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Guerra tarifária entre China e Estados Unidos impulsiona exportações brasileiras

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A intensificação da guerra tarifária entre China e Estados Unidos vem gerando impactos diretos no comércio global de commodities agrícolas, com reflexos positivos para o Brasil, especialmente no setor da soja. Diante do aumento das tarifas impostas por ambos os lados, a China tem redirecionado parte de suas compras para fornecedores alternativos, favorecendo diretamente o mercado brasileiro.

Nos primeiros dias após o anúncio de tarifas retaliatórias por parte da China, que elevou os impostos sobre produtos norte-americanos em até 34%, o volume de soja embarcado pelo Brasil em direção ao mercado chinês foi significativamente superior ao habitual. Em apenas uma semana, cerca de 50 navios partiram com destino ao país asiático, totalizando cerca de 5 milhões de toneladas — o dobro do fluxo semanal considerado comum para o período.

Esse aumento atípico nas compras ocorreu em meio à colheita da safra brasileira, período em que já se registra tradicionalmente um maior volume de exportações. No entanto, fontes do mercado destacam que o ritmo acelerado e o volume elevado das aquisições nesta semana foram considerados excepcionais. Estima-se que mais de 2,4 milhões de toneladas foram adquiridas apenas nos primeiros dias, com entregas previstas entre maio e julho.

A preferência chinesa pela soja brasileira está associada também às condições de mercado mais favoráveis para o processamento interno no país asiático. Com os preços do farelo e do óleo de soja em alta, as indústrias locais, diante da queda nos fretes e do recuo nos prêmios pagos nos portos brasileiros, aproveitaram as margens de lucro mais amplas para reforçar os estoques.

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Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) mostram que, nos três primeiros meses de 2025, o Brasil exportou 16,946 milhões de toneladas de soja para a China, com receita de US$ 6,67 bilhões. Esse volume supera os embarques registrados no mesmo período de 2024, que foram de 15,853 milhões de toneladas. A China respondeu por 77% das exportações brasileiras do grão nesse início de ano.

Apesar do cenário atual de demanda aquecida, especialistas do setor observam que a continuidade desse ritmo dependerá da evolução das negociações comerciais entre as duas potências. Tradicionalmente, os Estados Unidos assumem o papel de principal fornecedor de soja para a China no segundo semestre. Caso haja uma reaproximação entre os dois países, é possível que os volumes exportados pelo Brasil sofram algum ajuste.

Ainda assim, a perspectiva de valorização da soja brasileira permanece firme. A expectativa é de que, ao longo do quarto trimestre, a China mantenha certa cautela na retomada das compras da safra norte-americana, favorecendo a continuidade das aquisições do produto brasileiro.

O Brasil, por sua vez, segue em trajetória de crescimento na produção da oleaginosa. Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2024/25 deverá alcançar 167,9 milhões de toneladas, um aumento de 20,1 milhões de toneladas em relação à temporada anterior. A maior oferta nacional, aliada à competitividade no mercado internacional, reforça o protagonismo do país nas exportações globais.

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No cenário internacional, a tensão comercial ganhou novo capítulo esta semana, quando os Estados Unidos anunciaram tarifas de importação de até 145% sobre produtos chineses. Em resposta, a China elevou seus impostos sobre mercadorias norte-americanas de 84% para 125%, ampliando ainda mais o distanciamento entre os dois principais polos econômicos do mundo.

A análise mais recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) já havia detectado, no fim de março, um aumento significativo na demanda internacional por soja brasileira. Apenas naquele mês, o Brasil embarcou 10,25 milhões de toneladas, alta de 59,5% em comparação com fevereiro. Em março, os embarques somaram 11,15 milhões de toneladas, contra 8,9 milhões no mesmo mês de 2024.

Esse desempenho reforça a importância da soja brasileira como pilar estratégico para o agronegócio nacional, destacando o papel fundamental do produtor rural na manutenção da competitividade do país em meio às turbulências do mercado internacional.

Fonte: Pensar Agro

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Com cenário global favorável, Estado quer ampliar exportações em 10%

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Goiás exportou 13,2 milhões de toneladas de soja em 2024, com receita superior a US$ 7,3 bilhões, consolidando-se como o terceiro maior exportador do grão no Brasil. Com a crescente disputa comercial entre China e Estados Unidos e a reconfiguração dos fluxos globais de grãos, o estado projeta um aumento de até 10% nas exportações em 2025, impulsionado pela demanda asiática e pela capacidade de resposta da produção goiana.

O aumento da procura por fornecedores alternativos por parte da China, que em abril recebeu 40 navios de soja brasileira com cerca de 700 mil toneladas, fortalece o posicionamento de Goiás como polo estratégico na oferta global de alimentos. O estado, com uma área plantada superior a 4 milhões de hectares e rendimento médio acima de 60 sacas por hectare, já se beneficia da maior competitividade brasileira no mercado internacional.

Além da soja, que responde por mais de 60% do total exportado pelo agronegócio goiano, produtos como milho, carnes e algodão também têm registrado crescimento. No primeiro trimestre de 2025, o estado já apresenta um incremento de 7% nas exportações para a China em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

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Goiás reúne condições favoráveis para aproveitar o novo ciclo: clima propício, produtividade crescente, empresários rurais tecnificados e uma logística em processo de modernização. Ainda há gargalos, especialmente em transporte e armazenagem, mas a infraestrutura vem sendo adaptada para atender a esse salto de demanda.

O momento geopolítico não é apenas uma conjuntura passageira — ele representa uma mudança estrutural na forma como as grandes potências lidam com segurança alimentar. A preferência da China por parceiros estáveis, previsíveis e com grande capacidade produtiva coloca estados como Goiás no radar estratégico dos importadores.

Com planejamento técnico, inteligência de mercado e políticas voltadas à sustentabilidade e à competitividade, Goiás transforma a tensão global em oportunidade concreta. A meta agora é clara: consolidar o protagonismo do estado como um dos principais celeiros do agronegócio mundial.

Fonte: Pensar Agro

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