Uma tecnologia de geoprocessamento desenvolvida na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) movimenta, desde a terça-feira (25), o Smart City Expo Curitiba, que está entre os principais eventos realizados na área de cidades inteligentes da América. Denominado WebGIS, o projeto é uma das atrações do Governo do Estado no espaço Paraná Mais Ciência, organizado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A programação do evento, que reúne milhares de participantes de diferentes países, termina nesta quinta-feira (27).

A iniciativa acadêmica nasceu no ano passado no Curso de Geografia do câmpus da Unioeste em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado, e conta com financiamento de R$ 871,5 mil. Desse montante, R$ 661,7 mil, são do Fundo Paraná, dotação orçamentária administrada pela Seti para o fomento científico e tecnológico no estado. O restante do aporte foi realizado com recursos próprios da instituição estadual de ensino superior.

Cerca de 80% do total foi aplicado na aquisição de equipamentos e software. A outra parte será destinada para o custeio de bolsas-auxílio.

Os visitantes do Smart City conheceram o potencial dessa inovação para auxiliar técnicos e gestores públicos municipais em decisões mais assertivas e sustentáveis, e otimizar o planejamento territorial, a infraestrutura urbana e a gestão ambiental. Com as aplicações de inteligência geográfica, os dados ganham vida em painéis interativos (informativo, operacional, tático e estratégico) e podem ajudar em várias áreas, como na oferta de serviços públicos e em estratégias de segurança pública, por exemplo.

Segundo a coordenadora do WebGIS, professora Elaiz Aparecida Mensch Buffon, o projeto transforma dados institucionais em informações estratégicas por meio de mapeamento georreferenciado. “Utilizamos dados já disponíveis na universidade e os integramos à plataforma, apresentando-os em painéis interligados a mapas, o que permite visualizar a distribuição geográfica e as relações espaciais dos dados, estabelecendo bases para decisões mais assertivas e gestão eficiente dos recursos”, destaca a docente, que é vinculada ao Departamento de Geografia da Unioeste.

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Na prática, essa tecnologia possibilita o mapeamento e a análise de dados geoespaciais baseados em nuvem, a partir de um sistema de informações geográficas, também conhecido como GIS (sigla em inglês para Geographic Information System). Além da graduação em Geografia do câmpus de Francisco Beltrão, o projeto acadêmico envolve professores e estudantes de Engenharia Agrícola e Ciência da Computação, dos câmpus da Unioeste em Cascavel e Foz do Iguaçu, respectivamente.

Doutora em Geografia, a professora Elaiz Buffon enfatiza a importância da transformação digital na gestão pública municipal. “O projeto capacita as prefeituras para utilizar o sistema GIS de forma prática, convertendo mapas em ferramentas de análise, pois atualmente esses recursos não são explorados como bases de dados, mostrando na prática como interpretar informações geoespaciais e realizar monitoramentos em tempo real”, afirma a especialista.

Ao longo de três dias de programação do Smart City Expo Curitiba, mais de cem pessoas do Brasil e de outros países da América do Sul, como Argentina, Chile e Peru, buscaram informações sobre a solução inovadora no espaço Paraná Mais Ciência. Entre os interessados estão profissionais de Contagem, em Minas Gerais, São José dos Campos, em São Paulo, e Tangará da Serra, no Mato Grosso; além de representantes de municípios de várias regiões do Paraná, como Curitiba, Colombo, Pinhão, Pinhais e Quedas do Iguaçu.

SOLUÇÃO INTELIGENTE – Na quarta-feira (26), a professora Elaiz Buffon apresentou no estande do Governo do Estado casos reais de aplicação do WebGIS em prefeituras brasileiras. Durante a demonstração prática, mostrou como a plataforma transforma dados geoespaciais em ferramentas para o setor público e a gestão municipal integrada, com monitoramento em tempo real e painéis adaptáveis às necessidades de cada cidade.

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O GIS é uma tecnologia que combina mapas digitais com bancos de dados. Ele permite visualizar, analisar e interpretar informações geográficas de maneira integrada – desde o endereço de um equipamento público até dados complexos, como mudanças no uso do solo. A ferramenta transforma coordenadas e estatísticas em mapas inteligentes que revelam padrões e relações espaciais. O WebGIS coloca esse sistema à disposição na nuvem, utilizando plataformas de código aberto para tornar o geoprocessamento acessível às prefeituras.

CIÊNCIA APLICADA – O espaço Paraná Mais Ciência reúne outras iniciativas desenvolvidas no âmbito do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia do Paraná. É o caso de uma solução tecnológica para substituir o gesso na construção civil, resultado de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Em 2024, o projeto foi um dos finalistas do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), e contou com aporte de R$ 200 mil da Seti.

Os visitantes do estande podem conferir, ainda, o resultado de uma pesquisa que produz um isolante térmico a partir do bagaço de mandioca. A solução inovadora propõe a substituição da lã de vidro, um componente sintético comumente utilizado em paredes, forros, lajes, telhados e pisos. O projeto foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Unioeste, no câmpus de Toledo. A pesquisa também foi finalista da edição do Prime 2024 e recebeu recursos financeiros para o desenvolvimento da ideia.

Outra ação apresentada durante o evento é o Escritório de Projetos Executivos de Engenharia e Arquitetura (Projetek), um programa coordenado pela Seti que auxilia municípios paranaenses de pequeno porte, com população de até 30 mil habitantes, na elaboração de projetos de obras públicas utilizando a tecnologia BIM (Building Information Modeling ou Modelagem de Informações da Construção).

As unidades do Projetek estão nos câmpus das sete universidades estaduais e já beneficiaram 64 cidades com a entrega de 88 projetos, o que representa uma economia superior a R$ 4,2 milhões para os cofres públicos municipais. Atualmente, outros 45 projetos estão em desenvolvimento.

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O Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná (Separtec) é mais uma iniciativa presente no espaço Paraná Mais Ciência. O Separtec atua no credenciamento de ambientes de inovação, como pré-requisito para a aplicação de recursos públicos conforme a Política Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Pecti). São 490 ambientes credenciados em 65 cidades do Paraná, entre parques tecnológicos, incubadoras, núcleos de inovação tecnológica, entre outros.

Outras cinco empresas de base tecnológica, apoiadas pela Fundação Araucária e pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), promovem serviços relacionados a processamento de dados, energia limpa, crédito de carbono e qualidade da água. A Fundação Araucária apresenta, ainda, arranjos de pesquisas e inovação nas áreas de sustentabilidade, meio ambiente, energia renovável, entre outros que contribuem para cidades inteligentes.

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SMART PARANÁ – A programação de atividades do Smart Paraná, no estande do Governo do Estado, também abrange ações da Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI) e da Secretaria da Cultura (Seec), além de outras instituições, como Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR); Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar); Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar); e Companhia Paranaense de Energia (Copel).

Fonte: Governo PR