PARANÁ
Com apoio do Estado, residências inclusivas resgatam protagonismo de mulheres acolhidas
Publicado em
7 de março de 2023por
Itajuba TadeuJuliana de Fátima Braz é paranaense da cidade de Siqueira Campos, no Norte Pioneiro. Aos 14 anos, sofreu uma grande perda na família, a da avó, que cuidava da então adolescente. Para não ficar sozinha, ela foi acolhida em uma Casa Lar do município em que morava, onde permaneceu até os 18 anos. Diagnostica com déficit intelectual, além de questões psicossociais, Juliana passou por outros acolhimentos até chegar, em 2016, nas Residências Inclusivas de Irati, onde está até hoje, aos 30 anos.
Desde que foi acolhida, Juliana sempre se mostrou interessada e participativa nas atividades propostas pela equipe, em especial, no que diz respeito à sua educação. Ela concluiu o Ensino Médio em 2021 no Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos – Ceebja – e agora procura cursos profissionalizantes que sejam de seu interesse.
Além de atividades escolares, Juliana faz aulas de zumba, academia e psicoterapia individual, participa de forma ativa de atividades em grupos propostas por alunas de Psicologia da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), do Campus de Irati, e atividades propostas pela equipe técnica.
Durante o período de acolhimento foram trabalhados com ela temáticas envolvendo relacionamentos, educação e trabalho, autonomia e educação financeira, o que possibilita que tenha sua independência – na medida em que um acolhimento institucional permite – para criar vínculos positivos com a comunidade e assim, planejar e projetar escolhas para o seu futuro.
Ela afirma que é muito bom estar ali, receber carinho e amor das cuidadoras. “Eu tenho meu celular, meus cremes de cabelo, eu gosto muito daqui, da comida e também das cuidadoras”, relata.
O Governo do Paraná, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Social e Família, apoia com recursos a manutenção de duas Residências Inclusivas em Irati, no Sul do Estado, que atendem pessoas de todas as regiões. As residências são mantidas de forma compartilhada pelo Estado e o município e ofertam o serviço de acolhimento institucional de jovens e adultos com deficiência e têm, juntas, capacidade de atendimento de até 20 pessoas. Atualmente são 16 mulheres tuteladas.
As Residências Inclusivas de Irati já foram diversas vezes mencionadas em congressos e encontros do setor de assistências social como um bom exemplo para o Brasil. Além de possuir estrutura compatível com o que prevê as normativas e orientações técnicas do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), possuem uma metodologia de trabalho que valoriza ao máximo as potencialidades das usuárias, com respeito à individualidade.
As unidades recebem pessoas sem vínculos familiares, em situação de dependência ocasionada pela deficiência, com perspectivas limitadas de desenvolvimento de vida autônoma ou resgate de vínculos familiares.
Segundo a coordenadora desta área na Secretaria do Desenvolvimento Social e Família, Kelly Marques da Silva Wasilewski, o principal objetivo é fazer com que essas mulheres sejam integradas à sociedade e possam conviver de forma harmoniosa. “Aqui temos muitas histórias, e elas têm nosso respeito, cada pessoa merece nossa atenção e cuidado. Queremos contribuir com o tratamento delas em liberdade e fazer com que possam ter sua vida normal”, diz.
Ela explica que muitas mulheres estão acolhidas desde a infância, outras passaram por situações de violência. “A atenção e o cuidado dados nas Residências Inclusivas permitem que elas possam ter suas vidas restabelecidas e, principalmente, recuperem a autoestima”, ressalta.
“A execução do Serviço de Acolhimento Institucional para Jovens e Adultos com Deficiência em Residência Inclusiva é desafiadora, pois atende casos de alta complexidade e acolhe a diversidade de características e necessidades de cada pessoa, se pautando na individualidade”, completa.
O trabalho visa a reabilitação psicossocial de pessoas que vivenciaram situações de extrema de negligência e violação de direitos e agora frequentam escola, trabalham. Também há casos recentes de reintegração familiar de pessoas, graças ao trabalho de resgate de vínculos da equipe da residência.
