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Com foco nas mudanças climáticas, UEM pesquisa ribeirinhos amazônicos

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Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Maringá (UEM) retornou nesta quinta-feira (29) de uma série de atividades de campo em nove comunidades ribeirinhas do Estado do Amazonas, na região Norte do Brasil. O objetivo é elaborar planos de adaptação às mudanças climáticas para as pessoas que vivem às margens de rios em áreas rurais, e que dependem dos ecossistemas fluviais para as atividades produtivas de subsistência, como a pesca, a agricultura, o transporte e o abastecimento de água.

O projeto é desenvolvido no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais da UEM. As atividades são coordenadas pela professora Evanilde Benedito e envolvem o pesquisador de pós-doutorado Matheus Maximilian Ratz Scoarize, a estudante de doutorado Taís da Silva Siqueira e a estudante de mestrado Mariana Albuquerque de Souza. A expectativa do grupo é retornar para as comunidades no primeiro semestre de 2025, com as informações sobre os planos de ação para eventos climáticos extremos.

Durante um mês, a equipe acadêmica percorreu uma área rica em biodiversidade, nos municípios de Anori, Beruri e Tapauá, ao longo do Rio Purus, na região da Reserva Biológica do Abufari e da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, no centro-sul amazonense. As atividades também foram realizadas na comunidade do Lago Catalão, às margens do Rio Negro, em Iranduba, na região Metropolitana de Manaus. Os ribeirinhos vivem em casas flutuantes e em palafitas, que são moradias erguidas sobre pilares fixados no leito do rio.

O grupo coletou dados sobre as condições ambientais, socioeconômicas e culturais de centenas de ribeirinhos e promoveram oficinas participativas com os moradores, sem perder de vista a preservação das tradições e dos modos de vida das populações ribeirinhas. A ideia é usar a ciência para minimizar os impactos das transformações climáticas e ampliar a capacidade de adaptação diante dos desafios crescentes relacionados ao aumento das temperaturas e à variação das chuvas, que refletem no nível e no volume de água dos rios.

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Para a professora Evanilde Benedito, os eventos extremos recentes têm afetado as comunidades amazônicas em vários aspectos, desde o social até o econômico. “As comunidades tradicionais da região amazônica, que dependem de recursos naturais para a subsistência, enfrentam desafios significativos com as mudanças climáticas e esse projeto colaborativo busca identificar possíveis respostas para esses eventos e propor medidas para melhorar a qualidade de vida dessa população ribeirinha, com metodologias científicas que englobem a questões socioambientais”, explica.

Segundo o biólogo Matheus Scoarize, os relatos dos ribeirinhos demonstram como as secas e cheias severas impactam a realidade local. “Uma moradora revelou que durante uma das secas recentes o nível da água caiu tanto que as casas flutuantes encostaram no leito do rio, causando danos às estruturas”, afirma. “Outro ribeirinho mencionou que durante grandes secas o acesso à comunidade fica comprometido e os barcos não conseguiam chegar até as casas, obrigando os moradores a andar por um longo caminho a pé no sol intenso para buscar água e alimentos”.

Ele destaca que a programação foi pensada para que os moradores possam refletir sobre como os eventos climáticos estão impactando e devem afetar com mais intensidade as comunidades nos próximos anos. “As oficinas também abordaram os impactos financeiros na pesca, e as consequências sociais e de saúde enfrentadas pelas comunidades ribeirinhas em decorrência da variação do nível dos rios, especialmente durante as secas e cheias intensas”, salientou o pesquisador, que é doutor em Ciências Ambientais.

O projeto de pesquisa para a elaboração de planos de adaptação às mudanças climáticas conta, ainda, com oito pesquisadores, entre professores e alunos de graduação e pós-graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e das universidades federais do Amazonas (Ufam) e de Alagoas (Ufal). No período em que estavam desenvolvendo as atividades de campo na Amazônia, os pesquisadores dormiam em redes com mosquiteiros, em um barco contratado pela Ufam como alojamento.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL – A equipe acadêmica organizou atividades educativas para as crianças com a produção de desenhos que ilustraram as experiências pessoais e comunitárias, a fim de compreender como os períodos de seca e cheia refletem na vivência dos pequenos. Para os adolescentes, os pesquisadores da UEM desenvolveram um jogo temático de cartas, que se baseia na fauna aquática da bacia amazônica para educar sobre a biodiversidade local e a importância dos peixes da região. A ideia é integrar o aprendizado lúdico com o conhecimento sobre o meio ambiente, e proporcionar para o público infantojuvenil uma percepção da realidade ecológica e cultural.

