Mesmo com o clima de incerteza gerado pelas “Trumpalhadas”, o mercado da soja no Brasil teve uma das melhores semanas do ano. Os produtores brasileiros estão comemorando vendas expressivas, preços elevados e uma forte demanda internacional, especialmente da China.
De acordo com o novo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado nesta quinta-feira (10.04), o cenário global da soja teve poucas alterações. A estimativa de produção nos Estados Unidos foi mantida em 118,84 milhões de toneladas, sem mudanças em relação ao mês de março. Mas, apesar da estabilidade nos números, o mercado reagiu com vigor — e o Brasil foi o grande beneficiado.
Somente nesta semana, o Brasil vendeu cerca de 5,5 milhões de toneladas de soja, sendo a maior parte destinada à China. Essa movimentação intensa no comércio exterior ocorre justamente em um momento em que a tensão entre os chineses e os americanos aumenta, abrindo espaço para o produto brasileiro ganhar terreno.
A safra 2024/25 já conta com quase 100 milhões de toneladas comercializadas, número que mostra a velocidade e o apetite do mercado. Além disso, cerca de 2,5 milhões de toneladas da nova safra também foram negociadas nos últimos dias, mostrando que o produtor está aproveitando o bom momento para garantir bons preços.
Segundo analistas, os preços da soja subiram cerca de R$ 10,00 por saca, atingindo as melhores cotações do ano até agora. Nos portos, os valores variaram entre R$ 145,00 e R$ 148,00, dependendo das condições de pagamento e prazos de entrega.
Essa alta foi sustentada por uma combinação de fatores muito favoráveis:
- Dólar em alta, que aumenta a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional;
- Prêmios de exportação ainda positivos, apesar de algum recuo nas últimas semanas;
- Alta nas cotações da soja na Bolsa de Chicago, impulsionando ainda mais os preços internos.
No mesmo relatório, o USDA reduziu em 1,3% a estimativa para os estoques finais de soja nos Estados Unidos, agora projetados em 10,21 milhões de toneladas. A redução é vista com bons olhos por analistas e investidores, já que pode indicar uma demanda mais firme do que o esperado.
Para o Brasil, o USDA manteve a estimativa de colheita em 169 milhões de toneladas e as exportações em 105,5 milhões. Já os estoques finais brasileiros subiram 2,5%, passando para 32,31 milhões de toneladas — um sinal de que a oferta ainda é robusta, mesmo com o ritmo acelerado de vendas.
No cenário internacional, o USDA manteve a projeção da safra mundial de soja em 420,58 milhões de toneladas para o ciclo 2024/25, sem mudanças em relação ao mês anterior. A exportação global teve um leve crescimento de 0,1%, chegando a 182,12 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais subiram 0,9%, para 122,47 milhões de toneladas.
Segundo analistas, o relatório de abril já era esperado como “morno”, sem grandes surpresas. A expectativa agora fica por conta do próximo relatório, em maio, que deve trazer as primeiras estimativas para a safra 2025/26, especialmente nos Estados Unidos. Esse sim, poderá movimentar com mais força os preços e as decisões de venda.
O momento atual é de otimismo para o produtor de soja no Brasil. As condições externas — com o dólar valorizado, a guerra comercial entre potências e o bom desempenho na Bolsa de Chicago — jogam a favor do setor. As vendas seguem aquecidas, os preços estão em alta e o apetite da China continua firme.
Apesar disso, é importante manter os pés no chão e acompanhar os próximos movimentos do mercado internacional, especialmente o que virá no relatório de maio do USDA. Enquanto isso, quem já garantiu bons negócios pode comemorar: a soja brasileira segue valorizada e com demanda crescente.
Fonte: Pensar Agro