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Pressão de oferta e demanda em queda impacta o mercado do boi gordo

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A elevação dos preços das carnes no último mês levou os consumidores a priorizarem proteínas mais acessíveis, como frango e carne suína. Esse movimento, somado ao aumento da oferta de gado, tem pressionado o mercado do boi gordo, resultando em quedas generalizadas nas cotações em várias regiões do Brasil.

Na última semana, a arroba do boi gordo desvalorizou R$ 5,00, enquanto a vaca e a novilha recuaram R$ 3,00 e R$ 2,00 por arroba, respectivamente. No mercado físico, os preços do boi gordo permaneceram acomodados ao longo da sexta-feira (13), e a tendência para a próxima semana continua sendo de queda, devido à posição confortável das escalas de abate, que estão entre nove e dez dias úteis na média nacional.

Em Mato Grosso, referência nacional no setor pecuário, as cotações também registraram quedas expressivas. Na região Norte, o preço caiu R$ 5,00/@ para todas as categorias, enquanto no Sudeste a arroba da novilha recuou o mesmo valor. Em Cuiabá, todas as categorias acompanharam essa desvalorização. Apenas o Sudoeste do estado manteve estabilidade nos preços. As escalas de abate no estado variam de sete a doze dias, refletindo o aumento da oferta.

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O mercado externo também não apresentou resultados animadores. Na primeira semana de dezembro, o volume médio diário de exportações de carne bovina in natura foi o mais baixo desde março, com 43 mil toneladas embarcadas no total, equivalente a uma média diária de 8,6 mil toneladas. Esse volume representa uma redução de 17,4% em relação ao mesmo período de 2023.

Apesar disso, o preço médio da tonelada exportada teve alta de 8,5% em comparação anual, atingindo US$ 4,9 mil. Esse aumento nos preços amenizou parcialmente os impactos negativos para o setor, mas a redução no volume exportado reflete um cenário de menor demanda internacional.

O consumo interno também apresenta desafios. A redução no poder de compra do consumidor brasileiro tem direcionado a demanda para proteínas mais acessíveis, como frango, carne suína e ovos. Essa mudança reduz ainda mais a procura por carne bovina, impactando as cotações no mercado doméstico.

Outro fator que contribui para o cenário atual são as paralisações de final de ano. Muitas indústrias realizam manutenções programadas, o que reduz temporariamente a demanda por gado para abate. Em várias regiões do país, as escalas de abate permanecem confortáveis, com média de sete dias, destacando o excesso de oferta frente à redução da procura.

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Com a combinação de oferta elevada, demanda interna retraída e resultados tímidos no mercado externo, o setor pecuário enfrenta desafios consideráveis. A expectativa para as próximas semanas é de continuidade na pressão sobre os preços, enquanto produtores e indústrias aguardam sinais de recuperação na demanda interna e externa para reequilibrar o mercado.

Fonte: Pensar Agro

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Guerra comercial e clima nos EUA criam cenário de alerta para o mercado mundial de grãos

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A nova safra de grãos dos Estados Unidos começou em meio a um dos momentos mais turbulentos dos últimos anos para os mercados globais, pressionados pela guerra comercial deflagrada pelo presidente norte-americano Donald Trump. No último sábado (05.04), entrou em vigor o chamado “tarifaço” que impôs e barreiras a produtos de 57 países (até ilhas onde só moram pinguins foram afeitadas), acirrando tensões com grandes parceiros comerciais, incluindo a China. O impacto ainda está sendo digerido pelo mercado, mas já se sabe que essas medidas vão alterar o fluxo global de comércio, especialmente no setor agrícola, com reflexos importantes para o Brasil.

Ao mesmo tempo em que os mercados reagem às novas tarifas, o plantio nos Estados Unidos começou com ritmo semelhante ao do ano passado. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), até o último domingo (3), os produtores haviam plantado 2% da área destinada ao milho, o mesmo patamar observado em 2024. O Texas lidera os trabalhos de campo, com 59% da área já semeada, mantendo o mesmo desempenho da safra anterior. Outros estados, que juntos representam 92% da produção norte-americana, ainda têm avanço tímido, com números de um dígito.

