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Diálogo entre passado e presente coloca Museu Paranaense na vanguarda nacional

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Um museu centenário com acervo etnográfico histórico de mais de 500 mil peças. Seria natural imaginar que uma visita ao Museu Paranaense (MUPA) no coração de Curitiba se restringiria a conhecer o passado, mas ele está bem longe de ser um prédio recheado de quadros estáticos.

Fundado em 1876, é o terceiro museu mais antigo do País e hoje ocupa um lugar de vanguarda entre os museus brasileiros ao propor diálogos entre suas obras históricas e a arte contemporânea. O MUPA, personagem da série “Paraná, o Brasil que dá certo”, se reinventou de maneira singular dialogando com a atualidade, mostrando que arte pressupõe movimento e interação.

A arquiteta e diretora do museu, Gabriela Bettega, é uma das artífices por trás da ressignificação do rico acervo do MUPA. Este novo modo de expor as obras vem ganhando espaço, debate nacional e atraindo personagens de norte a sul do País.

“Tudo começou em 2019. Partimos do seguinte questionamento: como este museu centenário poderia se aproximar da comunidade, como trazer para dentro as pautas contemporâneas? A partir destas indagações, propomos novas práticas para algumas temáticas, pensando em novos públicos e na necessidade de expandir o olhar da população sobre este patrimônio”, conta.

A primeira ideia foi abrir as portas para a comunidade fazer papel de agente crítica do processo cultural. “Nestes encontros descobrimos que um museu centenário poderia se reposicionar diante de toda a complexidade das pautas contemporâneas, as urgências do momento. Chegamos então nas exposições com curadoria colaborativa, editais mais abrangentes e criamos uma nova porta de entrada”, afirma.

Agora, o MUPA convida o visitante a enxergar a história sempre interagindo com o presente. “Visitamos o passado através do olhar de quem foi retratado nas obras do passado para entender contextos e como aquilo formou uma visão de mundo. Esse é um passo importante para a discussão dos novos papéis da nossa sociedade”, complementa Gabriela.

Os temas são sempre escolhidos a partir da análise de urgências, revisando o acervo do museu de forma crítica e colaborativa. “Queremos entender quem foram os agentes que estão representados, muitos deles das comunidades tradicionais, povos originários, e por que não chamá-los, seus descendentes diretos e indiretos, para fazer parte desta história? Descobrir com eles como isso deve ser mostrado. Precisamos entender, enquanto sociedade, depois desta revisão que estamos fazendo, como construir um novo futuro”, arremata.

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POVOS ORIGINÁRIOS E AFRODESCENDENTES – Um exemplo é a exposição mais recente da instituição, “Mejtere: histórias recontadas”. Neste caso, estudantes indígenas universitários foram convidados para uma imersão no museu. Conviveram por 10 meses com a equipe técnica do MUPA com o objetivo de entender qual seria a melhor forma de contar a história de seus antepassados.

Dessa maneira, ao invés de meros espectadores, ajudaram a conduzir uma nova interpretação sobre a arte indígena. “Foi aberta uma chamada pública para estabelecermos esta curadoria compartilhada. Queríamos entender, a partir de muitos diálogos, como poderia ser criada uma nova narrativa e uma nova exposição”, explica Gabriela.

A palavra que dá nome à mostra, Mejtere, é da língua Mebêngôkre-Kayapó, e pode ser traduzida como belo, encantador, bom, perfeito. Remete a algo singular e único, mas que não se restringe a valores estéticos. É um jeito de despertar o pensamento crítico e desconstruir estigmas coloniais enraizados na história e na cultura dita brasileira.

O percurso da mostra se dá por meio de cinco núcleos, que estão ligados entre si – “Todas as coisas são pequenas”, “Fiandeiras guardiãs: carregando histórias”, “Tessituras da terra”, “Coração na aldeia, pés no mundo” e “Resistências: nada para nós sem nós”. Vídeos, fotografias, quadros, artefatos e textos demarcam a linguagem, modos de vida e riqueza étnica de alguns povos indígenas.

