Problema pode acarretar perdas por mortalidade ou, ainda, descarte sem aproveitamento dos animais.
Em busca do alto desempenho nas granjas, a produção de matrizes suínas deve ser acompanhada de perto, pois prejuízos nessa fase podem se estender aos leitões, comprometendo o desempenho do lote. “É o caso do prolapso retal ou uterino, que podem ocorrer simultaneamente. Esse problema ocorre tanto antes, durante e, principalmente, no pós-parto. Estudos citam que para cada 1% de mortalidade de fêmeas por prolapso, o custo é de US$ 0,11 por leitão desmamado”, alerta Daniel Favero da Rosa, consultor técnico da Trouw Nutrition.
O prolapso em matrizes suínas pode ter origem em diferentes frentes do processo produtivo, explica segundo Favero. Ele pode ocorrer como reflexo da qualidade e consumo da água pela matriz, escore corporal inadequado, desequilíbrio nutricional, baixa imunidade, aumento de pressão intra-abdominal e falta de infraestrutura da granja. “A presença de micotoxinas nas matérias-primas das rações também pode desencadear essa condição nas fêmeas. Afinal, são substâncias produzidas por fungos, que têm impacto tanto no desempenho do animal como para o sistema reprodutivo. Temos que levar em consideração que cada vez mais identificamos a presença de diferentes micotoxinas e se tem poucos estudos sobre os efeitos das interações entre elas nos suínos”, completa o consultor.
Há vários outros problemas secundários em decorrência do prolapso, como maior retenção de fêmeas com ordem de parição avançada ou de risco, interferências no fluxo de produção, aumento da utilização de leitoas, perda financeira por mortalidade e descarte sem aproveitamento. Já para os leitões, aumenta o número de mães de leite, o que resulta em baixa imunidade e mais animais com necessidade de suplementação na dieta. “Sem mencionar a frustração da equipe e dos consultores, que não sabem a origem do problema e tem dificuldades para encontrar a solução. Por isso, é extremamente importante identificar os fatores de risco de cada propriedade”, reforça Daniel Favero.
Entre as principais recomendações do especialista da Trouw Nutrition estão: atenção individual às fêmeas diariamente e, principalmente, quando os prolapsos ocorrem, obter os dados do ocorrido, incluindo identificação da origem genética, ordem de parição, escore corporal, se tinha escore perineal e, em caso positivo, detalhar o grau. “Também é importante notar se a matriz apresentava tosse ou problema locomotor e se havia água em quantidade e qualidade suficiente. É preciso saber a duração do parto, se houve intervenção (toque) no parto, quantos nascidos totais no parto atual e no anterior, entre outros fatores que podem ser sinais que passaram despercebidos – porém podem e devem ser colocados em um check list para melhor entendimento do problema”.
O problema é grave, mas existem medidas preventivas, como higiene da granja – fundamental para baixar a pressão de infecções, com a utilização de detergentes e desinfetantes – atenção com manejos de movimentação de fêmeas e de arraçoamento pré-parto, limpeza de silos, sinalizar na maternidade as fêmeas com histórico de risco, etc. Ainda a sazonalidades influencia na ocorrência, pois já se sabe que as temperaturas baixas intensificam o problema.
“Como este problema pode ter origem multifatorial, quanto mais dados estiverem disponíveis, melhor serão as ações de prevenção e controle. Existem muitas teorias sobre as possíveis causas, porém ainda são necessários mais estudos e dados para auxiliar o trabalho dentro da granja”, explica Daniel.
Para combater a contaminação por micotoxinas, também é possível contar com adsorventes, que sequestram a substância tóxica sem afetar a integridade dos grãos e da ração. Além disso, o leque de ferramentas para controle do prolapso inclui o tratamento da água com ácidos orgânicos, os quais melhoram a eficiência digestiva, estimulam o consumo de água e atuam sobre bactérias patogênicas”, recomenda o consultor da Trouw Nutrition.