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Produtora de morangos de Araucária investe em energia limpa e amplia negócios

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A professora aposentada Maria Leoni Wojcik reinventou sua vida profissional após 38 anos de dedicação ao magistério. Há quatro anos, ela resolveu aceitar o convite de uma ex-aluna para fazer um curso de capacitação para produção de morangos em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. E desde então entrou na agricultura, produzindo uma das frutas mais requisitadas pelos brasileiros.

Capacitação feita, ela resolveu apostar na nova profissão. Implantou a primeira estufa de morangos com recursos próprios e viu que o negócio tinha potencial. Hoje, quatro anos depois, a Chácara São Miguel tem cinco estufas, 18 mil pés de morango e muitos projetos sustentáveis de expansão. “Vivo aqui nesta propriedade há 40 anos e resolvi fazer esta formação, meio sem saber direito se investiria mesmo nisso”, conta. E investiu.

Nesta reportagem da série “Paraná, energia verde que renova o campo”, Leoni conta como passou a integrar o circuito do turismo da região e como tornou sua propriedade autossuficiente energeticamente. Na propriedade é possível encontrar dois tipos de morango: o Albion, considerado um morango tipo gourmet, mais doce e de textura aveludada. E tem também o San Andreas, o tradicional, com sabor mais cítrico.

Ela começou a produção de morangos com a venda do produto para clientes da região. Com o passar do tempo, viu no atendimento a turistas um grande potencial para expandir os negócios e apostou na transformação de sua propriedade numa chácara “colha e pague”. Hoje, a área atende principalmente turistas. Os visitantes podem colher a fruta e ainda provar sobremesas e lanches que, aos finais se semana, são produzidos e servidos na chácara.

Luiz Henrique Wojcik, filho de Leoni e estudante de engenharia mecânica, resolveu abrir mão do emprego com carteira assinada que tinha para gerenciar o negócio da mãe. Além de trazer um novo gás para a gestão do local, ele tem apostado no uso da tecnologia para divulgar mais os negócios da família e também aprimorar os processos. Foi dele, por exemplo, a ideia de buscar o financiamento para a instalação das placas solares e tornar a chácara autossuficiente em geração de energia.

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Através do RenovaPR e do Banco do Agricultor Paranaense, programas do Governo do Estado, eles conseguiram financiar a compra de 27 placas solares que serão pagas com juros reduzidos em cinco anos. Para otimizar os recursos, tudo na chácara que consome energia elétrica está sendo suprido pela energia captada pelas placas solares: moedor de grãos (utilizado para preparar o alimento dos animais da chácara), o sistema de irrigação das estufas e a casa da família, que fica na mesma propriedade.

As placas foram instaladas em dezembro de 2023. Em menos de um ano de uso, Leoni já vê os resultados. “A parcela do financiamento que pago mensalmente é menor do que a conta de luz que eu costumava pagar. Com a vantagem que, daqui a bem pouco tempo, vou zerar a conta”, comemora.

Mesmo com pouco tempo de uso, as placas geram mais energia do que a propriedade necessita. Com isso, está sendo criado um banco com o excedente, que pode ser utilizado em meses de maior consumo ou quando há menos captação, em função de falta de sol.

INCREMENTO DA ENERGIA SOLAR – Dentro do Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR), a instalação de sistemas fotovoltaicos ainda é maioria. Desde agosto de 2021, o programa já estimulou o investimento de R$ 4,2 bilhões em 34.485 projetos de energia renovável no Estado.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Paraná ganhou milhares de novas unidades de geração própria de energia (energia fotovoltaica ou biogás) nos últimos três anos. Até o lançamento do programa, em 2021, eram 6,1 mil unidades, passando para as mais de 34 mil, um incremento de mais de 500% no período.

Ao reduzir os gatos mensais com a conta de luz, as propriedades rurais podem investir em outras frentes e melhorar a lucratividade. Como o sistema ainda é de baixa manutenção, acaba sendo mais vantajoso aos produtores. Maria Leoni conta que chegava a pagar R$ 1.800 mensais de luz antes da instalação das placas. Com a economia, pôde começar a pensar em investir no incremento das atividades da chácara.

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TURISMO RURAL – Os fins de semana são os mais disputados e a principal clientela da Chácara São Miguel é composta por famílias da Região Metropolitana de Curitiba. No período de final de ano, durante a temporada das frutas, é grande o fluxo de ônibus de turismo vindos principalmente de  Santa Catarina. No ano passado, eles chegaram a atender cerca de 40 ônibus nos meses de novembro e dezembro.

O negócio tem crescido e a chácara está ampliando o espectro de produtos disponíveis. Além do morango, já há alguns pés de maracujá doce e, ainda em fase de testes, um “colha e pague” de verduras e hortaliças.

Para atrair ainda mais visitantes, a chácara integra o Caminhos do Guajuvira, um programa da Prefeitura de Araucária de fomento ao turismo rural que atualmente conta com cerca de 20 propriedades que podem ser visitadas.

MORANGO – A Região Metropolitana de Curitiba é a maior produtora de morangos no Paraná: 46,5% de toda a fruta produzida no Estado sai da RMC. São 392 hectares plantados e 15,7 mil toneladas colhidas em 2022, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento.

Ao todo, o Paraná inteiro produz 34,7 mil toneladas da fruta, com um Valor Bruto da Produção (VPB) de R$ 247,1 milhões em 2022, colocando o Estado como o segundo maior produtor nacional de morango.

SÉRIE – A série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas neste link.

Confira o vídeo desta reportagem:

Fonte: Governo PR

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Com cenário global favorável, Estado quer ampliar exportações em 10%

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Goiás exportou 13,2 milhões de toneladas de soja em 2024, com receita superior a US$ 7,3 bilhões, consolidando-se como o terceiro maior exportador do grão no Brasil. Com a crescente disputa comercial entre China e Estados Unidos e a reconfiguração dos fluxos globais de grãos, o estado projeta um aumento de até 10% nas exportações em 2025, impulsionado pela demanda asiática e pela capacidade de resposta da produção goiana.

O aumento da procura por fornecedores alternativos por parte da China, que em abril recebeu 40 navios de soja brasileira com cerca de 700 mil toneladas, fortalece o posicionamento de Goiás como polo estratégico na oferta global de alimentos. O estado, com uma área plantada superior a 4 milhões de hectares e rendimento médio acima de 60 sacas por hectare, já se beneficia da maior competitividade brasileira no mercado internacional.

Além da soja, que responde por mais de 60% do total exportado pelo agronegócio goiano, produtos como milho, carnes e algodão também têm registrado crescimento. No primeiro trimestre de 2025, o estado já apresenta um incremento de 7% nas exportações para a China em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

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Goiás reúne condições favoráveis para aproveitar o novo ciclo: clima propício, produtividade crescente, empresários rurais tecnificados e uma logística em processo de modernização. Ainda há gargalos, especialmente em transporte e armazenagem, mas a infraestrutura vem sendo adaptada para atender a esse salto de demanda.

O momento geopolítico não é apenas uma conjuntura passageira — ele representa uma mudança estrutural na forma como as grandes potências lidam com segurança alimentar. A preferência da China por parceiros estáveis, previsíveis e com grande capacidade produtiva coloca estados como Goiás no radar estratégico dos importadores.

Com planejamento técnico, inteligência de mercado e políticas voltadas à sustentabilidade e à competitividade, Goiás transforma a tensão global em oportunidade concreta. A meta agora é clara: consolidar o protagonismo do estado como um dos principais celeiros do agronegócio mundial.

Fonte: Pensar Agro

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