NOVA AURORA

AGRONEGÓCIO

Depois da soja, agora a mosca branca ataca lavouras de feijão

Publicado em

A mosca branca se tornou uma séria ameaça à produção de feijão em diversos estados brasileiros, afetando tanto a segunda safra, em fase final de desenvolvimento e colheita, quanto a terceira safra, que está sendo semeada neste momento.

O presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), Marcelo Luders, alerta que a pressão da praga está bem acima do registrado nos últimos três anos, inclusive em regiões que antes não costumavam enfrentar esse problema. “O Sul e o Sudeste do Paraná, além do Norte do estado, registraram casos, assim como a região de Guaíra em São Paulo e Minas Gerais”, relata.

No Paraná, com 86% da safra de feijão já colhida, o Deral (Departamento de Economia Rural) estima que áreas significativas sofreram com condições climáticas adversas e alta pressão da mosca branca, resultando em perdas de produtividade.

“Os municípios mais quentes foram os mais afetados, mas produzem menos feijão. O impacto na produção total ainda não é preciso, pois a colheita está em andamento e a cultura é mais difícil de monitorar”, explica Carlos Hugo Godinho, Engenheiro Agrônomo do Deral.

Luders corrobora a dificuldade de mensurar os impactos. “Não sabemos o quanto foi perdido no total colhido. Algumas lavouras foram erradicadas e replantadas, outras não. Mas com certeza haverá impacto.”

Leia Também:  Gripe aviária: RS estende emergência zoossanitária por mais 180 dias

Em Goiás, a mosca branca também está presente nas lavouras já plantadas da terceira safra e retardando o plantio em outras áreas. “A terceira safra é a nossa maior produção de feijão, com plantio entre maio e junho. Muitos produtores esperam as temperaturas baixarem para plantar com menos incidência da praga, mas ainda há tempo para semear os 60 mil hectares previstos”, pontua Leonardo Machado, Assessor Técnico da Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás).

Machado explica que a estratégia de esperar o frio se deve ao aumento da pressão da mosca branca em cenários de temperaturas elevadas e poucas chuvas. O Deral confirma que esse quadro climático contribuiu para o aumento da praga no Paraná. “O calor e a falta de chuvas nessas regiões ajudaram a manter a pressão da praga”, diz Godinho.

Luders complementa: “Alta temperatura e tempo seco favorecem a praga. Sem noites frias, a intensidade aumenta.”

Outro fator que pode ter contribuído para o problema foi o alongamento do ciclo da soja na safra 2023/24 em algumas regiões, como Goiás. “O atraso da colheita da soja formou uma ponte verde que manteve a praga presente nas lavouras. As regiões com atraso na soja são justamente as que registram maior incidência da mosca branca no feijão. O vazio sanitário foi alterado para ser mais efetivo, mas as moscas migram de uma cultura para a outra”, aponta Machado.

Leia Também:  No PodCast do Pensar Agro, Francisco Almeida anuncia sua candidatura à presidência do Confea

A situação também tem impactado os custos de produção, pois os agricultores precisam aumentar o uso de defensivos. “O controle químico é a única opção no momento e o custo fica maior. Os defensivos são o segundo maior item na relação de custos, atrás apenas dos fertilizantes”, indica Machado.

Godinho, do Deral, complementa: “A cultura exige bom controle de defensivos. Os preços do feijão estão bons, o que levou a um aumento de 40% no plantio paranaense. A produção ainda deve ser volumosa, mas a perda de qualidade nos grãos implica em descontos na entrega e compromete a rentabilidade.”

Luders, do Ibrafe, elenca medidas para as próximas safras: “Algumas variedades têm se mostrado mais tolerantes à mosca branca. O uso de defensivos adequados, inclusive novas moléculas com bom desempenho no controle, é importante. O manejo adequado e a eliminação do vetor também são cruciais, pois a praga migra de uma lavoura para a outra.”