Outra exposição emblemática e atualmente em cartaz é “Ante ecos e ocos”, que apresenta a cultura afro-brasileira por meio de um recorte mais local, abrangendo as heranças africanas no Paraná, a partir de materiais que integram o acervo do museu.

Cinco pesquisadores – professores, curadores, acadêmicos e artistas – foram escolhidos para compor um extenso projeto de curadoria compartilhada. Por um ano, eles analisaram todo acervo do museu, as lacunas que podiam existir e propor novas narrativas, como coletar materiais que pudessem fazer parte do acervo documental do museu trazendo outras perspectivas e histórias.

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O artista visual Diogo Duda foi um dos curadores convidados da exposição. “Fomos convidados a olhar o material disponível no acervo, tudo que era relativo à cultura de matriz africana e pensar numa exposição a partir deste material, mas tendo perspectivas do contemporâneo, pensando nestas questões de identidade, de tradição, a partir do que estamos vivendo atualmente”, explica.

Alguns materiais foram produzidos exclusivamente para esta mostra. É o caso do vídeo performance de dança “Entre caboclos e baianas”, de Kunta Leonardo da Cruz, o registro em vídeo da roda de capoeira do grupo Grupo Internacional Capoeira Aliance e gravações de depoimentos em áudio de grandes antepassados negros. As obras discutem religiões de matriz africana, a luta pela liberdade, carnaval e futebol, danças típicas e a luta pela terra. 

Para o curador, as exposições neste formato são um convite para que a sociedade pense politicamente e criticamente o que foi o passado. “É um convite para pensar como nós chegamos até aqui, o que foi este processo e o que temos hoje. Assim, o museu acaba se tornando um espaço de reflexão”, diz.

Além de participar como curador, Duda produziu uma peça que integra a exposição, debatendo os preconceitos sobre religiões de matriz africana. “Este trabalho me levou para minha infância, da minha vivência familiar e me permitiu resgatar algumas questões e trazê-las à tona não de uma maneira que interessasse só a mim, mas a todas as pessoas”, completa.

Para ele, a sistemática adotada pelo MUPA está na vanguarda. “Mesmo mantendo um amplo e rico acervo, o museu está abrindo espaço para o novo. Um museu não pode ser apenas um depósito de peças antigas, mas um local onde se possa pensar o contemporâneo olhando para a tradição, para as possibilidades de comunicação, para a junção de diferentes questões”, completa Duda.

Série especial - MUPA

Exposição “Mejtere” é um dos exemplos da nova concepção de mostras do MUPA. Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

VANGUARDA – A fotógrafa e artista multimídia Milla Jung também participou desse novo momento do MUPA. Ela foi contemplada no II Edital de Ocupação do Espaço Vitrine, em 2022, que foi o formato encontrado para receber pessoas de todos os cantos do País para falar sobre artes visuais, design, arquitetura, antropologia, arqueologia e história.

Ela expôs uma instalação intitulada “Segunda Natureza”, na qual propôs duas obras integradas com vídeo e neon retratavam como a tecnologia está mudando a vida das pessoas. “Quando eu propus esta exposição, existia esta provocação que contrapunha o espaço de um museu histórico com uma tecnologia de consumo imediato”, relembra.

Milla passou uma temporada na Espanha, fazendo pesquisas no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona e teve a oportunidade de comparar os programas públicos ofertados no museu espanhol com aqueles disponíveis no MUPA. Segundo ela, os projetos colocam os dois em nível de igualdade.

“Estes dois museus estão no mesmo nível porque atuam na negociação do que é arte, do que é acervo, do que é memória. Isso é bem mais importante do que somente guardar um acervo sem reconstituir uma imagem deste passado. O Museu Paranaense é o museu de vanguarda do Brasil, é um museu visionário e é o museu mais importante do País hoje”, afirma.

