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Estados brasileiros tomam medidas para proteger a cadeia Leiteira diante das crescentes importações

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Diante do crescente desafio imposto pelas importações de leite e derivados, estados brasileiros começaram a adotar medidas fiscais para proteger o setor leiteiro local. Minas Gerais, Goiás e Paraná estão na linha de frente desta iniciativa, ajustando políticas fiscais e tributárias para oferecer um ambiente mais competitivo aos produtores locais.

Em Minas Gerais, um dos maiores produtores de leite do país, o governo suspendeu benefícios fiscais previamente concedidos aos importadores de laticínios, visando salvaguardar e recuperar o setor leiteiro local. Seguindo uma tendência similar, Goiás revogou benefícios fiscais para importadores de leite e derivados, numa tentativa de equilibrar as condições de mercado para os produtores locais.

O Paraná tomou uma decisão significativa ao alterar a política de isenção de ICMS que beneficiava importadores de leite em pó e muçarela. Com a nova regulamentação, esses produtos, que antes eram isentos, agora são tributados com uma alíquota de 7%. Essa medida tem como objetivo desencorajar a importação excessiva e apoiar a produção local.

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Esta situação reflete a preocupação compartilhada em diversos estados do Brasil com a sustentabilidade da cadeia leiteira. No Rio Grande do Sul, Marcos Tang, presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Estado (Gadolando), destacou a perda de cerca de 50% dos produtores de leite na última década, atribuindo este declínio ao impacto negativo das importações, principalmente dos países do Mercosul.

Tang criticou as medidas federais e estaduais existentes como insuficientes e apelou ao governo gaúcho para adotar ações independentes para proteger a indústria local. Entre as sugestões, estão a taxação de empresas que utilizam produtos importados e o incentivo às que utilizam leite nacional, fortalecendo a cadeia produtiva local.

A urgência dessas medidas é reforçada pelo apelo dos produtores gaúchos por suporte do governo estadual, que buscam inspiração nas iniciativas de outros estados brasileiros para encontrar soluções que possam alavancar a recuperação e reestruturação do setor leiteiro.

O aumento das importações de leite e derivados, especialmente dos países do Mercosul, tem “transbordado o balde” de problemas para os produtores locais, segundo Tang. A situação demanda ações específicas que reconheçam as peculiaridades regionais, sem necessariamente copiar medidas de outros estados, mas focando em estratégias que beneficiem igualmente os produtores e a indústria local que se compromete com a cadeia produtiva nacional.

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Fonte: Pensar Agro

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Na semana da Páscoa, indústria de chocolate enfrenta crise histórica

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A Páscoa de 2025 chega em meio à maior crise já registrada no mercado global de cacau. Com a cotação da amêndoa batendo recordes históricos, a indústria do chocolate enfrenta um cenário crítico: falta de matéria-prima, custo em alta e risco de desabastecimento. O preço do cacau acumula uma disparada de 189% só neste início de ano, somado a picos que chegaram a 282% no mercado internacional ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia).

O impacto dessa escalada já se reflete diretamente no setor produtivo brasileiro. No primeiro trimestre de 2025, a indústria processadora nacional recebeu apenas 17.758 toneladas de cacau, volume 67,4% menor em relação ao trimestre anterior, de acordo com a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). É um dos piores desempenhos dos últimos anos.

Sem matéria-prima suficiente no mercado interno, o Brasil aumentou as importações para tentar garantir o abastecimento, trazendo 19.491 toneladas de cacau de fora — alta de quase 30% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo assim, a conta não fecha. A indústria terminou o trimestre com um déficit de 14.886 toneladas, o que acende o sinal de alerta sobre a sustentabilidade do setor.

Embora os chocolates da Páscoa já estejam nas lojas desde fevereiro — resultado de compras antecipadas feitas pela indústria — os reflexos da crise serão sentidos ao longo do ano. A defasagem entre a produção nacional e o volume processado mostra que o Brasil voltou a depender fortemente do mercado externo, num momento em que a oferta mundial também está em colapso.

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Gana e Costa do Marfim, que concentram mais de 60% da produção global, enfrentam quebras de safra causadas por pragas, mudanças climáticas e envelhecimento das lavouras. A menor oferta mundial reduziu os estoques ao menor nível em décadas, pressionando ainda mais os preços e criando um efeito cascata sobre todos os elos da cadeia.

No Brasil, a situação também é crítica. A Bahia, que responde por dois terços do cacau nacional, entregou apenas 11.671 toneladas às indústrias no primeiro trimestre — retração de 73% frente aos últimos três meses de 2024. Técnicos apontam que o clima instável prejudicou o florescimento e agravou a incidência de doenças como a vassoura-de-bruxa, exigindo mais investimento em manejo e controle.

Apesar da queda drástica na produção, o produtor baiano tem sido parcialmente compensado pelo preço elevado da amêndoa, que supera R$ 23 mil a tonelada. O custo dos insumos, por outro lado, já não sobe no mesmo ritmo, o que ajuda a preservar a renda do campo. Ainda assim, a insegurança climática e o risco sanitário mantêm o setor em alerta.

Na tentativa de segurar os preços ao consumidor, a indústria brasileira está buscando alternativas, como mudanças nas formulações, cortes de gramatura e reformulação de produtos. Chocolates com maior teor de cacau — que dependem mais diretamente da amêndoa — devem ser os mais afetados. Já produtos de linha popular podem manter preços mais estáveis, ainda que com porções menores.

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Mesmo assim, o consumidor já percebe reajustes nas gôndolas. O ovo de Páscoa, símbolo do período, está até 20% mais caro em relação ao ano passado, e a tendência é de novos aumentos caso a crise se prolongue.

O atual desequilíbrio entre oferta e demanda reforça a urgência de investimentos em produtividade no Brasil. O país, que já foi o segundo maior produtor de cacau do mundo, hoje precisa importar amêndoa para manter sua indústria funcionando. Com lavouras envelhecidas, baixa produtividade média e forte dependência de condições climáticas, a cadeia brasileira está vulnerável.

Segundo a AIPC, é necessário acelerar a renovação de pomares, incentivar o uso de clones mais produtivos e resistentes, e ampliar o acesso a crédito para pequenos e médios produtores. Também cresce a demanda por políticas públicas que favoreçam a expansão da cacauicultura na Amazônia, no Espírito Santo e em novas fronteiras agrícolas.

Enquanto isso, o chocolate — produto culturalmente associado à celebração e ao prazer — pode se tornar um item mais raro e caro na mesa dos brasileiros. A crise do cacau já não é um problema futuro. Ela está acontecendo agora, e a Páscoa de 2025 é a prova mais amarga disso.

Fonte: Pensar Agro

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