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Com a alta nos preços, surge o café fake

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O café, bebida que faz parte do dia a dia de milhões de brasileiros, está no centro de uma polêmica que mistura economia, saúde e até mesmo ética no mercado. Nos últimos 12 meses, o preço do café torrado e moído subiu impressionantes 39,6%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em dezembro de 2024, o quilo do produto chegou a custar, em média, R$ 48,90. Agora, em fevereiro, já ultrapassa a barreira dos R$ 50. Com essa alta, muitos consumidores estão buscando alternativas mais baratas, e é aí que entra o chamado “cafake” – um produto que imita o café, mas não é feito da semente tradicional.

Evolução dos Preços do Café (2022-2025):

  • 2022: O preço médio do café arábica iniciou uma trajetória de aumento devido a condições climáticas adversas que afetaram a produção.
  • 2023: A continuidade de secas e temperaturas elevadas em regiões produtoras manteve os preços em patamares elevados.
  • 2024: Observou-se um aumento de quase 33% no preço do café moído até novembro, com o pacote de 1 kg sendo comercializado, em média, a R$ 48,57.
  • 2025: Em janeiro, a saca de 60 kg de café arábica atingiu R$ 2.301,60, a maior cotação em 27 anos.

O “cafake”, ou “café fake”, como vem sendo apelidado, é uma mistura produzida a partir de partes da planta do café que não são as sementes, como cascas, folhas e até mesmo palha. Esses ingredientes são torrados, moídos e aromatizados para simular o sabor do café tradicional. Apesar de ser vendido como “bebida sabor café”, o produto não contém a matéria-prima original do café, o que tem gerado críticas de entidades do setor e preocupação entre os consumidores.

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A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) já se posicionou contra a prática. Celírio Inácio da Silva, presidente da entidade, classificou o “cafake” como uma tentativa clara de enganar o consumidor. “É um produto que não é café, mas se aproveita da imagem e do hábito do brasileiro de consumir a bebida”, afirmou em entrevista à agência Reuters. A Abic já identificou a venda desses produtos em cidades como Bauru, no interior de São Paulo, e alertou autoridades como o Ministério da Agricultura e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Um dos produtos em questão é o “Oficial do Brasil”, fabricado pela empresa Master Blends. A embalagem traz a descrição “bebida sabor café tradicional”, mas, segundo a fabricante, não há intenção de enganar o consumidor. Em nota, a empresa afirmou que o produto é um “subproduto do café”, feito com polpa de café torrada e moída, e que a embalagem deixa claro que se trata de uma bebida à base de café, e não do grão puro. “Criamos esse produto para atender uma classe que está sofrendo com a alta dos preços”, explicou a empresa, que está no mercado há 32 anos.

A Master Blends ainda comparou a situação com outros casos conhecidos, como a substituição do leite condensado por misturas lácteas e a troca de chocolate por “cobertura sabor chocolate” em bombons. No entanto, a Abic reforça que o “cafake” pode confundir o consumidor, já que a embalagem é semelhante à do café tradicional, e o preço é significativamente mais baixo. Enquanto um pacote de 500g do “cafake” pode ser encontrado por R12aR 14, o café original custa cerca de R$ 30.

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Além da questão econômica, há preocupações com a saúde. A Abic alerta que produtos como o “cafake” precisam de autorização da Anvisa para garantir a segurança alimentar. A Master Blends afirma que possui essa autorização, mas a entidade teme que a proliferação desses produtos possa levar a uma desvalorização do café brasileiro, afetando a imagem do setor no mercado internacional. “Se não combatermos isso, as pessoas podem começar a beber esse ‘café’ e achar que não gostam de café de verdade”, destacou Silva.

A polêmica do “cafake” reflete um momento delicado para o mercado de café no Brasil. Enquanto os preços continuam altos, os consumidores buscam alternativas, e a indústria tenta equilibrar a oferta de produtos acessíveis sem comprometer a qualidade e a transparência.

A questão agora está nas mãos das autoridades, que precisam avaliar se esses produtos estão de fato cumprindo as normas de segurança e se não estão enganando o consumidor. Enquanto isso, o brasileiro, conhecido por seu amor ao café, precisa ficar atento ao que está levando para casa.

Fonte: Pensar Agro

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Já está disponível a nova Revista Pensar Agro

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A nova edição da revista Pensar Agro que já está disponível traz uma análise dos desafios impostos ao agronegócio brasileiro. A matéria de capa denuncia a tentativa do Governo Federal de desviar a atenção de sua má gestão, acusando injustamente o agro de ser o responsável pela alta dos preços dos alimentos.

A revista desmonta essa narrativa e mostra como as medidas adotadas pelo governo têm sido ineficazes no combate à inflação, enquanto o setor segue como pilar da economia, representando mais de 25% do PIB e garantindo quase metade das exportações nacionais.

Na coluna Agro Arábia, a Pensar Agro traz uma entrevista exclusiva com Ahmed Khater, CEO da KGS Industry, uma gigante do setor de fertilizantes e sementes agrícolas, com sede no Egito. Khater fala sobre a estrutura da empresa e sua posição estratégica na 2ª Zona Industrial de El-Noubareya, El-Beheira, que permite atender com eficiência diversos mercados globais.

Em comemoração ao Mês da Mulher, a colunista Tatiane Barbleri apresenta o artigo “A liderança feminina no agronegócio: oportunidades e desafios”, destacando como as mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no setor, superando desafios históricos e assumindo papéis estratégicos em um mercado que exige inovação e gestão eficiente.

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Além disso, a edição traz artigos de especialistas sobre temas fundamentais para o agronegócio, como:

  • “Segurança jurídica e planejamento sucessório: o impacto da regulamentação do ITCMD”

  • “Agricultura 5.0: inteligência artificial e sustentabilidade na era da conectividade total”

  • “O agronegócio brasileiro e as novas estruturas de fomento: oportunidades e perspectivas”

  • “Impactos das tarifas comerciais entre EUA, Canadá e China na aviação agrícola e no agronegócio brasileiro”

A Pensar Agro traz ainda a análise do presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende, sobre a importância da reciprocidade e da retaliação comercial como ferramentas para um comércio mais justo. Rezende argumenta que essas medidas são essenciais para equilibrar as relações comerciais do Brasil, garantindo maior competitividade ao setor agropecuário, segurança aos produtores rurais e proteção aos investimentos e direitos de propriedade intelectual.

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Fonte: Pensar Agro

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