mas eu passei por isso e digo que é muito importante ter força de vontade, foco, para mudar de vida e construir um futuro melhor”, finaliza.

Fonte: Governo do Paraná

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Ganhando o Mundo: últimos intercambistas começam a chegar com mala cheia de experiências

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O Natal será com a família reunida e com diversas histórias para compartilhar para 27 alunos que voltaram do intercâmbio nos Estados Unidos nesta segunda-feira (23), dentro do programa Ganhando o Mundo. Eles desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, onde foram recebidos com muita emoção por pais e familiares depois de quatro meses estudando na América do Norte. Outros alunos devem chegar em janeiro.

Foram mil estudantes de escolas públicas paranaenses que tiveram a oportunidade de realizar um intercâmbio com as despesas pagas pelo Governo do Estado, após uma seleção que envolveu mais de 12 mil candidatos. A edição de 2025 será ainda maior e levará 1,2 mil alunos para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

O chefe do Departamento de Intercâmbios da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Marlon de Campos, destacou que a edição do Ganhando o Mundo deste ano foi um sucesso. “Todo o processo está sendo incrível. Foi o primeiro ano que nós tivemos mil alunos viajando, 950 deles já retornaram no primeiro semestre, e agora o restante está voltando”, ressaltou.

“Eles voltam com uma cabeça completamente mudada, muito mais atenciosos com a sua família, com a sua escola, com o seu espaço. Quando eles viajam e experienciam uma oportunidade tão diferente, não só da língua, mas também cultural e acadêmica, eles ampliam os seus horizontes e isso faz com que se tornem líderes”, acrescentou.

EXPERIÊNCIA DE VIDA — Entre as intercambistas que chegaram nesta segunda-feira está Isabella Parra Hass, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Rio Branco, em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado. Para ela, a principal conquista com o intercâmbio foi tornar-se uma pessoa mais independente. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Vivi coisas que eu nunca imaginaria viver, conheci pessoas incríveis e me tornei uma pessoa tão madura, independente, que eu nunca imaginei que eu conseguiria”, explicou.

Ela conta que pôde vivenciar a cultura americana na prática. “Fui líder de torcida e também gerente do time de basquete feminino. Foi muito legal vivenciar a cultura deles, do esporte, mas mais do que isso, saber que você consegue fazer algo quando realmente se quer muito. Uma oportunidade incrível que nunca imaginei que poderia ter e que graças ao Ganhando o Mundo consegui realizar um dos meus maiores sonhos”, disse, com os olhos ainda com lágrimas após encontrar os pais.

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A família viajou cerca de 350 quilômetros para receber a filha, pouco para uma distância que já foi continental. “A gente viveu junto esse intercâmbio. Ela lá e eu acompanhando daqui, nos falando todos os dias, dando força nas horas das dificuldades e sorrindo, acreditando que tudo ia dar certo”, afirmou Maria Inez Parra Hass, mãe de Isabella.

“Agradeço ao Governo do Estado por esse intercâmbio, por esse projeto. Ela gostou muito da escola, construiu muitas amizades, foi muito bem recebida pela família e agora esse presente de Natal que estamos está recebendo com a chegada dela”.

Para Pedro Moreira Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha de Itaipu, no Oeste, o que mais lhe chamou sua atenção foi a cultura do esporte nos colégios americanos. “Eu não teria oportunidade de fazer um intercâmbio se não fosse por esse programa, para estudar numa verdadeira high school. Uma das coisas mais legais foi o esporte que pratiquei, participando do time de futebol americano, que foi incrível, e um pouco de wrestling”, ressaltou.

Outro destaque foi o aprimoramento da língua. “O meu inglês melhorou muito, o que vai me ajudar a ter um bom emprego. Fora isso, aprendi coisas novas, como comidas típicas de lá e que vou cozinhar para a minha família, além da neve, porque lá é bem gelado”, disse.

A mãe de Pedro, Katyussa Maiara Moreira, contava os minutos para chegada do filho, acompanhada do marido e da filha mais nova. “Começa a bater aquela ansiedade. A gente fala que não vai ficar nervosa, mas não tem como. É um orgulho como mãe saber que ele conquistou isso, que chegou onde chegou e só tenho muito a agradecer a Deus e ao Governo do Estado”, salientou.

“Ele se desenvolveu muito bem. No começo foi difícil, mas todo dia conversava com ele pelo WhatsApp, então estava longe, mas perto ao mesmo tempo. E agora ter ele aqui junto no Natal, poder passar o Ano-Novo era uma coisa que a gente queria muito”, celebrou o pai, Rodimar Silva.

Quem também vai ter muita história para contar é Amanda Samiria, de 16 anos, do Colégio Estadual Joaquim de Oliveira Franco, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela foi recebida pelos pais e amigos no saguão do aeroporto. “Ao mesmo tempo que apertava o coração, eu sabia que aquilo ia ser para o meu bem. Toda a independência, maturidade e responsabilidade que eu ganhei com esse programa foi incrível, uma oportunidade de estar vivendo em um outro país, de morar com uma outra família, com uma cultura totalmente diferente da minha”, comentou.

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“Ao mesmo tempo que o coração está apertado por eu ter deixado minha segunda família lá nos Estados Unidos, também está muito alegre de reencontrar todo mundo, de ver o quanto eu sou amada aqui e o quanto tudo valeu a pena. Já tenho planos para compartilhar tudo o que eu aprendi, que eu não vou deixar só para mim, mas sim dividir com os outros, contar como foi a minha experiência para inspirar outras pessoas a também participarem”, acrescentou.

GANHANDO O MUNDO – Iniciado como projeto-piloto em 2022, o Ganhando o Mundo levou 100 estudantes para o Canadá, na América do Norte, naquele ano. Na segunda edição, outros 100 alunos tiveram a experiência de conhecerem uma outra cultura, desta vez com destino a Nova Zelândia, na Oceania.

Em 2023, o programa passou a incluir professores, com 96 docentes enviados para o Canadá e a Finlândia, países referências em educação. No mesmo ano, mais 40 alunos estudaram por um semestre letivo na França. Já em 2024, o número de intercambistas cresceu dez vezes, chegando a mil alunos que viajaram para países de língua inglesa, como Canadá, Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Além disso, 100 diretores de colégios estaduais embarcaram no meio do ano para um intercâmbio de duas semanas no Chile.

A próxima edição, em 2025, será ainda maior. Mais de 1,2 mil alunos da rede estadual terão como destino cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para Iowa, nos Estados Unidos, estado líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais pólos agrícolas do mundo).

Fonte: Governo PR

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