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Presidente do Instituto do Agronegócio prega responsabilidade na busca de soluções para a crise do setor

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O agronegócio, um dos alicerces da economia do Brasil, está atravessando um período turbulento, marcado por uma expressiva escalada na inadimplência. Em 2023, os pedidos de recuperação judicial por parte dos produtores rurais dispararam, registrando um alarmante aumento de 535%. Este cenário coloca em evidência a crescente pressão por renegociações de dívidas dentro do setor.

Contudo, a urgência de uma solução para a crise financeira enfrentada pelos produtores rurais acende um debate sobre os riscos de abordagens políticas precipitadas e superficiais no tratamento da renegociação das dívidas. Especialistas e lideranças do setor, como Isan Resende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA), alertam para as consequências potencialmente devastadoras de políticas mal planejadas.

Resende destaca a importância de proceder com cautela: “É crucial que a renegociação das dívidas rurais seja conduzida com a máxima responsabilidade. Políticas irresponsáveis, que não considerem o impacto sobre o mercado de crédito, ameaçam a estabilidade e o futuro do agronegócio no país”.

“O financiamento da produção agropecuária brasileira, que depende em grande medida do mercado de capitais — responsável por cerca de dois terços desse financiamento —, está em jogo. Uma renegociação desconsiderada pode levar à retração do crédito, elevando os custos de produção devido ao aumento das taxas de juros e prejudicando a rentabilidade do setor como um todo”, risou Resende.

“Além disso, a imagem do agronegócio brasileiro pode ser negativamente afetada, sendo vista sob a ótica da inadimplência no cenário internacional, o que comprometeria ainda mais nossa posição no mercado global”, lembra Isan.

“Para enfrentar essa crise é preciso um conjunto de medidas estratégicas, que passam pela redução dos custos de produção, a diversificação das culturas agrícolas, a facilitação do acesso ao crédito por meio de taxas mais acessíveis e o investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Tais iniciativas visam não apenas à recuperação imediata do setor mas também ao fortalecimento de sua sustentabilidade a longo prazo”.

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“O momento é de reflexão e ação coordenada. O agronegócio precisa de políticas bem fundamentadas e de uma visão estratégica que garanta sua recuperação e crescimento sustentável. A crise atual é um chamado à responsabilidade e à inovação, essenciais para que o setor continue sendo um dos pilares vitais da economia brasileira. A crise no agronegócio brasileiro exige medidas urgentes e responsáveis. No entanto, a ação política precipitada e mal planejada, sob o pretexto de solucionar a crise de inadimplência dos produtores rurais, pode gerar consequências devastadoras para o setor e para a economia nacional como um todo”.

Para o presidente do Instituto do Agronegócio, a irresponsabilidade na esfera política se manifesta em promessas irreais e soluções mágicas: “A busca por soluções fáceis e imediatistas, sem considerar os impactos a longo prazo, pode levar a medidas que comprometem a sustentabilidade do setor; falta de diálogo e participação dos agentes envolvidos, ignorando as perspectivas e necessidades dos produtores rurais, das instituições financeiras e de outros especialistas, que pode resultar em políticas ineficazes e prejudiciais; priorização de interesses particulares em detrimento do bem-estar coletivo, gerando políticas direcionadas a beneficiar grupos específicos, em vez de buscar soluções abrangentes que atendam ao conjunto do setor, podem gerar distorções no mercado e comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro”, alerta o presidente.

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Para ele, as consequências da ação política irresponsável podem ser graves, gerando prejuízo, por exemplo, ao mercado de capitais, responsável por cerca de dois terços do financiamento da produção agropecuária brasileira. “Uma renegociação irresponsável das dívidas rurais pode levar à retração do crédito, elevando os custos de produção e prejudicando a rentabilidade do setor. O agronegócio é um dos principais pilares da economia brasileira, respondendo por cerca de 20% do PIB. A crise no setor pode ter um efeito dominó, afetando outros setores da economia e gerando desemprego”.

