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Da cidade sem biblioteca à defesa do acesso gratuito à cultura: a vida de Marta Sienna vale um livro

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Nascida e criada em Alvorada do Sul, no Norte do Paraná, próximo de Londrina, Marta Sienna se envolveu com o universo dos livros ainda criança, por influência de um primo mais velho. Durante anos esse parente foi o seu único canal de acesso à literatura, já que o município de 11 mil habitantes hoje em dia e muito menos nas décadas passadas ainda não dispunha de biblioteca.

Isso ficou em sua cabeça e, ainda que de maneira inconsciente, voltou para a sua vida. Hoje ela é chefe da Divisão de Extensão da Biblioteca Pública do Paraná (BPP), onde atua há 38 anos, e, além de ter multiplicado em algumas milhares de vezes o contato com a literatura, por inúmeros canais, o setor em que trabalha tem o objetivo de atingir grupos de leitores potenciais fora da instituição.

Mais do que isso: esse departamento é responsável pela operacionalização do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Paraná, atualmente composto por 482 unidades em todas as regiões do Estado. É o que permite que, atualmente, praticamente toda a população tenha acesso a literatura brasileira e internacional sem precisar adquirir livros novos.

“Eu só lia o que esse primo trazia para mim. E não existia distinção entre títulos infantis e para adultos. Para se ter uma ideia, li ‘Quarup’, o clássico brasileiro de Antônio Callado, em 1967, quando ainda era menina”, conta. “Hoje, percebo que trabalhei a vida inteira ajudando municípios do Interior a criar as oportunidades que não tive em Alvorada do Sul na minha infância”.

Aos 63 anos, acredita já ter visitado 80% das cidades paranaenses a serviço da Biblioteca Pública do Paraná. Nesta reportagem da série do Mês da Mulher, a Secretaria de Estado da Cultura e a Agência Estadual de Notícias contam um pouco da história da bibliotecária, que tem paixão pelos livros e acredita que espaços culturais são organismos vivos das cidades.

TRAJETÓRIA – A trajetória de Marta Sienna como servidora pública é um capítulo à parte de sua história. Ela passou em seu primeiro concurso para a Emater (atual IDR-Paraná) em Alvorada do Sul, aos 17 anos. “Foi até uma situação polêmica, pois não queriam que eu assumisse o cargo por ser menor de idade. Mas eu faria 18 dali a poucos meses, e, no final, deu tudo certo”, lembra.

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Nos anos seguintes, Marta foi convidada a se transferir para os escritórios do órgão em Londrina, onde frequentou pela primeira vez uma biblioteca e decidiu cursar Biblioteconomia, deixando a agricultura para um segundo plano.

Pouco depois foi transferida para Curitiba e então o Paraná ganhou uma nova zeladora da cultura. Ela chegou totalmente sozinha e morou com colegas de trabalho até conhecer seu ex-marido, Luiz. Os dois se encontraram pela primeira vez na Biblioteca Pública (ele era chefe administrativo da instituição) e tiveram uma filha, Luiza, que hoje tem 31 anos e é formada em Farmácia.

“A Luiza era pequena e ficava espantada quando eu contava que na minha infância não tinha livros em casa. Nós vivíamos na zona rural, em um sítio. Nem luz a gente tinha”, conta Marta.

Em 1985, movida pela paixão, ela prestou concurso para a BPP, passou e se instalou no setor de Extensão, Marta participou, ou esteve à frente, de uma série de projetos importantes para a difusão do livro e da leitura no Interior e no Litoral do Estado – Caixa-Estante, Carro-Biblioteca, Bibliotecas Cidadãs, Bibliopraia, entre outros.

Hoje em dia, além de prestar diversos tipos de assessoramento para as bibliotecas dos municípios, a BPP ainda repassa, mensalmente, via correio, kits com livros e outros materiais não utilizados pela instituição ou recebidos como contrapartida social de projetos de lei de incentivo. O departamento foi criado em 1992.

Ela também realiza treinamentos e promove, sistematicamente, encontros regionais com atendentes das unidades, organizando novas formas de tornar a literatura mais acessível e alcançar uma nova população já habituada ao digital. A sua cidade é parceria do projeto. A Biblioteca Pública Municipal Rosimara Alves fica dentro da escola de mesmo nome, na Praça Prefeito Antônio de Souza Lemos, centro de Alvorada do Sul.