“Um museu não é um arquivo de obras, não é onde se guarda uma memória, é onde se compõem memórias, onde se discute esta memória. Chamar as pessoas que devem fazer parte dessa memória para propor novas exposições é muito visionário”, afirma.

PÉS NA TERRA – Outra grande marca recente do MUPA foi o programa público “Se enfiasse os pés na terra: relações entre humanos e plantas”, que ocorreu em 2022. Uma série de ações artísticas, educativas e culturais aproximou os espectadores de debates sobre vida e alimentação com indígenas, quilombolas, faxinalenses, caiçaras, artistas, pesquisadores das áreas da botânica, antropólogos, arqueólogos, escritores, arquitetos, cozinheiros e produtores locais ligados à agroecologia. 

Na época, seis indígenas do grupo mebêngôkre-kayapó, moradores do Pará, viajaram mais de 3 mil quilômetros para participar de uma das apresentações do programa. Filmes sobre a aldeia em que vivem fazem parte do acervo do MUPA e foram redescobertos com essa interação com o presente. A programação ainda contou com pintura de grandes dimensões no jardim do museu, mesa-redonda com benzedeiras e discussões sobre plantas utilizadas em cultos, além da transformação cultural do Brasil nos últimos séculos.

SÉRIE – “Paraná, o Brasil que dá certo” é uma série de reportagens da Agência Estadual de Notícias. São apresentadas iniciativas da administração pública estadual que são referência para o Brasil em suas áreas.

Fonte: Governo do Paraná

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Ganhando o Mundo: últimos intercambistas começam a chegar com mala cheia de experiências

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O Natal será com a família reunida e com diversas histórias para compartilhar para 27 alunos que voltaram do intercâmbio nos Estados Unidos nesta segunda-feira (23), dentro do programa Ganhando o Mundo. Eles desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, onde foram recebidos com muita emoção por pais e familiares depois de quatro meses estudando na América do Norte. Outros alunos devem chegar em janeiro.

Foram mil estudantes de escolas públicas paranaenses que tiveram a oportunidade de realizar um intercâmbio com as despesas pagas pelo Governo do Estado, após uma seleção que envolveu mais de 12 mil candidatos. A edição de 2025 será ainda maior e levará 1,2 mil alunos para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

O chefe do Departamento de Intercâmbios da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Marlon de Campos, destacou que a edição do Ganhando o Mundo deste ano foi um sucesso. “Todo o processo está sendo incrível. Foi o primeiro ano que nós tivemos mil alunos viajando, 950 deles já retornaram no primeiro semestre, e agora o restante está voltando”, ressaltou.

“Eles voltam com uma cabeça completamente mudada, muito mais atenciosos com a sua família, com a sua escola, com o seu espaço. Quando eles viajam e experienciam uma oportunidade tão diferente, não só da língua, mas também cultural e acadêmica, eles ampliam os seus horizontes e isso faz com que se tornem líderes”, acrescentou.

EXPERIÊNCIA DE VIDA — Entre as intercambistas que chegaram nesta segunda-feira está Isabella Parra Hass, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Rio Branco, em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado. Para ela, a principal conquista com o intercâmbio foi tornar-se uma pessoa mais independente. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Vivi coisas que eu nunca imaginaria viver, conheci pessoas incríveis e me tornei uma pessoa tão madura, independente, que eu nunca imaginei que eu conseguiria”, explicou.

Ela conta que pôde vivenciar a cultura americana na prática. “Fui líder de torcida e também gerente do time de basquete feminino. Foi muito legal vivenciar a cultura deles, do esporte, mas mais do que isso, saber que você consegue fazer algo quando realmente se quer muito. Uma oportunidade incrível que nunca imaginei que poderia ter e que graças ao Ganhando o Mundo consegui realizar um dos meus maiores sonhos”, disse, com os olhos ainda com lágrimas após encontrar os pais.

