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Associação de produtores recomenda cautela e diz que estimativas ainda não refletem realidade de perdas

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Diante da combinação de preços em declínio, altos custos de produção e uma redução na produtividade da atual safra, a Aprosoja Brasil emitiu nesta sexta-feira (09.02) uma recomendação aos produtores de soja e milho, para que redobrem a cautela e os cuidados antes de fecharem negócios nos próximos meses.

A organização aconselha os agricultores a procederem com moderação, evitando vendas imediatas ou futuras, bem como antecipação de compras sob pressão de fornecedores, investimentos ou planos de expansão de área cultivada. Especialmente, aconselhou contra a aquisição de fertilizantes, cujos preços escalaram nas últimas três temporadas sem retornar a níveis que garantam uma troca vantajosa. Este conselho é extensivo à compra de sementes e produtos defensivos.

Atualmente, com os preços por saca de soja abaixo de R$100 pela primeira vez em três anos, observa-se uma diminuição média de 33% na receita dos produtores em comparação à safra anterior. No início do plantio da safra 2023/2024, as contas pareciam equilibradas ou até mesmo lucrativas em algumas regiões, assumindo uma boa produtividade. No entanto, as adversidades climáticas já resultaram em margens de lucro negativas em diversos estados.

Por exemplo, em Mato Grosso, uma análise de sensibilidade da margem de lucro apresentada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) em 11 de janeiro na Câmara Setorial da Soja mostrou que, com uma cotação de R$100 por saca e uma produtividade de 50 sacas por hectare, a margem de lucro seria de R$128. Todavia, na região de Sorriso, onde a soja é cotada a cerca de R$94 por saca, a margem torna-se negativa, com um prejuízo de R$122 por hectare.

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Com menos de 20% da safra colhida em âmbito nacional e os produtores enfrentando alta incidência de doenças e condições climáticas desfavoráveis, antecipa-se que as perdas possam ser ainda maiores. A estimativa atual para Mato Grosso é de uma produtividade média de 49 sacas por hectare.

Com um consumo interno previsto de 56,8 milhões de toneladas e exportações estimadas em 98,4 milhões de toneladas, partindo de um estoque inicial de 3,5 milhões de toneladas, isso implicaria em um estoque final negativo de 2,8 milhões de toneladas, mesmo considerando a importação de 600 mil toneladas de soja.

As estimativas de produção da safra 2023/2024 feitas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam para 149,5 milhões de toneladas, um decréscimo de 3,8% em relação à previsão anterior, mas ainda bem acima dos 135 milhões de toneladas projetados pela Aprosoja Brasil. A discrepância entre os números oficiais e os relatados pelos produtores reflete diferenças metodológicas.

Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, observa que as técnicas convencionais, como imagens de satélite ou análises visuais, são úteis sob condições normais de cultivo, mas falham em captar as irregularidades desta safra. Problemas como enchimento inadequado dos grãos e outras anomalias não são detectados por esses métodos, o que significa que apenas a contagem real na colheita pode oferecer uma imagem precisa das perdas.

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Com o aumento do consumo interno de soja e uma previsão de redução nas exportações, o risco de escassez de grãos é iminente, pondo em risco o suprimento para a alimentação de aves, suínos e bovinos, conforme destaca Galvan. A situação sinaliza um potencial desabastecimento de soja e milho no país, tanto para exportação quanto para consumo interno.

Veja a sequencia de previsões, conforme cada entidade:

USDA 157
Abiove 156,1
Agroconsult: 153,8
Biond Agro: 152,6
StoneX: 150,3
AgResource: 145,4
AgRural: 150,1
Pine: 149,9
Conab 149,5
Labhoro: 146
Pátria: 143,1
Câmara Setorial da Soja (Mapa): 137
Aprosoja Brasil 135

Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIO

Guerra EUA x China: Brasil vira peça-chave e faz planos para um corredor transoceânico

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A guerra comercial entre China e Estados Unidos ganhou novos capítulos nesta semana, com reflexos importantes para o Brasil — principalmente para o agronegócio. A Casa Branca anunciou um aumento das tarifas sobre produtos chineses, que agora chegam a 245%. O motivo, segundo o governo americano, seria uma resposta a ações retaliatórias por parte da China. A notícia pegou o governo chinês de surpresa e provocou reações imediatas, incluindo pedidos formais de esclarecimento.

