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Aluna de 36 anos com Síndrome de Down dá lição de solidariedade em instituição parceira do Estado

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Alteração genética descrita pela literatura médica há mais de 150 anos e tratada como “síndrome” desde 1958, a Síndrome de Down é uma condição que afeta uma entre mil crianças nascidas em todo o mundo. Até então, erroneamente, a condição era descrita como doença. Por esse motivo, tendo em vista difundir informações e chamar a atenção para a questão, foi instituído o Dia Mundial da Síndrome de Down, celebrado em 21 de março.

Muito além do olhar sobre a limitação, a data serve também como oportunidade para revelar histórias de superação vivenciadas por pessoas com deficiência. São relatos e experiências que mostram que respeito, dignidade e autonomia podem ser conquistados por todos, independentemente dos obstáculos físicos ou cognitivos. Para tanto, o apoio de bons profissionais pedagógicos, da saúde, além da própria família, é essencial.

A curitibana Cristiane da Luz Rangel tem 36 anos e nasceu com Down. O diagnóstico foi confirmado pelo neuropediatra logo no primeiro mês de vida. Para a mãe, a servidora pública Elany Rosa dos Santos, 61, a notícia foi recebida com apreensão. “Por não ter informações suficientes sobre a condição, na época levei um susto. Pensei que ela seria totalmente dependente de mim para tudo e pelo resto da vida”, recorda.

Como a maioria dos pais de crianças com deficiência, o primeiro impulso de Elany foi o de “blindar” a filha. “Quando soube que ela tinha Down eu não quis mandar para a escola. Pedi demissão do trabalho e ficávamos em casa em tempo integral. Eu achava que meu dever era isolá-la, evitando que sofresse preconceito por conta das limitações”, conta.

Foi a partir da recomendação de profissionais da saúde que Elany mudou de ideia. “Quem me alertou foi o psicoterapeuta. Ele disse que a socialização era fundamental para que a Cristiane se desenvolvesse intelectualmente e socialmente. Até então, eu achava que seria impossível que ela – algum dia – conquistasse autonomia para fazer as próprias escolhas”, relata.

Mal imaginava a mãe que, 36 anos mais tarde, Cristiane de fato alcançaria independência a ponto de se locomover sozinha pelo transporte público da cidade e, voluntariamente, trabalhar em prol de pessoas com deficiência, dando apoio aos pedagogos e professores da Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (FEPE), instituição parceira da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR), que atualmente atende 214 alunos, dos quais 12 têm síndrome de Down. Foi lá onde ela própria estudou durante grande parte da vida.

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Joçana Bortotti é diretora da escola Juril Carnascialli, em Curitiba, setor da Fundação que atende alunos a partir dos 12 anos. “Me lembro de quando a Cristiane veio pela primeira vez. Ela era pré-adolescente, bastante tímida, retraída e não interagia com os colegas. Como a maioria das pessoas com Down, ela tinha rompantes de irritação e, por isso, o período de adaptação durou alguns meses, até que ela se sentisse confortável”, conta.

Segundo a diretora, a resistência de Cristiane ao convívio inicial logo foi substituída por verdadeira paixão pela escola — resultado da insistência de Elany, que estimulou a filha a comparecer às aulas, “fizesse chuva ou sol”, segundo disse ela própria. “Eu sabia que a única maneira de ela alcançar autonomia e se desenvolver era frequentando a escola. Por isso, não tinha desculpa para faltar. No fim ela gostou tanto que nunca mais saiu”, brinca.

LIÇÃO PARA A VIDA – Muitos supõem que um adulto de 36 anos já não tem mais nada a aprender. Cristiane prova o contrário. Segundo a pedagoga da FEPE, Jucimara Ziolkoski, que a acompanhou durante boa parte da sua trajetória escolar, Cristiane de fato atingiu nível estável em termos de alfabetização, porém, a frequência às aulas é o que garante a manutenção da socialização e também do desenvolvimento de novas habilidades.

“Hoje ela participa de atividades na horta e tem aulas de artesanato. São atividades alternativas que contribuem muito para a manutenção da sua saúde mental”, explica a pedagoga.

Jucimara conta que a rotina de Cristiane na Fundação foi, ao longo do tempo, despertando na aluna o senso de coletividade. “Se antes ela não interagia com os colegas, hoje virou praticamente uma ‘auxiliar’ dos pedagogos. Cristiane nos ajuda no diálogo com os demais alunos e também cuida deles. Ela auxilia na alimentação dos colegas com maiores comprometimentos físicos, conversa com eles e é muito carinhosa. Isso impacta diretamente na resposta dos demais que, perto dela, sentem-se acolhidos”, revela.

