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El Niño gera incertezas para a safra de grãos 2023/24

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Chuvas excessivas no Sul do Brasil podem atrapalhar as operações de semeadura e exigir replantios, enquanto há a probabilidade de incidência de secas severas em outras regiões

Agências meteorológicas confirmaram o início do El Niño, um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento das águas do oceano no Pacífico, que traz mudanças significativas para os padrões climáticos globais. De acordo com o Centro Americano de Previsão do Climática (CPC-NOAA), o El Niño pode persistir até março de 2024 e a probabilidade de que tenha forte intensidade é de 56%.

A incidência do El Niño nas regiões agrícolas do Brasil traz potenciais riscos e desafios para os agricultores. O El Niño ocasiona padrões irregulares de chuvas e aumento na intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, como secas, tempestades e enchentes, geadas e chuvas de granizo. Geralmente, o El Niño provoca secas prolongadas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, enquanto ocasiona volumes de chuvas acima da médias nas regiões Sudeste e Sul do país.

Essas variações climáticas podem ter impactos diretos e negativos na safra de grãos 2023/24. “O El Niño pode causar problemas já no início da safra, em meados de setembro a outubro. Entre as preocupações, é possível que as chuvas mais frequentes e com volumes acima da média na região Sul dificultem as operações de semeadura e provoquem a necessidade de replantios de áreas. Já no Centro-Oeste, algumas áreas podem registrar restrição hídrica e redução das taxas de germinação da soja, comprometendo o potencial produtivo”, alerta Fabio Damasceno, diretor de agronegócios da seguradora FF Seguros.

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Seguro agrícola

Reconhecendo os potenciais riscos associados ao El Niño, torna-se crucial que os agricultores adotem medidas para proteger lavouras e mitigar perdas. Uma importante recomendação é a contratação de seguro agrícola. A FF Seguros disponibiliza o Seguro Multirrisco Grãos, com coberturas contra ocorrências de chuvas excessivas, geadas, chuvas de granizo, secas, ventos frios, raios, incêndios, trombas d’água e ventos fortes.

O seguro agrícola funciona como uma rede de segurança financeira para os agricultores, oferecendo proteção contra perdas causadas por condições climáticas adversas. “O seguro é fundamental para ter estabilidade. Quando há sinistro, o produtor é indenizado, consegue se recuperar financeiramente e reinvestir em suas operações, garantindo a continuidade do negócio agrícola”, diz Damasceno.

A capacidade do setor agrícola de se adaptar e prosperar diante da variabilidade climática é essencial para garantir a segurança alimentar. E, com a confirmação do El Niño, a importância do seguro agrícola torna-se ainda mais evidente já que, além de proteger os investimentos dos agricultores, o seguro contribui para a resiliência e sustentabilidade do agronegócio no longo prazo. “As catástrofes estão se tornando mais frequentes e precisamos atuar com cautela. Desenvolvemos estudos para relacionar os possíveis impactos de cada evento climático nas culturas, em determinados períodos do ano, fases de desenvolvimento da planta e região com o objetivo de melhorar o nosso atendimento aos produtores”, conta Damasceno.

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A seguradora prevê uma retomada do crescimento do seguro agrícola. Na safra de grãos 2022/23, esse produto da FF Seguros respondeu por R$ 22.900 milhões em prêmios. Para a safra 2023/24, as operações de seguro agrícola da FF Seguros devem totalizar R$ 60 milhões de prêmios. “Apesar da previsão de crescimento, ainda vivenciamos um clima de incertezas e o mercado tem capacidade de oferta de resseguro e seguro limitada, então nós e os nossos parceiros precisaremos ter ainda mais resiliência”, analisa Damasceno.

Fairfax Brasil

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Ponte desaba e expõe gargalos logísticos para o escoamento da safra

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O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no último domingo (22.12), trouxe à tona os problemas crônicos da infraestrutura logística brasileira. A estrutura, que conectava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desmoronou sobre o rio Tocantins, provocando uma tragédia com uma morte confirmada e pelo menos 14 pessoas desaparecidas. Caminhões que transportavam ácido sulfúrico e herbicidas também caíram no rio, levando as prefeituras a emitirem alertas sobre contaminação da água.

O acidente ocorre em um momento crítico para o agronegócio nacional. O Brasil deve alcançar uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos em 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este aumento de 8,2% em relação à safra anterior reflete o crescimento da produção de soja e milho, mas evidencia os desafios logísticos de um setor cada vez mais pressionado por gargalos estruturais.

A ponte Juscelino Kubitschek estava localizada na região do Matopiba, uma das áreas de maior crescimento do agronegócio no Brasil, englobando os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região aumentou 92%, saltando de 18 milhões de toneladas em 2013/14 para 35 milhões em 2024.

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Essa expansão, no entanto, tem sobrecarregado a infraestrutura local. O intenso tráfego de cargas pesadas, principalmente de fertilizantes e grãos, contribuiu para o desgaste da ponte, que já apresentava rachaduras e denúncias de negligência na manutenção.

Além de afetar a segurança da população, o desabamento representa um entrave significativo ao escoamento da safra. Os portos do Arco Norte, responsáveis por 35,1% das exportações de grãos em outubro de 2024, são fundamentais para o agronegócio brasileiro. A interdição da ponte pode impactar negativamente a logística de transporte para esses portos, aumentando custos e atrasos.

O transporte de fertilizantes também está em alta, com as importações alcançando 4,9 milhões de toneladas em outubro, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior. Essa demanda reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar colapsos como o ocorrido no rio Tocantins.

Entidades do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacam que episódios como este evidenciam a urgência de investimentos em infraestrutura. “O crescimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de uma logística eficiente. A tragédia no rio Tocantins é um alerta para a necessidade de modernização das rotas de transporte e manutenção das estruturas existentes”, afirma a CNA em nota.

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O Ministério dos Transportes já anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o desabamento e prometeu reconstruir a ponte em 2025. Enquanto isso, o setor agropecuário pede soluções imediatas, como rotas alternativas e a implementação de medidas para mitigar os impactos sobre a logística da safra.

Embora críticas à expansão do agronegócio tenham ganhado destaque após o acidente, é crucial equilibrar o debate. O setor é um pilar da economia nacional, responsável por 25% do PIB e por grande parte das exportações brasileiras. Investir em infraestrutura adequada e eficiente não é apenas uma questão de atender às demandas do agronegócio, mas de assegurar que o crescimento econômico venha acompanhado de segurança, sustentabilidade e benefícios para toda a sociedade.

O desafio agora é transformar essa tragédia em um ponto de virada, priorizando investimentos estratégicos que garantam a competitividade do agronegócio no mercado global, sem negligenciar a segurança das comunidades locais e a preservação ambiental.

Fonte: Pensar Agro

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