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Colheita avança rápido e anima mercado, mas produtor segue cauteloso

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A safra 2024/25 de soja está sendo colhida em ritmo acelerado no Brasil, impulsionando a oferta do grão no mercado interno e estimulando as negociações. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 20 de abril, 92,5% da área cultivada já havia sido colhida, número que supera tanto o mesmo período do ano passado (83,2%) quanto a média dos últimos cinco anos (90,8%).

Esse avanço no campo, no entanto, não se reflete automaticamente em um volume maior de vendas. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo com o bom ritmo de colheita, muitos produtores têm adotado uma postura cautelosa na hora de comercializar a produção. O motivo principal é a combinação de fatores externos que têm afetado os preços, como a volatilidade do dólar e a redução dos prêmios de exportação.

Com isso, apesar da maior disponibilidade do grão, parte dos agricultores está preferindo segurar os lotes na esperança de conseguir preços melhores mais à frente. A demanda interna segue firme, o que tem ajudado a manter as cotações em níveis razoáveis. Ainda assim, o mercado não está tão aquecido quanto poderia, justamente por causa desse comportamento mais estratégico dos produtores.

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Nos estados produtores, a colheita já foi concluída em São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. O Mato Grosso, líder nacional na produção de soja, praticamente encerrou os trabalhos, com 99,9% da área colhida. Minas Gerais (99,6%), Bahia e Paraná (ambos com 99%) também estão quase finalizando. Já o Rio Grande do Sul, afetado pelo excesso de chuvas, ainda tem 63% da área colhida.

A cautela dos produtores também se justifica pelo histórico recente do mercado. Quem vendeu cedo nas últimas safras, em alguns casos, recebeu menos do que quem esperou. Essa memória recente tem feito com que muitos optem por negociar aos poucos, garantindo o fluxo de caixa sem abrir mão da possibilidade de uma recuperação de preços.

Além da soja, a colheita do milho verão também avança bem. Até 20 de abril, 68,2% da área plantada havia sido colhida, avanço de 11,5 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ciclo anterior. O Paraná já finalizou a colheita, e o Rio Grande do Sul está com 86% da área colhida.

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No caso do arroz, os trabalhos também estão adiantados: 76,1% da área foi colhida, 23,2 pontos percentuais à frente da safra anterior. Em relação à média dos últimos cinco anos, porém, há um pequeno atraso de 0,8 ponto.

O momento, portanto, é de boa produtividade e colheita acelerada, mas com o pé no freio na hora de vender. Em meio às incertezas do mercado internacional e do câmbio, o produtor rural mostra que, mais do que colher bem, também é preciso saber a hora certa de negociar.

Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIO

Gargalo logístico trava exportação de café e provoca prejuízos milionários

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O café brasileiro, reconhecido mundialmente pela qualidade, está enfrentando um problema que nada tem a ver com o clima ou pragas. Em março, mais de 637 mil sacas do grão deixaram de ser exportadas por causa dos gargalos logísticos nos principais portos do País, segundo levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O resultado é preocupante: o Brasil deixou de arrecadar R$ 1,51 bilhão em exportações só nesse mês.

Isan Rezende

A situação virou motivo de revolta no campo. Para o presidente do Instituto do Agronegócio, Isan Rezende, o problema está onde não deveria estar: na falta de infraestrutura para escoar o que o agro produz com excelência. “Tem café pronto, embalado, vendido. Mas está parado no pátio do porto. O produtor rural faz sua parte, planta, colhe, entrega. E perde no final porque o Brasil não garante o básico: estrada boa, porto eficiente, transporte que funcione”, desabafa.

Só com custos extras em março — como armazenagem, taxas de permanência e manobras fora do padrão — os exportadores gastaram R$ 8,9 milhões a mais do que o planejado. Desde junho do ano passado, essas despesas acumuladas já passam dos R$ 66,5 milhões.

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“Isso impacta diretamente o bolso do produtor”, continua Isan. “Quando o café não embarca, a receita não entra. O produtor sente isso lá na fazenda, porque o preço pago lá na ponta depende da exportação. O problema logístico vira problema financeiro no campo.”

Mesmo com projetos sendo anunciados, como melhorias no Porto de Santos e novas vias de acesso na Baixada Santista, Isan é direto: “O agro precisa de soluções agora, não daqui cinco ou dez anos.” Para ele, enquanto se fala em obras futuras, o prejuízo presente já afeta quem sustenta a economia do País.

A crítica de Isan Rezende também vai além do café. Ele alerta que toda a produção agropecuária está em risco com a atual estrutura defasada. “Se é o café hoje, amanhã pode ser o milho, a soja, o boi. Sem infraestrutura, o agro trava. E quando o agro trava, o Brasil para”, afirma.

A preocupação tem fundamento. O agronegócio responde por cerca de 25% do PIB nacional, e o café é uma das culturas mais tradicionais e rentáveis do País. Goiás, por exemplo, vem se destacando não só com grãos e carne, mas também com a produção de café em regiões específicas, que poderiam crescer ainda mais se o escoamento funcionasse.

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Enquanto isso, milhares de sacas seguem paradas nos portos, esperando liberação. E o produtor rural, mais uma vez, paga a conta de um Brasil que colhe muito, mas não consegue embarcar a tempo o que planta com tanto esforço.

Fonte: Pensar Agro

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