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

AGRONEGÓCIO

Algodão volta a crescer no Paraná e reforça liderança do Brasil no mercado mundial

Published

on

By

Depois de anos praticamente fora do mapa da cotonicultura, o Paraná está voltando a produzir algodão em pluma e reacendendo um ciclo que já foi símbolo de força agrícola no Estado. Quem se lembra das décadas de 1980 e 1990 sabe: o Paraná já foi o líder nacional na produção da fibra. Mas com o passar do tempo, a infestação do bicudo-do-algodoeiro, o avanço da soja e dificuldades econômicas acabaram derrubando a cultura.

Agora, o cenário é de esperança e retomada. A Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar) lançou um projeto para incentivar o plantio de algodão e recuperar a importância da pluma na região. Para a safra 2024/25, a área plantada no Estado deve chegar a 1,8 mil hectares, segundo estimativas da Conab. Pode parecer pouco, mas o plano é ambicioso: a meta da Acopar é atingir 60 mil hectares nos próximos anos.

Entre os fatores que tornam essa retomada promissora está o menor custo de produção no Paraná, quando comparado a outras regiões produtoras. O clima mais ameno em certas áreas, o uso mais eficiente de insumos e a proximidade com portos e centros industriais ajudam a melhorar a competitividade da pluma paranaense.

Outro ponto a favor é o avanço tecnológico. Com sementes mais resistentes, maquinário moderno e práticas de manejo mais sustentáveis, os produtores têm hoje condições muito melhores do que nas décadas passadas para lidar com pragas como o bicudo e obter bons rendimentos.

Leia Também:  Com atraso nas inspeções causando acúmulo de grãos, ONU pede verificações mais rápidas de navios ucranianos

Brasil na liderança mundial – O momento não poderia ser mais favorável. O Brasil é, desde 2024, o maior exportador de algodão do mundo, ultrapassando os Estados Unidos. O setor cresceu nos últimos anos com base em três pilares: tecnologia, qualidade e rentabilidade. A produção brasileira de pluma aumentou pelo terceiro ano seguido em 2023 e segue firme em 2024.

Na safra 2023/24, o Brasil cultivou 1,9 milhão de hectares de algodão, com uma produção estimada em 3,7 milhões de toneladas de pluma. A produtividade média ficou em 1,8 tonelada por hectare, e o principal destino da exportação foi a China, um mercado exigente que reconhece a qualidade da fibra brasileira.

Os principais estados produtores continuam sendo Mato Grosso, Bahia e Mato Grosso do Sul, mas o avanço do Paraná mostra que o mapa do algodão pode voltar a se expandir.

Um pouco da história – O ciclo do algodão no Brasil começou no século 18, especialmente no Nordeste. Durante os séculos XVIII e XIX, o país chegou a ser um dos maiores fornecedores do mundo. Mas nas décadas de 1980 e 1990, a cultura foi gravemente afetada pelo bicudo-do-algodoeiro, uma praga devastadora que levou muitos produtores a abandonarem o cultivo.

Leia Também:  Gripe aviária: RS estende emergência zoossanitária por mais 180 dias

Com o tempo, o setor se reorganizou, investiu pesado em pesquisa, controle biológico e práticas sustentáveis, e reconquistou espaço no mercado internacional.

A iniciativa da Acopar é vista com entusiasmo por técnicos, agrônomos e produtores. A retomada do algodão no Paraná representa não só diversificação da produção agrícola, mas também mais opções de renda para o campo, geração de empregos e incremento para a indústria têxtil regional.

Além disso, a cotonicultura permite o uso racional da área agrícola, com sistemas de rotação de culturas que ajudam a preservar o solo e controlar pragas de forma natural.

Para o produtor rural, o momento é de olhar com atenção para o algodão. Com planejamento, tecnologia e apoio técnico, a pluma pode voltar a brilhar nas lavouras do Paraná — e com ela, toda uma cadeia produtiva pode se fortalecer.

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:
Continuar lendo

PARANÁ

POLÍCIA

ENTRETENIMENTO

ESPORTES

MAIS LIDAS DA SEMANA