Apesar do bom começo, o clima é hoje o principal ponto de atenção. A primavera norte-americana tem sido marcada por extremos: fortes enchentes em regiões importantes de produção e seca persistente em outras. Estados como Arkansas e Kentucky registraram mais de 250 milímetros de chuva em apenas cinco dias, o que deverá atrasar o avanço do plantio. Em contrapartida, áreas do Corn Belt mais a oeste, como Iowa, Illinois e Minnesota, ainda sofrem com falta de umidade adequada no solo.

O Drought Monitor, sistema oficial que monitora a seca nos EUA, indica que várias regiões-chave seguem em situação delicada. Para os próximos dias, a previsão aponta chuvas acima da média para o oeste dos EUA e precipitações mais regulares no centro do país, o que pode ajudar na recomposição da umidade do solo, mas também aumentar os riscos de atraso nas lavouras já afetadas pelas inundações.

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Em meio a esse cenário climático desafiador, o mercado internacional observa com atenção os desdobramentos da guerra comercial. A imposição de tarifas tende a reduzir a competitividade dos produtos norte-americanos em várias frentes, o que pode favorecer o Brasil na conquista de novos mercados, principalmente em produtos como soja, milho e carne.

No entanto, no caso específico do milho, o impacto das tarifas ainda é limitado. As exportações norte-americanas seguem firmes, com mais de 35,5 milhões de toneladas embarcadas até agora, um crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Isso mostra que, apesar da tensão comercial, o milho dos EUA continua competitivo e com boa demanda global.

Imagem: assessoria

Especialistas explicam que o milho está sendo menos afetado pelas tarifas do que a soja, por exemplo, que tem um mercado mais centralizado e dependente de acordos bilaterais. A soja tende a sentir mais os efeitos da guerra comercial, enquanto o milho deverá ser mais influenciado, neste momento, pelo clima nos Estados Unidos. O chamado “weather market” — mercado climático — ganha força nas próximas semanas, à medida que o desenvolvimento das lavouras se torna o principal fator de influência nos preços.

Para o presidente do Instituto do Agronegócio(IA),  Isan Rezende (foto), o atual cenário representa uma combinação de risco e oportunidade. Se por um lado a instabilidade global exige cautela nas decisões comerciais, por outro, a disputa entre os EUA e seus parceiros abre espaço para o país ampliar sua presença no comércio mundial de grãos.

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“O produtor rural deve acompanhar de perto tanto os desdobramentos da guerra comercial quanto as atualizações sobre o clima no Meio-Oeste americano, já que esses dois fatores serão determinantes para o comportamento dos preços nas próximas semanas. O produtor brasileiro deve estar preparado para oscilações, mas também otimista. A demanda mundial por alimentos continua firme, e o Brasil está bem posicionado para suprir essa necessidade. Com estratégia e planejamento, temos tudo para sair fortalecidos dessa reconfiguração global”, recomendou Rezende.

“O tarifaço imposto pelos Estados Unidos cria uma ruptura importante nas cadeias globais de comércio, e o agronegócio brasileiro precisa estar atento às oportunidades que isso pode gerar. Com os americanos perdendo competitividade em alguns mercados, o Brasil tem chance de avançar, principalmente na exportação de milho, soja e carnes”.

Para Isan, apesar do bom ritmo inicial do plantio nos EUA, o clima tem se mostrado bastante desafiador. “Isso pode afetar o desempenho da safra americana e, consequentemente, abrir mais espaço para o nosso produto lá fora. Mas é preciso acompanhar com cautela, porque o mercado está extremamente volátil. Esse novo cenário geopolítico e climático exige do Brasil agilidade e inteligência comercial. Precisamos fortalecer nossos acordos bilaterais, diversificar destinos e consolidar nossa posição como fornecedor confiável, aproveitando a janela deixada pelos Estados Unidos”, comentou Isan Rezende.

Fonte: Pensar Agro

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