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LITERATURA – Depois de incontáveis leituras, ela afirma que seu gênero literário preferido é a poesia. “Gosto de Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Pablo Neruda. Sou das antigas mesmo”, brinca.

No terreno da prosa, no entanto, seu autor preferido é de uma geração mais recente. Autor de livros como “A Sombra do Vento” (2001) e “O Jogo do Anjo” (2008), Carlos Ruiz Zafón é considerado o escritor espanhol mais vendido de todos os tempos – ele morreu em 2020, aos 55 anos, vítima de câncer.

A carreira ainda lhe reserva diversas alvoradas. Formada em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com especialização em Gestão da Informação pela Uninter e Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela também soma em seu currículo atuações em entidades de classe com os conselhos federal e regional de Biblioteconomia.

Marta Sienna é enfática quando questionada sobre sua aposentadoria. “Enquanto eu tiver um objetivo e estiver bem física e mentalmente, não pretendo parar”, afirma.

O objetivo, no caso, é zelar para que as bibliotecas públicas do Paraná permaneçam abertas, relevantes e formando novos leitores. “O desafio agora é pensar e implementar ações para que as bibliotecas públicas se transformem em organismos vivos dentro dos municípios”, acrescenta.

Diretor da BPP desde 2021, o escritor Luiz Felipe Leprevost comemora. Segundo ele, Marta é uma presença fundamental no dia a dia do órgão. “A Marta Sienna é uma das mais respeitadas bibliotecárias do Brasil. É muito bom que a BPP possa contar com uma profissional desse gabarito”, diz.

“Ela insiste sempre na necessidade da tomada de consciência da sociedade em relação a tudo o que está em jogo quanto à existência das bibliotecas públicas. A Marta sabe que as bibliotecas têm de ser uma generalização do livre acesso aos livros. Eu e ela nos identificamos no entendimento de que as bibliotecas têm de ser lugares de encontro onde as coisas realmente acontecem”, afirma.

Fonte: Governo PR

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Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná

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O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações para aquisições de bens destinados à fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), biometano, biogás, metanol e CO2. 

Além disso, o decreto também concede a isenção do ICMS na aquisição de máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para geração de energia a partir do biogás, como bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros gases e ventiladores; coifas aspirantes, contadores de gases. As duas medidas buscam tornar o Paraná mais competitivo na atração de negócios em energia renovável, alavancando o desenvolvimento estadual.

O decreto internaliza os convênios 161/2024 e 151/2021, aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) durante o Encontro Nacional dos Secretários da Fazenda em dezembro. Com a regulamentação, as isenções já estão em vigor. 

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De acordo com o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, a ideia é justamente estimular investimentos em combustíveis sustentáveis no Paraná, colocando o Estado em posição de destaque no cenário nacional. “Queremos consolidar o Paraná como uma referência e um polo na produção de novas energia e incentivos fiscais, como a isenção do ICMS, são formas de pavimentar esse caminho, estimulando investimentos no setor”, explica.

Um dos objetivos da iniciativa, aponta Ortigara, está em tornar o biometano economicamente viável. “O Paraná já é o maior produtor de proteína animal do Brasil, então queremos aproveitar o potencial que já existe aqui para fomentar a cadeira de biogás e biometano. Temos potencial para sermos uma Arábia Saudita do combustível renovável”, diz. “É usar dejetos de animais para gerar energia e, com as novas isenções, facilitamos o caminho para tornar o Estado ainda mais sustentável”.

SUSTENTABILIDADE – Os esforços do Paraná em se tornar referência na produção de combustíveis sustentáveis a partir do reaproveitamento do potencial agrícola não se limita apenas à isenção do ICMS. Embora a medida assinada pelo governador estimule ainda mais o setor, o Estado já aposta na geração de energia renovável também por meio de outros programas, como o Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR).

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Executado pelo IDR-Paraná, ele incentiva os produtores rurais a produzir sua própria energia ou combustível. O Estado também subsidia os juros dos empréstimos usados pelos produtores para a implantação de projetos de energia renovável, por meio do Banco do Agricultor Paranaense.

Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o Paraná lidera com folga o número de plantas de biogás na região Sul, com 426 unidades instaladas, 348 delas da agropecuária. Em Santa Catarina são 126 plantas e no Rio Grande do Sul 84. O Paraná foi responsável com 53% do volume de geração de biogás na região no ano passado, com 461 milhões de metros cúbicos normais. .

Fonte: Governo PR

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