Para o secretário do Desenvolvimento Social e Família, Rogério Carboni, este desempenho se deve ao trabalho de excelência ofertado pela equipe tanto do município quanto do Governo do Estado. “O que vemos aqui é a demonstração de amor, de carinho, cuidados que essas pessoas ofertam para as acolhidas. Irati é exemplo para o Brasil nesta área e isso se deve muito aos profissionais que realizam esse atendimento”, destacou.
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VÍNCULOS AFETIVOS – Um dos quesitos que colocam as residências de Irati como exemplo para o Brasil é a busca pelo restabelecimento das relações familiares, como a história de Geyzicélia Gomes Macedo, que está na residência há 7 anos. Seu acolhimento se deu por motivo de falecimento de sua mãe e que ela não apresentava condições de autossustentabilidade.
Geyzicélia vive em instituições há 22 anos. Seu primeiro acolhimento foi 1997, em entidade onde permaneceu por 15 anos. Depois, em 2013, foi encaminhada para Associação Padre João Ceconello, sendo transferida em 2014 para a Mallet, até chegar nas residências Inclusivas.
A partir do trabalho das assistentes sociais do município, Geyzi, como é tratada dentro da casa, restabeleceu o contato afetivo com o irmão, Marlos Ravy, no Mato Grosso do Sul. Geyzicélia também frequenta o comércio da cidade, restaurante, panificadoras, entre outros, sempre acompanhada, e realiza passeios com todas as demais pessoas acolhidas, com a escola e o Centro de Atenção Psicossocial de Irati.
Fonte: Governo do Paraná
PARANÁ
Ganhando o Mundo: últimos intercambistas começam a chegar com mala cheia de experiências
Published
2 horas agoon
23 de dezembro de 2024By
O Natal será com a família reunida e com diversas histórias para compartilhar para 27 alunos que voltaram do intercâmbio nos Estados Unidos nesta segunda-feira (23), dentro do programa Ganhando o Mundo. Eles desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, onde foram recebidos com muita emoção por pais e familiares depois de quatro meses estudando na América do Norte. Outros alunos devem chegar em janeiro.
Foram mil estudantes de escolas públicas paranaenses que tiveram a oportunidade de realizar um intercâmbio com as despesas pagas pelo Governo do Estado, após uma seleção que envolveu mais de 12 mil candidatos. A edição de 2025 será ainda maior e levará 1,2 mil alunos para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
O chefe do Departamento de Intercâmbios da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Marlon de Campos, destacou que a edição do Ganhando o Mundo deste ano foi um sucesso. “Todo o processo está sendo incrível. Foi o primeiro ano que nós tivemos mil alunos viajando, 950 deles já retornaram no primeiro semestre, e agora o restante está voltando”, ressaltou.
“Eles voltam com uma cabeça completamente mudada, muito mais atenciosos com a sua família, com a sua escola, com o seu espaço. Quando eles viajam e experienciam uma oportunidade tão diferente, não só da língua, mas também cultural e acadêmica, eles ampliam os seus horizontes e isso faz com que se tornem líderes”, acrescentou.
EXPERIÊNCIA DE VIDA — Entre as intercambistas que chegaram nesta segunda-feira está Isabella Parra Hass, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Rio Branco, em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado. Para ela, a principal conquista com o intercâmbio foi tornar-se uma pessoa mais independente. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Vivi coisas que eu nunca imaginaria viver, conheci pessoas incríveis e me tornei uma pessoa tão madura, independente, que eu nunca imaginei que eu conseguiria”, explicou.
Ela conta que pôde vivenciar a cultura americana na prática. “Fui líder de torcida e também gerente do time de basquete feminino. Foi muito legal vivenciar a cultura deles, do esporte, mas mais do que isso, saber que você consegue fazer algo quando realmente se quer muito. Uma oportunidade incrível que nunca imaginei que poderia ter e que graças ao Ganhando o Mundo consegui realizar um dos meus maiores sonhos”, disse, com os olhos ainda com lágrimas após encontrar os pais.
