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Mercado agrícola inicia 2024 com otimismo, apesar dos desafios climáticos

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O Brasil, um dos maiores produtores agrícolas do mundo, lidera as exportações globais de soja, milho, açúcar, café, suco de laranja e carnes bovina e de frango. Esses produtos não apenas são fundamentais para as economias regionais, mas também contribuem para um saldo positivo na balança comercial brasileira.

Tudo leva o mercado a iniciar 2024 com otimismo, apesar dos desafios que vieram com as incertezas climáticas, a busca crescente por práticas sustentáveis, inovação e diversificação.

Após um período de picos de preços, os valores dos insumos agrícolas começaram a declinar no segundo semestre de 2023. Isso impactou positivamente o custo de produção na safra anterior e prevê-se que se mantenha em níveis mais acessíveis no futuro próximo. Os preços mais baixos dos insumos podem impactar as margens de produção da soja e do milho.

Insumos mais acessíveis estão gerando uma maior pressão sobre os preços da soja e do milho, enquanto beneficiam o setor de proteínas. O relatório “Perspectivas para o agronegócio brasileiro – 2024”, lançado recentemente pela equipe de analistas do Rabobank Brasil – banco de atuação global especializado em soluções financeiras e estratégicas para o agronegócio -, destaca essas tendências. Há previsões positivas para produtores de açúcar, café e laranja, mas o ano vindouro exigirá cautela e uma gestão financeira cuidadosa no campo, especialmente diante de incertezas climáticas causadas pelo El Niño e desafios logísticos persistentes.

INSUMOS – Após os picos de preços decorrentes das repercussões negativas da pandemia nos agroquímicos e da situação na Ucrânia afetando os fertilizantes, os valores praticados no mercado brasileiro começaram a declinar no segundo semestre do ano anterior. Isso resultou em uma redução nos custos de produção na agricultura durante a safra 2022/23, e espera-se que se estabilizem em níveis mais baixos no próximo período.

De acordo com o analista Bruno Fonseca, os custos de adubação das lavouras de grãos caíram em média 36% nesta safra 2023/24, enquanto as entregas desses insumos pelas indústrias aos clientes finais estão se recuperando em comparação ao ano passado. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) registrou um aumento de 10,4% no volume entregue, atingindo 28,6 milhões de toneladas de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período de 2022.

As projeções do Rabobank indicam que, no ano de 2023 como um todo, as entregas devem chegar a 43,9 milhões de toneladas, ante 41,1 milhões no ano anterior, com tendência de subir para cerca de 45 milhões em 2024. No entanto, Fonseca observa que, embora os agroquímicos também apresentem queda nos preços, as margens de produção de soja e milho podem ficar mais estreitas, já que os valores desses grãos também estão em declínio.

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GRÃOS – O setor da soja, principal destaque do agronegócio brasileiro, enfrentou uma safra recorde em 2023, levando a uma queda nos preços. Isso causou turbulência na comercialização, ampliando os gargalos logísticos e prejudicando a venda do milho safrinha, além de gerar competição por espaço nos armazéns e nos portos, incluindo com o açúcar.

Segundo a analista Marcela Marini, com uma boa colheita nos EUA e a expectativa de outra safra recorde no Brasil, espera-se que a oferta global atinja 400 milhões de toneladas na temporada 2023/24, o que pressiona os preços, dada uma demanda relativamente estável.

Para a indústria processadora, a elevação da mistura obrigatória do biodiesel no diesel vendido no país é uma boa notícia. Em abril, essa mistura subiu de 10% para 12%, com previsão de aumento para 13% no início do próximo ano.

No caso do milho, o foco no Brasil está na safrinha, cujo plantio pode ser adiado em algumas regiões produtoras se a colheita da soja se prolongar, devido ao atraso no plantio devido a condições climáticas desfavoráveis. Os baixos preços, menos rentáveis do que os da soja, também desmotivaram os produtores.

O Rabobank estima que a produção total de milho (primeira e segunda safras) chegará a 127 milhões de toneladas em 2023/24, uma redução de 5% em relação a 2022/23. A demanda aumentará para ração e etanol, o que pode sustentar os preços domésticos em relação às cotações internacionais, mesmo com a oferta global confortável e reconstrução de estoques nos EUA.

PROTEÍNAS – As cadeias de carnes bovina, suína e de frango podem encontrar crescimento em 2024 com a recuperação da demanda chinesa, segundo o analista Wagner Yanaguizawa. A desaceleração da queda observada em 2023 traz sinais promissores para o próximo ano, principalmente no setor de alimentação fora do lar. A China é o principal destino das exportações brasileiras de proteínas animais.

No mercado de carne bovina, as chuvas do El Niño podem beneficiar os produtores, permitindo que os animais permaneçam mais tempo no pasto e aumentando seu poder de negociação com os frigoríficos. Ao mesmo tempo, a limitação da oferta nos EUA abre espaço para mais exportações dos frigoríficos brasileiros, embora a Austrália surja como um concorrente com maior oferta disponível.

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No segmento de aves e suínos, a queda nos preços dos grãos nos últimos meses reduziu os custos, impulsionando as exportações em 2023, enquanto o mercado interno apresenta sinais de recuperação. No entanto, na área de aves, a questão sanitária é crucial. O Brasil, sem registro de casos de gripe aviária em granjas comerciais, ganhou terreno no mercado internacional em comparação com países afetados. Portanto, a orientação é manter a vigilância e investir em prevenção.