Imagem: reprodução/Ministério dos Transportes

Em meio a essa disputa, o Brasil pode sair ganhando, se conseguir resolver seus problemas logísticos (veja aqui). Uma comitiva do governo chinês esteve em Brasília nesta semana para conhecer projetos de infraestrutura e discutir caminhos que facilitem o acesso dos produtos brasileiros ao mercado asiático. Um dos temas centrais foi o Corredor Bioceânico, uma rota que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico passando por países vizinhos, como Paraguai e Argentina, com destino aos portos do Chile.

O corredor tem um grande atrativo: facilitar a exportação de grãos e carnes para a Ásia, encurtando a distância até os mercados chineses e reduzindo custos logísticos.

A iniciativa também está diretamente ligada às ferrovias, como a Norte-Sul, a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) e a FICO (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), todas integradas ao Novo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento. O objetivo é melhorar o escoamento da produção do Centro-Oeste, especialmente soja, milho e carne.

Durante a visita ao Brasil, a delegação chinesa se reuniu com representantes dos governos de Mato Grosso, Goiás, Rondônia e Acre, onde foram apresentados dados sobre produção agrícola, cultura e exportações. A agenda também incluiu visitas técnicas ao Porto de Ilhéus (BA), à FIOL, ao Porto de Santos (SP) e ao projeto do futuro Túnel Santos-Guarujá.

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O plano é transformar a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que avança lentamente entre Caetité e Ilhéus, em um elo fundamental de um corredor bioceânico que levaria grãos, minérios e outros produtos brasileiros até o porto de Chancay, no Peru — e de lá, direto ao mercado asiático.

A missão chinesa desembarcou em Ilhéus nesta quarta-feira (16.04), visitou trechos da Fiol 1 e as instalações do Porto Sul, que ainda está em obras. A ideia é clara: entender o que falta, quanto custa e como viabilizar a conclusão dessa travessia ferroviária transcontinental, um projeto que, se sair do papel, poderá reduzir em até dez dias o tempo de navegação entre o Brasil e a Ásia.

Para os chineses, trata-se de uma oportunidade de ouro. Para o Brasil, uma chance — talvez a última por um bom tempo — de dar um salto logístico sem depender exclusivamente dos Estados Unidos ou de seus próprios (e lentos) investimentos públicos.

Mas o entusiasmo técnico contrasta com a realidade do chão. As obras da Fiol seguem a passos lentos, marcadas por entraves burocráticos, desafios ambientais e falta de recursos. A Bahia Mineração (Bamin), concessionária do trecho, tem sob sua responsabilidade não apenas a ferrovia, mas também a construção do Porto Sul — um complexo que ainda está longe de operar plenamente.

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A visita chinesa, no entanto, é simbólica. Marca o esforço de Pequim em reforçar laços com o Brasil em um momento em que a dependência mútua aumenta. Hoje, mais de um terço de tudo que o Brasil exporta tem a China como destino. E a maior parte disso — cerca de 60% — precisa de infraestrutura para sair do interior até os portos. Sem ferrovias eficientes, o Brasil seguirá perdendo tempo e dinheiro.

NOVA ROTA – Uma nova rota marítima lançada nesta semana, de forma simultânea no Brasil e na China, promete reduzir o tempo necessário para transportar produtos entre um país e outro, e também os custos logísticos. A rota vai ligar o Porto Gaolan, localizado em Zhuhai, no sul da China, aos Portos de Santana, no Amapá, e de Salvador, no Brasil, sem escalas. Com isso, a expectativa do embaixador da China no Brasil, Zhu Oinggiao, é que o trânsito de cargas leve 30 dias a menos que o habitual e os custos das operações também diminuam, em mais de 30%.

Fonte: Pensar Agro

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