Passado o feriado prolongado do Dia do Trabalho, o principal tema que deve dominar as conversas no setor agropecuário é a elaboração do Plano Safra 2025/2026. Durante o encerramento da Agrishow, nesta sexta-feira (02.05), em Ribeirão Preto (SP), o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, defendeu urgência no diálogo entre o governo federal e os representantes do setor produtivo para definir as diretrizes do próximo plano.
Segundo o ministro, a intenção é antecipar as negociações para maio, evitando que o debate fique para junho, como tradicionalmente ocorre. “Conversei com a direção da Abimaq e também com a direção da Agrishow para que possamos ir a Brasília falar com os ministros, a fim de não deixar essa conversa para junho, mas iniciá-la já em maio, discutindo como viabilizar os recursos de financiamento para o agricultor”, afirmou Teixeira, que esteve acompanhado de lideranças da indústria de máquinas e dos organizadores da feira.
Na avaliação do ministro, o novo Plano Safra precisa ser robusto, com foco em garantir acesso dos produtores a tecnologias e crédito para modernizar a produção agrícola nacional.
Do lado do Congresso, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) já apresentou suas propostas na última terça-feira (29.04), durante reunião da bancada. A entidade defende um modelo mais eficiente, seguro e sustentável de financiamento ao agro, com ampliação dos recursos públicos, reforço ao seguro rural e a criação de uma política agrícola plurianual, semelhante à Farm Bill americana.
Entre os principais pontos defendidos pela FPA está o aporte de R$ 25 bilhões para a equalização de juros — custo que recai sobre o Tesouro Nacional — e a destinação de pelo menos 1% do valor total do Plano Safra (cerca de R$ 5,99 bilhões) para a subvenção ao seguro rural. A medida busca dar previsibilidade ao produtor e evitar paralisias no crédito, como a que ocorreu em fevereiro deste ano.
“Essa equalização, que é o que de fato custa para os cofres públicos, teria que ter necessidade de pelo menos R$ 25 bilhões”, afirmou o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR). A expectativa da bancada é de que a Selic esteja próxima de 15% em julho, o que pressiona ainda mais os custos do crédito rural.
Diante das recentes perdas causadas por eventos climáticos extremos, como os prejuízos no Rio Grande do Sul e no Centro-Oeste, a FPA também propõe o fortalecimento do seguro rural e a criação de um Fundo de Catástrofe. Além disso, busca incluir no Plano Safra 2025/26 uma política agrícola de longo prazo, com horizonte de cinco anos, para dar maior estabilidade ao setor.
A entidade elencou ainda seis prioridades estratégicas: continuidade do crédito, fontes sustentáveis de financiamento, ambiente regulatório favorável, garantias de preço, equalização de juros e fortalecimento do seguro rural.
As propostas foram construídas com base nas contribuições das 59 entidades que integram o Instituto Pensar Agro (IPA) e serão formalmente protocoladas nos próximos dias, dando início às negociações com os Ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário, da Fazenda e com o Tesouro Nacional.
Para a próxima safra, estima-se que o crédito necessário à agropecuária brasileira alcance R$ 1,3 trilhão, sendo R$ 599 bilhões via Plano Safra. Os parlamentares defendem que o governo adote uma postura de Estado, independente de disputas políticas ou ideológicas.
“O governo não pode se dar ao luxo de ignorar um setor tão estratégico como o agro. Essa é uma questão que vai além de qualquer desempenho político”, reforçou Lupion.
Fonte: Pensar Agro