AÇÚCAR, CAFÉ E LARANJA – No setor sucroalcooleiro, o açúcar continua sendo o destaque. As cotações da commodity estão altas, principalmente devido à redução das exportações da Índia e Tailândia. Para a safra 2023/24, as usinas brasileiras estão maximizando a produção de açúcar com o máximo possível de caldo de cana.

O analista Andy Duff prevê poucas mudanças nesse cenário. No entanto, problemas logísticos, competição com grãos e condições climáticas como chuvas podem aumentar os custos. O etanol, por sua vez, pode ser afetado pelos efeitos das disputas no Hemisfério Norte nos preços do petróleo, já que em 2023 a rentabilidade do biocombustível para as usinas brasileiras foi inferior à do açúcar.

Para os produtores de café, embora a oferta esteja aumentando no Brasil e na Colômbia, o relatório do Rabobank indica uma possível ampliação da demanda. Os preços estão em queda tanto no mercado internacional quanto no nacional este ano, mas as exportações brasileiras devem crescer nos próximos meses.

O analista Guilherme Morya também aponta para o El Niño, que pode causar problemas para as plantações de café robusta no Brasil e em outras regiões, mas pode fornecer algum suporte adicional aos preços. Especificamente no Brasil, a preocupação com a logística persiste, com escassez de caminhões e contêineres.

Quanto ao suco de laranja, as perspectivas são positivas para os preços internacionais, já que estão em níveis recordes devido à redução na oferta da Flórida e ao declínio nos estoques do produto brasileiro. Embora a demanda global tenha se estabilizado após o período crítico da pandemia, não há previsão de queda nos preços, tanto nos EUA quanto na Europa, de acordo com o analista Andrés Padilla.

Fonte: Pensar Agro

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Algodão volta a crescer no Paraná e reforça liderança do Brasil no mercado mundial

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Depois de anos praticamente fora do mapa da cotonicultura, o Paraná está voltando a produzir algodão em pluma e reacendendo um ciclo que já foi símbolo de força agrícola no Estado. Quem se lembra das décadas de 1980 e 1990 sabe: o Paraná já foi o líder nacional na produção da fibra. Mas com o passar do tempo, a infestação do bicudo-do-algodoeiro, o avanço da soja e dificuldades econômicas acabaram derrubando a cultura.

Agora, o cenário é de esperança e retomada. A Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar) lançou um projeto para incentivar o plantio de algodão e recuperar a importância da pluma na região. Para a safra 2024/25, a área plantada no Estado deve chegar a 1,8 mil hectares, segundo estimativas da Conab. Pode parecer pouco, mas o plano é ambicioso: a meta da Acopar é atingir 60 mil hectares nos próximos anos.

Entre os fatores que tornam essa retomada promissora está o menor custo de produção no Paraná, quando comparado a outras regiões produtoras. O clima mais ameno em certas áreas, o uso mais eficiente de insumos e a proximidade com portos e centros industriais ajudam a melhorar a competitividade da pluma paranaense.

Outro ponto a favor é o avanço tecnológico. Com sementes mais resistentes, maquinário moderno e práticas de manejo mais sustentáveis, os produtores têm hoje condições muito melhores do que nas décadas passadas para lidar com pragas como o bicudo e obter bons rendimentos.

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Brasil na liderança mundial – O momento não poderia ser mais favorável. O Brasil é, desde 2024, o maior exportador de algodão do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. O setor cresceu nos últimos anos com base em três pilares: tecnologia, qualidade e rentabilidade. A produção brasileira de pluma aumentou pelo terceiro ano seguido em 2023 e segue firme em 2024.

Na safra 2023/24, o Brasil cultivou 1,9 milhão de hectares de algodão, com uma produção estimada em 3,7 milhões de toneladas de pluma. A produtividade média ficou em 1,8 tonelada por hectare, e o principal destino da exportação foi a China, um mercado exigente que reconhece a qualidade da fibra brasileira.

Os principais estados produtores continuam sendo Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul, mas o avanço do Paraná mostra que o mapa do algodão pode voltar a se expandir.

Um pouco da história – O ciclo do algodão no Brasil começou no século 18, especialmente no Nordeste. Durante os séculos XVIII e XIX, o país chegou a ser um dos maiores fornecedores do mundo. Mas nas décadas de 1980 e 1990, a cultura foi gravemente afetada pelo bicudo-do-algodoeiro, uma praga devastadora que levou muitos produtores a abandonarem o cultivo.

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Com o tempo, o setor se reorganizou, investiu pesado em pesquisa, controle biológico e práticas sustentáveis, e reconquistou espaço no mercado internacional.

A iniciativa da Acopar é vista com entusiasmo por técnicos, agrônomos e produtores. A retomada do algodão no Paraná representa não só diversificação da produção agrícola, mas também mais opções de renda para o campo, geração de empregos e incremento para a indústria têxtil regional.

Além disso, a cotonicultura permite o uso racional da área agrícola, com sistemas de rotação de culturas que ajudam a preservar o solo e controlar pragas de forma natural.

Para o produtor rural, o momento é de olhar com atenção para o algodão. Com planejamento, tecnologia e apoio técnico, a pluma pode voltar a brilhar nas lavouras do Paraná — e com ela, toda uma cadeia produtiva pode se fortalecer.

Fonte: Pensar Agro

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