A família viajou cerca de 350 quilômetros para receber a filha, pouco para uma distância que já foi continental. “A gente viveu junto esse intercâmbio. Ela lá e eu acompanhando daqui, nos falando todos os dias, dando força nas horas das dificuldades e sorrindo, acreditando que tudo ia dar certo”, afirmou Maria Inez Parra Hass, mãe de Isabella.
“Agradeço ao Governo do Estado por esse intercâmbio, por esse projeto. Ela gostou muito da escola, construiu muitas amizades, foi muito bem recebida pela família e agora esse presente de Natal que estamos está recebendo com a chegada dela”.
Para Pedro Moreira Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha de Itaipu, no Oeste, o que mais lhe chamou sua atenção foi a cultura do esporte nos colégios americanos. “Eu não teria oportunidade de fazer um intercâmbio se não fosse por esse programa, para estudar numa verdadeira high school. Uma das coisas mais legais foi o esporte que pratiquei, participando do time de futebol americano, que foi incrível, e um pouco de wrestling”, ressaltou.
Outro destaque foi o aprimoramento da língua. “O meu inglês melhorou muito, o que vai me ajudar a ter um bom emprego. Fora isso, aprendi coisas novas, como comidas típicas de lá e que vou cozinhar para a minha família, além da neve, porque lá é bem gelado”, disse.
A mãe de Pedro, Katyussa Maiara Moreira, contava os minutos para chegada do filho, acompanhada do marido e da filha mais nova. “Começa a bater aquela ansiedade. A gente fala que não vai ficar nervosa, mas não tem como. É um orgulho como mãe saber que ele conquistou isso, que chegou onde chegou e só tenho muito a agradecer a Deus e ao Governo do Estado”, salientou.
“Ele se desenvolveu muito bem. No começo foi difícil, mas todo dia conversava com ele pelo WhatsApp, então estava longe, mas perto ao mesmo tempo. E agora ter ele aqui junto no Natal, poder passar o Ano-Novo era uma coisa que a gente queria muito”, celebrou o pai, Rodimar Silva.
Quem também vai ter muita história para contar é Amanda Samiria, de 16 anos, do Colégio Estadual Joaquim de Oliveira Franco, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela foi recebida pelos pais e amigos no saguão do aeroporto. “Ao mesmo tempo que apertava o coração, eu sabia que aquilo ia ser para o meu bem. Toda a independência, maturidade e responsabilidade que eu ganhei com esse programa foi incrível, uma oportunidade de estar vivendo em um outro país, de morar com uma outra família, com uma cultura totalmente diferente da minha”, comentou.
“Ao mesmo tempo que o coração está apertado por eu ter deixado minha segunda família lá nos Estados Unidos, também está muito alegre de reencontrar todo mundo, de ver o quanto eu sou amada aqui e o quanto tudo valeu a pena. Já tenho planos para compartilhar tudo o que eu aprendi, que eu não vou deixar só para mim, mas sim dividir com os outros, contar como foi a minha experiência para inspirar outras pessoas a também participarem”, acrescentou.
GANHANDO O MUNDO – Iniciado como projeto-piloto em 2022, o Ganhando o Mundo levou 100 estudantes para o Canadá, na América do Norte, naquele ano. Na segunda edição, outros 100 alunos tiveram a experiência de conhecerem uma outra cultura, desta vez com destino a Nova Zelândia, na Oceania.
Em 2023, o programa passou a incluir professores, com 96 docentes enviados para o Canadá e a Finlândia, países referências em educação. No mesmo ano, mais 40 alunos estudaram por um semestre letivo na França. Já em 2024, o número de intercambistas cresceu dez vezes, chegando a mil alunos que viajaram para países de língua inglesa, como Canadá, Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Além disso, 100 diretores de colégios estaduais embarcaram no meio do ano para um intercâmbio de duas semanas no Chile.
A próxima edição, em 2025, será ainda maior. Mais de 1,2 mil alunos da rede estadual terão como destino cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para Iowa, nos Estados Unidos, estado líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais pólos agrícolas do mundo).
Fonte: Governo PR
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