NOVA AURORA

AGRONEGÓCIO

Após guerra comercial, commodities disparam e Brasil vê oportunidade entre riscos

Publicado em

Depois das chamadas “trumpalhadas” — como a imprensa está se referindo às idas e vindas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — o cenário econômico global está tentando se reorganizar. Ontem mesmo, depois que Trump retirou as tarifas de mais de 75 países (nivelou todos a 10%, mantendo apenas a China com taxas de 125%) as bolsas da Europa e da Ásia disparam

E dando continuidade ao otimismo do mercado, nesta quinta-feira (10.04), por exemplo, a Bolsa de Chicago (CBOT) amanheceu com a soja em alta, dando continuidade ao movimento positivo do final da tarde de ontem, quando a oleaginosa subiu quase 20 pontos.

Mesmo com a China ficando de fora da trégua tarifária de 90 dias anunciada por Trump, o mercado já começa a apostar numa retomada das negociações entre as grandes potências. Esse otimismo fez com que os traders — os operadores do mercado — passassem a agir com mais confiança, o que se refletiu diretamente nos preços.

Além da soja, outras commodities também estão no embalo da recuperação: milho e trigo seguem subindo na CBOT, enquanto o café registra aumento superior a 4% na Bolsa de Nova York nesta manhã. Para o produtor rural brasileiro, esse movimento representa uma possível janela de oportunidade, mas também exige cautela.

Por volta das 7h30 (horário de Brasília), os contratos de soja para maio estavam cotados a US$ 10,19 por bushel e os de agosto a US$ 10,21, com altas entre 4,50 e 6,50 pontos nos principais vencimentos. O farelo de soja também continua em valorização, enquanto o óleo de soja apresentou queda, movimento que costuma acontecer quando há maior direcionamento da demanda para o grão e o farelo.

Mas nem tudo depende do embate comercial. Hoje também é dia de divulgação do boletim mensal de oferta e demanda do USDA — o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos — previsto para as 13h (horário de Brasília). Esse relatório tem potencial para mexer bastante com os preços, dependendo das informações trazidas, especialmente em relação aos estoques norte-americanos e à demanda global.

Leia Também:  Produtores fazem tratoraço contra mudanças no Proagro e alertam para colapso na produção de milho

A expectativa, segundo analistas como Rhett Montgomery, do portal DTN The Progressive Farmer, é de um boletim mais neutro. “Os traders, pelo menos por um momento, vão voltar suas atenções aos fundamentos, os quais têm tido pouca importância nos últimos dias”, afirma Montgomery. Isso quer dizer que, diante de tanta tensão política e comercial, os fatores mais básicos da produção e consumo estavam sendo ignorados, mas agora voltam a entrar no radar dos investidores.

Isan Rezende

COMO FICA O BRASIL – Para o presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende, esse novo cenário pode trazer boas perspectivas. “A valorização da soja na Bolsa de Chicago tende a fortalecer o preço interno, ainda mais quando combinada com um câmbio favorável, como costuma acontecer em momentos de instabilidade internacional. Se o dólar se mantém valorizado frente ao real, o produto nacional ganha competitividade lá fora, o que aumenta o interesse dos compradores e ajuda a sustentar os preços”, analisa Rezende.

“Por outro lado, é preciso manter os pés no chão. As relações comerciais entre China e Estados Unidos ainda estão longe de serem normalizadas, e qualquer declaração ou decisão fora do script pode fazer os preços desabarem. Além disso, o produtor precisa estar atento ao que vai dizer o USDA hoje. Se vierem números muito diferentes do esperado, o mercado pode reagir de forma abrupta”.

“Portanto, o momento pede estratégia. Quem tiver condições de armazenar e esperar pode colher melhores preços mais adiante, mas quem precisa vender no curto prazo deve aproveitar as boas cotações atuais. A recomendação, como sempre, é diversificar os riscos e buscar o máximo de informação antes de tomar decisões”, diz o presidente do IA.