Isan Rezende disse que é fundamental que a ação política seja norteada por responsabilidade e compromisso com o futuro do agronegócio. “As medidas tomadas devem ser cuidadosamente planejadas e baseadas em estudos técnicos, visando soluções duradouras e que assegurem a competitividade do setor no mercado internacional. A construção de soluções eficazes exige a participação ativa dos produtores rurais, das instituições financeiras, dos especialistas e da sociedade civil como um todo. Além disso, as políticas públicas para o agronegócio devem considerar os impactos sociais, ambientais e econômicos, buscando soluções que conciliem a produtividade com a preservação dos recursos naturais e a promoção do desenvolvimento social. A responsabilidade de evitar os riscos da ação política irresponsável é de todos nós. Devemos cobrar dos nossos representantes políticos medidas responsáveis e comprometidas com o futuro do agronegócio brasileiro”, alertou o presidente do IA, completando: “Somente por meio de um diálogo aberto, transparente e construtivo, com a participação de todos os setores da sociedade, poderemos superar a crise atual e construir um futuro sustentável para o agronegócio brasileiro”.

 

Fonte: Pensar Agro

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Safra de cana recua no Centro-Sul, mas produção de etanol bate recorde

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Mesmo com uma queda expressiva na quantidade de cana-de-açúcar colhida, o setor sucroenergético do Centro-Sul do Brasil conseguiu encerrar a safra 2024/2025 com um feito histórico: a maior produção de etanol já registrada. Foram mais de 34,9 bilhões de litros do biocombustível, superando a marca da safra anterior e reforçando o papel estratégico da agroenergia para o país.

Entre abril de 2024 e março de 2025, a moagem total da região somou 621,8 milhões de toneladas, quase 33 milhões a menos do que o volume processado na safra anterior — uma queda de 4,98%. Mesmo assim, a produção de etanol cresceu 4%, impulsionada principalmente pela maior destinação da cana para esse fim e pelo aumento expressivo do etanol de milho.

Os dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), em relatório quinzenal divulgado nesta segunda-feira (14.04), revelam uma safra marcada por dificuldades no campo, mas também por respostas rápidas e eficientes das usinas.

A queda na moagem tem explicação clara: o rendimento agrícola despencou. Após um ciclo excepcional em 2023/2024, a produtividade média das lavouras recuou 10,7%, ficando em 77,8 toneladas por hectare colhido. A seca prolongada e o estresse hídrico durante o desenvolvimento da cana foram determinantes para essa redução. O impacto foi ainda maior em São Paulo, principal estado produtor da região Centro-Sul, onde a produtividade caiu 14,3% em relação ao ciclo anterior.

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Além da seca, outro fator agravou a situação nas lavouras: os incêndios. Regiões produtoras, especialmente no interior paulista, enfrentaram uma onda de queimadas no segundo semestre de 2024, muitas delas provocadas por ação humana. Mesmo com o esforço das unidades industriais para conter os danos, as perdas foram inevitáveis.

A consequência direta da menor oferta de cana foi a redução na produção de açúcar, que caiu 5,31% em comparação com a safra anterior, totalizando 40,1 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, o setor decidiu destinar uma fatia maior da matéria-prima para a produção de etanol: 51,95% da cana colhida foi transformada em biocombustível.

Essa decisão se mostrou acertada. A demanda pelo etanol hidratado cresceu e puxou a produção, que saltou para 22,5 bilhões de litros — uma alta de 10,2%. Já o etanol anidro, usado na mistura com a gasolina, teve queda de 5,6%, fechando o ciclo com 12,3 bilhões de litros.

Um destaque importante, segundo a entifdade, foi o avanço do etanol de milho, que atingiu volume recorde de 8,19 bilhões de litros, representando quase um quarto de toda a produção de etanol da região. O aumento foi de mais de 30% em relação à safra anterior, mostrando que o cereal vem ganhando espaço no mercado de biocombustíveis.

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Mesmo com menos cana por hectare, a qualidade da matéria-prima colhida subiu. O índice de ATR, que mede a quantidade de açúcar recuperável por tonelada de cana, aumentou 1,33% e chegou a 141,07 kg por tonelada. Isso mostra que, apesar das adversidades climáticas e operacionais, as usinas conseguiram extrair mais rendimento da cana processada.

Outro ponto positivo foi a capacidade de adaptação da indústria. Mesmo em cenário desafiador, as unidades ajustaram o mix de produção e conseguiram ampliar a fabricação de etanol, especialmente o de milho, cuja cadeia vem se consolidando rapidamente no Brasil central.

Fonte: Pensar Agro

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