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Uso de drones na pulverização agrícola gera debate

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O uso de drones para a pulverização de defensivos agrícolas tem sido alvo de debates no Brasil, envolvendo associações de saúde pública e entidades ligadas ao agronegócio. Enquanto instituições como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Fiocruz apontam riscos para a saúde humana e ambiental, pesquisas conduzidas por órgãos como a Embrapa mostram a eficiência dos drones no controle de pragas e doenças, especialmente em culturas como a soja.

Esta semana a Abrasco e a Fiocruz divulgaram um posicionamento oficial contra a pulverização aérea com drones. As entidades destacam que há “robustas evidências científicas” sobre os danos causados pela exposição a defensivos agrícolas. Citando casos de intoxicação e danos ambientais, a nota reforça os alertas apresentados em dossiês publicados entre 2015 e 2024.

O documento também defende legislações restritivas, como a Lei nº 16.820/19 do Ceará, que proíbe a pulverização aérea no estado. A medida, no entanto, voltou a ser discutida na Assembleia Legislativa, gerando preocupações em comunidades afetadas, como a Chapada do Apodi, onde foram relatados casos de câncer, malformações congênitas e outras doenças associadas ao uso de defensivos.

Segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a contaminação por defensivos agrícolas em comunidades rurais aumentou quase dez vezes no primeiro semestre de 2024, sendo que 88% desses casos envolveram drones, conforme dados da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama).

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OUTRO LADO – Pesquisas conduzidas pela Embrapa apontam que os drones são ferramentas promissoras na pulverização agrícola. Estudos realizados na safra 2020/2021 demonstraram que os equipamentos oferecem maior eficiência no controle de pragas como o percevejo-marrom e a lagarta-falsa-medideira em culturas de soja.

De acordo com os pesquisadores, os drones permitem a penetração do inseticida em partes da planta que métodos tradicionais, como tratores e borrifadores costais, não alcançam. Além disso, a tecnologia apresenta vantagens operacionais, como a possibilidade de aplicação em solos úmidos, logo após chuvas, e a redução do uso de água.

“O uso de drones melhora a precisão na aplicação, evitando o amassamento da lavoura e utilizando menos recursos, como combustíveis fósseis e água. Isso os torna ideais para áreas pequenas, locais de difícil acesso ou aplicações localizadas”, explica Samuel Roggia, pesquisador da Embrapa.

Desde 2017, o uso de drones agrícolas no Brasil é regulamentado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com regras complementares do Ministério da Agricultura (Mapa), como a exigência de cursos específicos e registro no Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro).

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Apesar dos avanços, ainda existem desafios técnicos e econômicos. Segundo os pesquisadores, gargalos como a autonomia das baterias, o custo dos equipamentos e a necessidade de informações agronômicas mais detalhadas precisam ser superados para ampliar o uso da tecnologia no campo.

O agronegócio brasileiro vê na tecnologia dos drones uma ferramenta estratégica para aumentar a produtividade e reduzir custos. No entanto, o setor enfrenta resistência de entidades de saúde e movimentos sociais que questionam os impactos ambientais e humanos.

É crucial que o debate sobre a pulverização com drones leve em conta a importância do equilíbrio entre inovação tecnológica e segurança ambiental. Para os produtores rurais, especialmente os de pequeno e médio porte, a regulamentação clara e o apoio técnico podem fazer a diferença na adoção de práticas mais eficientes e sustentáveis, fortalecendo a posição do Brasil como líder na produção agrícola global.

Fonte: Pensar Agro

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Com cenário global favorável, Estado quer ampliar exportações em 10%

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Goiás exportou 13,2 milhões de toneladas de soja em 2024, com receita superior a US$ 7,3 bilhões, consolidando-se como o terceiro maior exportador do grão no Brasil. Com a crescente disputa comercial entre China e Estados Unidos e a reconfiguração dos fluxos globais de grãos, o estado projeta um aumento de até 10% nas exportações em 2025, impulsionado pela demanda asiática e pela capacidade de resposta da produção goiana.

O aumento da procura por fornecedores alternativos por parte da China, que em abril recebeu 40 navios de soja brasileira com cerca de 700 mil toneladas, fortalece o posicionamento de Goiás como polo estratégico na oferta global de alimentos. O estado, com uma área plantada superior a 4 milhões de hectares e rendimento médio acima de 60 sacas por hectare, já se beneficia da maior competitividade brasileira no mercado internacional.

Além da soja, que responde por mais de 60% do total exportado pelo agronegócio goiano, produtos como milho, carnes e algodão também têm registrado crescimento. No primeiro trimestre de 2025, o estado já apresenta um incremento de 7% nas exportações para a China em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

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Goiás reúne condições favoráveis para aproveitar o novo ciclo: clima propício, produtividade crescente, empresários rurais tecnificados e uma logística em processo de modernização. Ainda há gargalos, especialmente em transporte e armazenagem, mas a infraestrutura vem sendo adaptada para atender a esse salto de demanda.

O momento geopolítico não é apenas uma conjuntura passageira — ele representa uma mudança estrutural na forma como as grandes potências lidam com segurança alimentar. A preferência da China por parceiros estáveis, previsíveis e com grande capacidade produtiva coloca estados como Goiás no radar estratégico dos importadores.

Com planejamento técnico, inteligência de mercado e políticas voltadas à sustentabilidade e à competitividade, Goiás transforma a tensão global em oportunidade concreta. A meta agora é clara: consolidar o protagonismo do estado como um dos principais celeiros do agronegócio mundial.

Fonte: Pensar Agro

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