“Acordo cedo”, conta Cristiane quando perguntada sobre o dia a dia na Fundação. “Pego o ônibus sozinha e antes das 7 horas já estou ajudando a arrumar as cadeiras para a recepção dos alunos, que acontece todos os dias”, afirma. Bem-humorada, ela revela que, nos últimos 23 anos, o número de dias nos quais faltou às aulas não chegam a fechar uma mão. “Eu já me perdi no caminho, já até fui assaltada no ônibus vindo para cá. Mesmo assim não faltei”, conta, orgulhosa.

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Fã de música, televisão e da atriz Larissa Manoela, Cristiane destaca que suas atividades prediletas são escrever cartas e mandar mensagens pelo celular para os amigos. Movimentos que, graças à persistência de Elany e da equipe de professores e pedagogos, hoje, tornam muito melhor a vida de Cristiane.

“Isso é resultado direto do estímulo da mãe, que colocou a autonomia da filha à frente da deficiência. Hoje ela colhe os resultados e percebe na prática o quanto valeu a pena enfrentar o preconceito, os julgamentos e rótulos que a sociedade insiste em impor sobre as pessoas com síndrome de Down. Pura desinformação, afinal, tudo de melhor que podemos receber de alguém: amizade, alegria, carinho e fidelidade, eles oferecem em dobro”, finaliza Jucimara.

ATENDIMENTOS – Atualmente, mais de 42 mil pessoas são atendidas nas 400 instituições da sociedade civil sem fins lucrativos mantenedoras de escolas de Educação Básica na modalidade de educação especial, de Centros de Atendimento Educacional Especializados e de escolas para surdos e/ou cegos. Essas entidades são parceiras da Seed/PR, que repassa a elas verbas para despesas, investimentos e destinadas à folha de funcionários. Em algumas delas a própria Secretaria contrata os profissionais.

Tais entidades priorizam o desenvolvimento de atividades educacionais adequadas às necessidades de cada público. As instituições oferecem atendimento a deficientes visuais, auditivos, físico-motores e estudantes com deficiência intelectual, múltiplas deficiências e transtornos globais do desenvolvimento.

Em julho de 2021, um termo de colaboração do Governo do Estado com as entidades parceiras previa o investimento de R$ 432,3 milhões no ciclo de 18 meses que começou em 1º de agosto de 2021 e foi até o fim de janeiro de 2023.

No fim de 2022, um aditivo orçamentário de R$ 22,3 milhões foi acrescentado no atual termo de colaboração em vigência com as APAEs e coirmãs, para fim de reequilíbrio financeiro das parceiras, em virtude do aumento do custo na oferta de escolarização e do Atendimento Educacional Especializado para estudantes com deficiências, múltiplas deficiências e transtornos globais do desenvolvimento.

Entre 1° de fevereiro e 31 de julho de 2023, novo aditivo entrou em vigor. O valor do repasse gira em torno de R$ 200 milhões para esse período de seis meses.

Fonte: Governo do Paraná

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Ganhando o Mundo: últimos intercambistas começam a chegar com mala cheia de experiências

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O Natal será com a família reunida e com diversas histórias para compartilhar para 27 alunos que voltaram do intercâmbio nos Estados Unidos nesta segunda-feira (23), dentro do programa Ganhando o Mundo. Eles desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, onde foram recebidos com muita emoção por pais e familiares depois de quatro meses estudando na América do Norte. Outros alunos devem chegar em janeiro.

Foram mil estudantes de escolas públicas paranaenses que tiveram a oportunidade de realizar um intercâmbio com as despesas pagas pelo Governo do Estado, após uma seleção que envolveu mais de 12 mil candidatos. A edição de 2025 será ainda maior e levará 1,2 mil alunos para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

O chefe do Departamento de Intercâmbios da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Marlon de Campos, destacou que a edição do Ganhando o Mundo deste ano foi um sucesso. “Todo o processo está sendo incrível. Foi o primeiro ano que nós tivemos mil alunos viajando, 950 deles já retornaram no primeiro semestre, e agora o restante está voltando”, ressaltou.

“Eles voltam com uma cabeça completamente mudada, muito mais atenciosos com a sua família, com a sua escola, com o seu espaço. Quando eles viajam e experienciam uma oportunidade tão diferente, não só da língua, mas também cultural e acadêmica, eles ampliam os seus horizontes e isso faz com que se tornem líderes”, acrescentou.

EXPERIÊNCIA DE VIDA — Entre as intercambistas que chegaram nesta segunda-feira está Isabella Parra Hass, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Rio Branco, em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado. Para ela, a principal conquista com o intercâmbio foi tornar-se uma pessoa mais independente. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Vivi coisas que eu nunca imaginaria viver, conheci pessoas incríveis e me tornei uma pessoa tão madura, independente, que eu nunca imaginei que eu conseguiria”, explicou.

