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Espírito Santo começa hoje colheita da safra de café conilon do Brasil

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Nesta terça-feira (14.05), o Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, dá início oficialmente à colheita de sua nova safra. No entanto, as altas temperaturas têm gerado preocupação entre os cafeicultores locais devido ao possível impacto negativo na qualidade dos grãos.

Apesar dos desafios climáticos, o café conilon brasileiro tem conquistado um espaço significativo no mercado internacional. Desde janeiro, houve um aumento expressivo nas exportações para regiões produtoras como Vietnã e Indonésia, que enfrentaram quebras de safra devido à forte estiagem. As exportações para esses países aumentaram 211% e 119%, respectivamente, conforme divulgado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) na segunda-feira (13/5).

O início da colheita no Brasil ocorre em um cenário de oferta reduzida na Ásia, o que tem elevado os preços na bolsa de Londres e no mercado interno a níveis históricos. Em abril, o Brasil exportou um recorde de 4,2 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 53,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A receita cambial também atingiu um pico histórico de US$ 935,3 milhões, um crescimento de 52,6% em comparação com o ano anterior.

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O Brasil tem se mostrado o país mais competitivo no mercado de conilon devido à sua capacidade de atender à demanda internacional. No entanto, a qualidade da safra atual pode ser comprometida, caso hajam novas ondas de calor como as que atingiram os cafezais capixabas no final do ano passado.

Os cafeicultores, atraídos pelos preços elevados, têm acelerado a colheita, o que resultou em uma maior quantidade de frutos verdes no mercado. Essa situação levanta preocupações sobre a qualidade da safra 2024/25.

Nos primeiros quatro meses de 2024, o Brasil embarcou 16,24 milhões de sacas, um aumento de 45,6% em comparação com o mesmo período do ano passado. O café arábica continua a ser o mais exportado, representando 76,77% do total, seguido pelo canéfora e o café solúvel.

Os Estados Unidos mantiveram-se como o principal destino do café brasileiro, com um crescimento de 29,4% nas importações entre janeiro e abril. Outros países que registraram aumentos significativos nas compras incluem Alemanha, Bélgica, Itália, Japão e Reino Unido. Notavelmente, o Vietnã, maior produtor mundial de conilon, aumentou suas importações em 211,6% devido à quebra de safra causada pelo clima seco.

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Os desafios logísticos continuam a ser uma barreira significativa, com 80% dos navios enfrentando atrasos ou alterações de escalas no Porto de Santos, principal ponto de exportação do café brasileiro. Esse cenário de atrasos e a falta de espaços nos navios têm aumentado os custos para os exportadores.

Apesar das adversidades, o desempenho nas exportações reflete a capacidade do Brasil de manter volumes expressivos e de se destacar no mercado global de café. O futuro da colheita brasileira, ao comprovar a qualidade do grão, pode influenciar os preços da commodity. Se a safra for abundante e de boa qualidade, a tendência é de uma possível queda nos preços, conforme observado pelo especialista Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.

Fonte: Pensar Agro

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Na semana da Páscoa, indústria de chocolate enfrenta crise histórica

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A Páscoa de 2025 chega em meio à maior crise já registrada no mercado global de cacau. Com a cotação da amêndoa batendo recordes históricos, a indústria do chocolate enfrenta um cenário crítico: falta de matéria-prima, custo em alta e risco de desabastecimento. O preço do cacau acumula uma disparada de 189% só neste início de ano, somado a picos que chegaram a 282% no mercado internacional ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia).

O impacto dessa escalada já se reflete diretamente no setor produtivo brasileiro. No primeiro trimestre de 2025, a indústria processadora nacional recebeu apenas 17.758 toneladas de cacau, volume 67,4% menor em relação ao trimestre anterior, de acordo com a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). É um dos piores desempenhos dos últimos anos.

Sem matéria-prima suficiente no mercado interno, o Brasil aumentou as importações para tentar garantir o abastecimento, trazendo 19.491 toneladas de cacau de fora — alta de quase 30% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo assim, a conta não fecha. A indústria terminou o trimestre com um déficit de 14.886 toneladas, o que acende o sinal de alerta sobre a sustentabilidade do setor.

Embora os chocolates da Páscoa já estejam nas lojas desde fevereiro — resultado de compras antecipadas feitas pela indústria — os reflexos da crise serão sentidos ao longo do ano. A defasagem entre a produção nacional e o volume processado mostra que o Brasil voltou a depender fortemente do mercado externo, num momento em que a oferta mundial também está em colapso.

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Gana e Costa do Marfim, que concentram mais de 60% da produção global, enfrentam quebras de safra causadas por pragas, mudanças climáticas e envelhecimento das lavouras. A menor oferta mundial reduziu os estoques ao menor nível em décadas, pressionando ainda mais os preços e criando um efeito cascata sobre todos os elos da cadeia.

No Brasil, a situação também é crítica. A Bahia, que responde por dois terços do cacau nacional, entregou apenas 11.671 toneladas às indústrias no primeiro trimestre — retração de 73% frente aos últimos três meses de 2024. Técnicos apontam que o clima instável prejudicou o florescimento e agravou a incidência de doenças como a vassoura-de-bruxa, exigindo mais investimento em manejo e controle.

Apesar da queda drástica na produção, o produtor baiano tem sido parcialmente compensado pelo preço elevado da amêndoa, que supera R$ 23 mil a tonelada. O custo dos insumos, por outro lado, já não sobe no mesmo ritmo, o que ajuda a preservar a renda do campo. Ainda assim, a insegurança climática e o risco sanitário mantêm o setor em alerta.

Na tentativa de segurar os preços ao consumidor, a indústria brasileira está buscando alternativas, como mudanças nas formulações, cortes de gramatura e reformulação de produtos. Chocolates com maior teor de cacau — que dependem mais diretamente da amêndoa — devem ser os mais afetados. Já produtos de linha popular podem manter preços mais estáveis, ainda que com porções menores.

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Mesmo assim, o consumidor já percebe reajustes nas gôndolas. O ovo de Páscoa, símbolo do período, está até 20% mais caro em relação ao ano passado, e a tendência é de novos aumentos caso a crise se prolongue.

O atual desequilíbrio entre oferta e demanda reforça a urgência de investimentos em produtividade no Brasil. O país, que já foi o segundo maior produtor de cacau do mundo, hoje precisa importar amêndoa para manter sua indústria funcionando. Com lavouras envelhecidas, baixa produtividade média e forte dependência de condições climáticas, a cadeia brasileira está vulnerável.

Segundo a AIPC, é necessário acelerar a renovação de pomares, incentivar o uso de clones mais produtivos e resistentes, e ampliar o acesso a crédito para pequenos e médios produtores. Também cresce a demanda por políticas públicas que favoreçam a expansão da cacauicultura na Amazônia, no Espírito Santo e em novas fronteiras agrícolas.

Enquanto isso, o chocolate — produto culturalmente associado à celebração e ao prazer — pode se tornar um item mais raro e caro na mesa dos brasileiros. A crise do cacau já não é um problema futuro. Ela está acontecendo agora, e a Páscoa de 2025 é a prova mais amarga disso.

Fonte: Pensar Agro

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