Leia Também:  Paraná moderniza normas ambientais e amplia segurança para o setor produtivo

“Estamos diante de um cenário de recuperação, mas ainda cercado de muita incerteza. A guerra comercial iniciada durante o governo Trump desorganizou rotas comerciais, rompeu acordos e deixou feridas abertas entre os grandes players do agronegócio mundial. Agora, o mercado tenta se equilibrar com base em expectativas, e não em fatos concretos. É positivo ver a soja, o milho e até o café se valorizando, mas é preciso cautela: o jogo geopolítico ainda não terminou”, avalia Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio.

“Para o produtor brasileiro, essa é uma oportunidade real de melhorar sua margem, especialmente com o dólar alto favorecendo as exportações. Porém, é essencial entender que o cenário global é volátil. Um tweet, uma nova tarifa ou uma mudança de humor na relação China-Estados Unidos pode mudar tudo de uma hora para outra. Por isso, o produtor precisa estar bem informado, com acesso a análises sérias, e fazer um bom planejamento de vendas. Não dá mais para apostar tudo em um único momento de alta”, recomenda Isan.

Rezende lembra que o Brasil tem força para se consolidar ainda mais como fornecedor de alimentos para o mundo, mas frisa que “para isso, precisamos de infraestrutura, segurança jurídica e previsibilidade econômica. Enquanto lá fora os ventos mudam com frequência, aqui dentro precisamos garantir estabilidade. O produtor está fazendo a parte dele com tecnologia, produtividade e sustentabilidade. Agora, é hora do Estado garantir que o agronegócio continue sendo um dos pilares da nossa economia”.

“O Brasil, com sua posição de destaque na produção mundial de soja, milho e café, tem muito a ganhar nesse novo arranjo. Mas, como em toda safra, é preciso saber o momento certo de plantar, colher e negociar”, completa.

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:

Advertisement

AGRONEGÓCIO

Com cenário global favorável, Estado quer ampliar exportações em 10%

Published

on

By

Goiás exportou 13,2 milhões de toneladas de soja em 2024, com receita superior a US$ 7,3 bilhões, consolidando-se como o terceiro maior exportador do grão no Brasil. Com a crescente disputa comercial entre China e Estados Unidos e a reconfiguração dos fluxos globais de grãos, o estado projeta um aumento de até 10% nas exportações em 2025, impulsionado pela demanda asiática e pela capacidade de resposta da produção goiana.

O aumento da procura por fornecedores alternativos por parte da China, que em abril recebeu 40 navios de soja brasileira com cerca de 700 mil toneladas, fortalece o posicionamento de Goiás como polo estratégico na oferta global de alimentos. O estado, com uma área plantada superior a 4 milhões de hectares e rendimento médio acima de 60 sacas por hectare, já se beneficia da maior competitividade brasileira no mercado internacional.

Além da soja, que responde por mais de 60% do total exportado pelo agronegócio goiano, produtos como milho, carnes e algodão também têm registrado crescimento. No primeiro trimestre de 2025, o estado já apresenta um incremento de 7% nas exportações para a China em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Leia Também:  Embrapa desenvolve semente de soja resistente à seca

Goiás reúne condições favoráveis para aproveitar o novo ciclo: clima propício, produtividade crescente, empresários rurais tecnificados e uma logística em processo de modernização. Ainda há gargalos, especialmente em transporte e armazenagem, mas a infraestrutura vem sendo adaptada para atender a esse salto de demanda.

O momento geopolítico não é apenas uma conjuntura passageira — ele representa uma mudança estrutural na forma como as grandes potências lidam com segurança alimentar. A preferência da China por parceiros estáveis, previsíveis e com grande capacidade produtiva coloca estados como Goiás no radar estratégico dos importadores.

Com planejamento técnico, inteligência de mercado e políticas voltadas à sustentabilidade e à competitividade, Goiás transforma a tensão global em oportunidade concreta. A meta agora é clara: consolidar o protagonismo do estado como um dos principais celeiros do agronegócio mundial.

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:
Continuar lendo

PARANÁ

POLÍCIA

ENTRETENIMENTO

ESPORTES

MAIS LIDAS DA SEMANA