Ela conta que pôde vivenciar a cultura americana na prática. “Fui líder de torcida e também gerente do time de basquete feminino. Foi muito legal vivenciar a cultura deles, do esporte, mas mais do que isso, saber que você consegue fazer algo quando realmente se quer muito. Uma oportunidade incrível que nunca imaginei que poderia ter e que graças ao Ganhando o Mundo consegui realizar um dos meus maiores sonhos”, disse, com os olhos ainda com lágrimas após encontrar os pais.

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A família viajou cerca de 350 quilômetros para receber a filha, pouco para uma distância que já foi continental. “A gente viveu junto esse intercâmbio. Ela lá e eu acompanhando daqui, nos falando todos os dias, dando força nas horas das dificuldades e sorrindo, acreditando que tudo ia dar certo”, afirmou Maria Inez Parra Hass, mãe de Isabella.

“Agradeço ao Governo do Estado por esse intercâmbio, por esse projeto. Ela gostou muito da escola, construiu muitas amizades, foi muito bem recebida pela família e agora esse presente de Natal que estamos está recebendo com a chegada dela”.

Para Pedro Moreira Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha de Itaipu, no Oeste, o que mais lhe chamou sua atenção foi a cultura do esporte nos colégios americanos. “Eu não teria oportunidade de fazer um intercâmbio se não fosse por esse programa, para estudar numa verdadeira high school. Uma das coisas mais legais foi o esporte que pratiquei, participando do time de futebol americano, que foi incrível, e um pouco de wrestling”, ressaltou.

Outro destaque foi o aprimoramento da língua. “O meu inglês melhorou muito, o que vai me ajudar a ter um bom emprego. Fora isso, aprendi coisas novas, como comidas típicas de lá e que vou cozinhar para a minha família, além da neve, porque lá é bem gelado”, disse.

A mãe de Pedro, Katyussa Maiara Moreira, contava os minutos para chegada do filho, acompanhada do marido e da filha mais nova. “Começa a bater aquela ansiedade. A gente fala que não vai ficar nervosa, mas não tem como. É um orgulho como mãe saber que ele conquistou isso, que chegou onde chegou e só tenho muito a agradecer a Deus e ao Governo do Estado”, salientou.

“Ele se desenvolveu muito bem. No começo foi difícil, mas todo dia conversava com ele pelo WhatsApp, então estava longe, mas perto ao mesmo tempo. E agora ter ele aqui junto no Natal, poder passar o Ano-Novo era uma coisa que a gente queria muito”, celebrou o pai, Rodimar Silva.

Quem também vai ter muita história para contar é Amanda Samiria, de 16 anos, do Colégio Estadual Joaquim de Oliveira Franco, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela foi recebida pelos pais e amigos no saguão do aeroporto. “Ao mesmo tempo que apertava o coração, eu sabia que aquilo ia ser para o meu bem. Toda a independência, maturidade e responsabilidade que eu ganhei com esse programa foi incrível, uma oportunidade de estar vivendo em um outro país, de morar com uma outra família, com uma cultura totalmente diferente da minha”, comentou.

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“Ao mesmo tempo que o coração está apertado por eu ter deixado minha segunda família lá nos Estados Unidos, também está muito alegre de reencontrar todo mundo, de ver o quanto eu sou amada aqui e o quanto tudo valeu a pena. Já tenho planos para compartilhar tudo o que eu aprendi, que eu não vou deixar só para mim, mas sim dividir com os outros, contar como foi a minha experiência para inspirar outras pessoas a também participarem”, acrescentou.

GANHANDO O MUNDO – Iniciado como projeto-piloto em 2022, o Ganhando o Mundo levou 100 estudantes para o Canadá, na América do Norte, naquele ano. Na segunda edição, outros 100 alunos tiveram a experiência de conhecerem uma outra cultura, desta vez com destino a Nova Zelândia, na Oceania.

Em 2023, o programa passou a incluir professores, com 96 docentes enviados para o Canadá e a Finlândia, países referências em educação. No mesmo ano, mais 40 alunos estudaram por um semestre letivo na França. Já em 2024, o número de intercambistas cresceu dez vezes, chegando a mil alunos que viajaram para países de língua inglesa, como Canadá, Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Além disso, 100 diretores de colégios estaduais embarcaram no meio do ano para um intercâmbio de duas semanas no Chile.

A próxima edição, em 2025, será ainda maior. Mais de 1,2 mil alunos da rede estadual terão como destino cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para Iowa, nos Estados Unidos, estado líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais pólos agrícolas do mundo).

Fonte: Governo PR

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