INVESTIMENTO – Esse é um dos 39 projetos apoiados pela Iniciativa Amazônia+10, uma ação voltada para a pesquisa e a inovação tecnológica na Amazônia Legal, região que abriga o bioma Amazônia e compreende nove estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste: Acre; Amapá; Amazonas; Maranhão; Mato Grosso; Pará; Rondônia; Roraima; e Tocantins. Ao todo, a iniciativa mobiliza 19 estados e o Distrito Federal, com um investimento total de R$ 52 milhões para estudos colaborativos.

O Paraná participa de oito ações, todas apoiadas pelo governo estadual. O projeto para elaboração de planos de adaptação às mudanças climáticas dos povos ribeirinhos soma um investimento total de R$ 962,9 mil, sendo R$ 363,6 mil por meio da Fundação Araucária, instituição vinculada à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). O restante dos recursos, R$ 599,3 mil, é proveniente das fundações de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) e de Alagoas (Fapeal). O cronograma tem um prazo de três anos para execução.

Os demais projetos paranaenses apoiados pela Iniciativa Amazônia+10 envolvem as universidades estaduais de Londrina (UEL) e do Oeste do Paraná (Unioeste); a Universidade Federal do Paraná (UFPR); e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Fonte: Governo PR

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Decreto isenta de ICMS biogás, biometano e combustível sustentável de avião no Paraná

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O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta segunda-feira (05) o Decreto nº 9.817 que concede isenção sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em operações para aquisições de bens destinados à fabricação de combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), biometano, biogás, metanol e CO2. 

Além disso, o decreto também concede a isenção do ICMS na aquisição de máquinas, equipamentos, aparelhos e componentes para geração de energia a partir do biogás, como bombas de ar ou de vácuo, compressores de ar ou de outros gases e ventiladores; coifas aspirantes, contadores de gases. As duas medidas buscam tornar o Paraná mais competitivo na atração de negócios em energia renovável, alavancando o desenvolvimento estadual.

O decreto internaliza os convênios 161/2024 e 151/2021, aprovados pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) durante o Encontro Nacional dos Secretários da Fazenda em dezembro. Com a regulamentação, as isenções já estão em vigor. 

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De acordo com o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, a ideia é justamente estimular investimentos em combustíveis sustentáveis no Paraná, colocando o Estado em posição de destaque no cenário nacional. “Queremos consolidar o Paraná como uma referência e um polo na produção de novas energia e incentivos fiscais, como a isenção do ICMS, são formas de pavimentar esse caminho, estimulando investimentos no setor”, explica.

Um dos objetivos da iniciativa, aponta Ortigara, está em tornar o biometano economicamente viável. “O Paraná já é o maior produtor de proteína animal do Brasil, então queremos aproveitar o potencial que já existe aqui para fomentar a cadeira de biogás e biometano. Temos potencial para sermos uma Arábia Saudita do combustível renovável”, diz. “É usar dejetos de animais para gerar energia e, com as novas isenções, facilitamos o caminho para tornar o Estado ainda mais sustentável”.

SUSTENTABILIDADE – Os esforços do Paraná em se tornar referência na produção de combustíveis sustentáveis a partir do reaproveitamento do potencial agrícola não se limita apenas à isenção do ICMS. Embora a medida assinada pelo governador estimule ainda mais o setor, o Estado já aposta na geração de energia renovável também por meio de outros programas, como o Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR).

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Executado pelo IDR-Paraná, ele incentiva os produtores rurais a produzir sua própria energia ou combustível. O Estado também subsidia os juros dos empréstimos usados pelos produtores para a implantação de projetos de energia renovável, por meio do Banco do Agricultor Paranaense.

Segundo levantamento do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), o Paraná lidera com folga o número de plantas de biogás na região Sul, com 426 unidades instaladas, 348 delas da agropecuária. Em Santa Catarina são 126 plantas e no Rio Grande do Sul 84. O Paraná foi responsável com 53% do volume de geração de biogás na região no ano passado, com 461 milhões de metros cúbicos normais. .

Fonte: Governo PR

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