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Brasil precisa investir urgentemente em armazenamento de grãos

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por Isan Rezende
Presidente do Instituto do Agronegócio (IA)

Isan Rezende, Presidente do Instituto do Agronegócio (IA)

Diz o ditado que “feio é roubar e não poder carregar”, mas produzir e não ter onde guardar, também é um problema feio…

O ano de 2023 foi de recordes na colheita de grãos no Brasil, a produção brasileira de grãos deverá atingir 316,7 milhões de toneladas na safra 2023/2024, 1,5% ou 4,7 milhões de toneladas abaixo do obtido em 2022/23, segundo estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Esse saldo positivo, além de contribuir significativamente para equilibrar nossas exportações, também tem influência direta no controle da inflação.

A notícia animadora sobre a safra recorde abrange diversos setores do agronegócio, impulsionada pela maior produção prevista para culturas-chave, como a soja (com crescimento de 19,1%), milho primeira safra (com 16,8%), algodão herbáceo em caroço (2%), sorgo (5,7%) e feijão primeira safra (4,9%). É relevante notar que a soja e o milho primeira safra também apresentam um aumento na área colhida, de 1,2% e 0,9%, respectivamente.

No entanto, mesmo com este cenário otimista no campo, deparamo-nos com um desafio urgente: a infraestrutura de armazenagem. Apesar de um pequeno aumento na capacidade de armazenamento agrícola, alcançando 201,4 milhões de toneladas no primeiro semestre do ano passado, o crescimento de 4,8% em relação ao semestre anterior é insuficiente diante das necessidades reais do setor. A questão do armazenamento de grãos (ao lado do transporte) impacta diretamente na cadeia logística do país dentro do setor agropecuário.

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A infraestrutura de armazenagem é um gargalo para o desenvolvimento do agronegócio. Atualmente, os produtores enfrentam dificuldades, já que não têm capacidade para estocar suas colheitas. Essa falta de armazenamento obriga a comercialização imediata dos produtos, muitas vezes a preços muito aquém da realidade, estabelecidos pelo mercado, o que impacta negativamente na competitividade do negócio.

Os silos desempenham um papel essencial no equilíbrio do mercado, permitindo que os grãos colhidos na safra sejam vendidos durante a entressafra. Essa prática é fundamental, especialmente para os produtores que buscam investir em práticas sustentáveis, como a redução de insumos químicos e a recuperação da saúde do solo, tal como é feito nas fazendas da BMG Agro.

O Brasil precisa, urgentemente, de investimentos substanciais em armazenagem. Um silo de concreto armado ou aço, com capacidade para armazenar 60 mil sacas, custa entre R$ 7 milhões a R$ 8 milhões, um custo inacessível para a maioria dos produtores.

Os dados de 2021/2022 indicavam que os estados do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, por exemplo, possuíam as melhores estruturas de armazenagem, com o RS apresentando o maior número de estabelecimentos (2.183), enquanto o MT liderava com a maior capacidade de estocagem (46,9 milhões de toneladas).

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É imperativo, portanto, que o governo federal incentive, invista e promova melhorias na infraestrutura de armazenagem, com taxas de juros mais baixas, isenção de impostos, liberação de recursos para projetos etc.

Embora o BNDES ofereça linhas exclusivas para a montagem de silos com taxas diferenciadas, isso tem sido insuficiente para atender a uma massa maior de produtores.

Enquanto nos tornamos referência no mercado agrícola mundial, alcançando o primeiro lugar na produção de soja e o segundo na produção de milho, a falta de infraestrutura de armazenagem representa um desafio considerável.

Países como os Estados Unidos, nosso principal concorrente, possuem uma capacidade de armazenamento muito superior à nossa. Portanto, é fundamental que o setor do agronegócio e o governo trabalhem em conjunto para superar essa questão, visando um mercado agrícola mais competitivo, saudável e rentável para todos os envolvidos.

Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIO

Algodão volta a crescer no Paraná e reforça liderança do Brasil no mercado mundial

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Depois de anos praticamente fora do mapa da cotonicultura, o Paraná está voltando a produzir algodão em pluma e reacendendo um ciclo que já foi símbolo de força agrícola no Estado. Quem se lembra das décadas de 1980 e 1990 sabe: o Paraná já foi o líder nacional na produção da fibra. Mas com o passar do tempo, a infestação do bicudo-do-algodoeiro, o avanço da soja e dificuldades econômicas acabaram derrubando a cultura.

Agora, o cenário é de esperança e retomada. A Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar) lançou um projeto para incentivar o plantio de algodão e recuperar a importância da pluma na região. Para a safra 2024/25, a área plantada no Estado deve chegar a 1,8 mil hectares, segundo estimativas da Conab. Pode parecer pouco, mas o plano é ambicioso: a meta da Acopar é atingir 60 mil hectares nos próximos anos.

Entre os fatores que tornam essa retomada promissora está o menor custo de produção no Paraná, quando comparado a outras regiões produtoras. O clima mais ameno em certas áreas, o uso mais eficiente de insumos e a proximidade com portos e centros industriais ajudam a melhorar a competitividade da pluma paranaense.

Outro ponto a favor é o avanço tecnológico. Com sementes mais resistentes, maquinário moderno e práticas de manejo mais sustentáveis, os produtores têm hoje condições muito melhores do que nas décadas passadas para lidar com pragas como o bicudo e obter bons rendimentos.

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Brasil na liderança mundial – O momento não poderia ser mais favorável. O Brasil é, desde 2024, o maior exportador de algodão do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. O setor cresceu nos últimos anos com base em três pilares: tecnologia, qualidade e rentabilidade. A produção brasileira de pluma aumentou pelo terceiro ano seguido em 2023 e segue firme em 2024.

Na safra 2023/24, o Brasil cultivou 1,9 milhão de hectares de algodão, com uma produção estimada em 3,7 milhões de toneladas de pluma. A produtividade média ficou em 1,8 tonelada por hectare, e o principal destino da exportação foi a China, um mercado exigente que reconhece a qualidade da fibra brasileira.

Os principais estados produtores continuam sendo Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul, mas o avanço do Paraná mostra que o mapa do algodão pode voltar a se expandir.

Um pouco da história – O ciclo do algodão no Brasil começou no século 18, especialmente no Nordeste. Durante os séculos XVIII e XIX, o país chegou a ser um dos maiores fornecedores do mundo. Mas nas décadas de 1980 e 1990, a cultura foi gravemente afetada pelo bicudo-do-algodoeiro, uma praga devastadora que levou muitos produtores a abandonarem o cultivo.

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Com o tempo, o setor se reorganizou, investiu pesado em pesquisa, controle biológico e práticas sustentáveis, e reconquistou espaço no mercado internacional.

A iniciativa da Acopar é vista com entusiasmo por técnicos, agrônomos e produtores. A retomada do algodão no Paraná representa não só diversificação da produção agrícola, mas também mais opções de renda para o campo, geração de empregos e incremento para a indústria têxtil regional.

Além disso, a cotonicultura permite o uso racional da área agrícola, com sistemas de rotação de culturas que ajudam a preservar o solo e controlar pragas de forma natural.

Para o produtor rural, o momento é de olhar com atenção para o algodão. Com planejamento, tecnologia e apoio técnico, a pluma pode voltar a brilhar nas lavouras do Paraná — e com ela, toda uma cadeia produtiva pode se fortalecer.

Fonte: Pensar Agro

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