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A família viajou cerca de 350 quilômetros para receber a filha, pouco para uma distância que já foi continental. “A gente viveu junto esse intercâmbio. Ela lá e eu acompanhando daqui, nos falando todos os dias, dando força nas horas das dificuldades e sorrindo, acreditando que tudo ia dar certo”, afirmou Maria Inez Parra Hass, mãe de Isabella.

“Agradeço ao Governo do Estado por esse intercâmbio, por esse projeto. Ela gostou muito da escola, construiu muitas amizades, foi muito bem recebida pela família e agora esse presente de Natal que estamos está recebendo com a chegada dela”.

Para Pedro Moreira Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha de Itaipu, no Oeste, o que mais lhe chamou sua atenção foi a cultura do esporte nos colégios americanos. “Eu não teria oportunidade de fazer um intercâmbio se não fosse por esse programa, para estudar numa verdadeira high school. Uma das coisas mais legais foi o esporte que pratiquei, participando do time de futebol americano, que foi incrível, e um pouco de wrestling”, ressaltou.

Outro destaque foi o aprimoramento da língua. “O meu inglês melhorou muito, o que vai me ajudar a ter um bom emprego. Fora isso, aprendi coisas novas, como comidas típicas de lá e que vou cozinhar para a minha família, além da neve, porque lá é bem gelado”, disse.

A mãe de Pedro, Katyussa Maiara Moreira, contava os minutos para chegada do filho, acompanhada do marido e da filha mais nova. “Começa a bater aquela ansiedade. A gente fala que não vai ficar nervosa, mas não tem como. É um orgulho como mãe saber que ele conquistou isso, que chegou onde chegou e só tenho muito a agradecer a Deus e ao Governo do Estado”, salientou.

“Ele se desenvolveu muito bem. No começo foi difícil, mas todo dia conversava com ele pelo WhatsApp, então estava longe, mas perto ao mesmo tempo. E agora ter ele aqui junto no Natal, poder passar o Ano-Novo era uma coisa que a gente queria muito”, celebrou o pai, Rodimar Silva.

Quem também vai ter muita história para contar é Amanda Samiria, de 16 anos, do Colégio Estadual Joaquim de Oliveira Franco, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela foi recebida pelos pais e amigos no saguão do aeroporto. “Ao mesmo tempo que apertava o coração, eu sabia que aquilo ia ser para o meu bem. Toda a independência, maturidade e responsabilidade que eu ganhei com esse programa foi incrível, uma oportunidade de estar vivendo em um outro país, de morar com uma outra família, com uma cultura totalmente diferente da minha”, comentou.

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“Ao mesmo tempo que o coração está apertado por eu ter deixado minha segunda família lá nos Estados Unidos, também está muito alegre de reencontrar todo mundo, de ver o quanto eu sou amada aqui e o quanto tudo valeu a pena. Já tenho planos para compartilhar tudo o que eu aprendi, que eu não vou deixar só para mim, mas sim dividir com os outros, contar como foi a minha experiência para inspirar outras pessoas a também participarem”, acrescentou.

GANHANDO O MUNDO – Iniciado como projeto-piloto em 2022, o Ganhando o Mundo levou 100 estudantes para o Canadá, na América do Norte, naquele ano. Na segunda edição, outros 100 alunos tiveram a experiência de conhecerem uma outra cultura, desta vez com destino a Nova Zelândia, na Oceania.

Em 2023, o programa passou a incluir professores, com 96 docentes enviados para o Canadá e a Finlândia, países referências em educação. No mesmo ano, mais 40 alunos estudaram por um semestre letivo na França. Já em 2024, o número de intercambistas cresceu dez vezes, chegando a mil alunos que viajaram para países de língua inglesa, como Canadá, Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Além disso, 100 diretores de colégios estaduais embarcaram no meio do ano para um intercâmbio de duas semanas no Chile.

A próxima edição, em 2025, será ainda maior. Mais de 1,2 mil alunos da rede estadual terão como destino cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para Iowa, nos Estados Unidos, estado líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais pólos agrícolas do mundo).

Fonte: Governo PR

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