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Com “cirurgia-aula”, professor do Paraná é referência global na formação de neurocirurgiões

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Uma das maiores alegrias de um professor é ver o sucesso de seus alunos. Para o neurocirurgião e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luís Alencar Biurrum Borba, a satisfação é ainda maior: mais do que garantir aos estudantes um ofício, Borba os ensina a salvar vidas. Especialista em cirurgias na base do crânio, o médico atua para anular doenças localizadas em regiões de difícil acesso e, desde o início da carreira, se desafiou a assumir casos de alta complexidade.

De lá pra cá, ele já realizou operações em mais de 15 países, inclusive na esposa de um ministro da Jordânia. O neurocirurgião ainda ministrou cursos na Tailândia, Espanha, Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Estados Unidos, México, Portugal, Líbano, Egito, China, Kuwait e Rússia, país onde recebeu, em 2019, o título de Professor Emérito da I.M. Sechenov Primeira Universidade Médica Estatal de Moscou, por sua inserção acadêmica na área e pelos serviços prestados à neurocirurgia russa, com o treinamento de profissionais.

A instituição só concedeu o título a nove pessoas em todo o mundo. Borba é um deles. Ele também é personagem da série de reportagens “Paraná, o Brasil que dá certo”, da Agência Estadual de Notícias, que apresenta iniciativas de alguma maneira vinculadas à administração pública estadual que são referência para o Brasil em suas áreas. Atualmente, o médico é presidente da Federação Latinoamericana de Neurocirurgia (FLANC) e coordenador do Comitê de Educação da Federação Mundial de Neurocirurgia.

Ele nasceu no Rio Grande do Sul, mas passou boa parte de sua vida no Paraná. Formado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), estudou a vida toda em escola pública. Chegou ao Estado em 1987 para fazer residência na UFPR, instituição onde se tornaria professor anos depois, em 2013.

Depois da residência, trabalhou em Pato Branco, no Sudoeste, para juntar dinheiro e ir aos Estados Unidos, onde o interesse pela neurocirurgia se expandiu. Lá, ele aprendeu o método que vem aprimorando e ensinando desde então: gravar cirurgias em 3D para utilizá-las no ensino.

Hoje, o neurocirurgião utiliza a estrutura do Centro Hospitalar de Reabilitação do Paraná, integrado ao Complexo Hospitalar do Trabalhador, que pertence à rede de atendimento do Governo do Estado, para ministrar seus cursos de forma gratuita e totalmente voluntária. Desde que chegou, já formou cerca de 100 residentes e realizou 205 cirurgias.

COMO TUDO COMEÇOU – Após a formação em solo nacional, Borba adquiriu experiência em cirurgia nos Estados Unidos. Mas além disso ele tinha uma ideia: pegou o dinheiro que conseguiu reservar na temporada americana e comprou um equipamento necessário para gerar as imagens das cirurgias, ainda numa época em que esse não era o principal foco da medicina. Com ele em mãos passou a fazer testes para que as minúcias das operações pudessem chegar a novos públicos.

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“Há 20 anos começaram a surgir as imagens em 3D, comecei a gravar as cirurgias e a apresentar em congressos, contando os procedimentos, dificuldades e casos médicos”, diz. Com esse material em mãos e a capacidade para resolver problemas (tumores, aneurismas, má formações e lesões no cérebro), ele chamou a atenção de médicos do mundo todo justamente pela alternativa para capacitar residentes e começou a ser chamado para ministrar cursos em diversos países, o que o levou para Ásia, América do Sul, África e Europa.

No entanto, o seu porto seguro estava mesmo no Brasil. Após três anos nos Estados Unidos, ele resolveu voltar para Curitiba e aceitou o convite para coordenar o serviço de neurocirurgia do Hospital Evangélico (atual Hospital Evangélico Mackenzie).

“Quando voltei pra cá, o Evangélico tinha muitos casos difíceis. Eu comecei a fazer, ficava até 14 horas em uma única cirurgia. Fiz cirurgias ao vivo em cursos para novos médicos. Uma delas foi transmitida para 100 países. Os procedimentos que faço são demonstrativos de problemas reais. E fui me adaptando e expandindo esse trabalho”, relata.

Assim, além das cirurgias, ele também deu novo corpo ao projeto de residência. No Paraná, ele já ensinou médicos de Londrina, Cascavel, Maringá e Curitiba, e também ministrou aulas para profissionais de outros estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraíba e Rio de Janeiro.

MUDANÇA PARA O ESTADO – Além do Evangélico, atualmente Borba ministra seus cursos no Centro Cirúrgico do Hospital do Trabalhador, que foi reformado pela Secretaria de Estado da Saúde e ganhou os equipamentos necessários para a gravação das cirurgias em 3D. É fruto de um projeto desenvolvido em parceria com o Ministério Público do Trabalho em busca de auxílio para a criação de um Centro de Excelência em Neurocirurgia.

Em 2019, o MPT firmou um termo de cooperação com a Sesa para a compra de equipamentos com a melhor tecnologia do mercado, totalizando um investimento de R$ 9,5 milhões. Os itens foram entregues entre julho de 2020 e junho de 2022. Uma das salas do centro cirúrgico também foi reformada pelo Estado e passou a ter paredes pretas. É a primeira do Paraná a utilizar essa tecnologia, que contribui para uma melhor visualização dos procedimentos cirúrgicos e das próprias gravações.

“O Paraná sempre foi um estado muito organizado, dando passos à frente, isso faz a diferença. No Trabalhador a ideia foi que desenvolvêssemos um centro com desenvolvimento progressivo e pudéssemos transmitir isso para o Brasil inteiro. É a possibilidade que temos hoje de desenvolver cada vez mais a área da cirurgia”, diz. “Esse projeto desenvolvido com o Governo do Paraná vai beneficiar muito a população. As pessoas vão treinar aqui e salvar vidas mundo afora”.

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Com a estrutura do local, Borba transmite suas cirurgias ao vivo para outros residentes com imagens em 3D. “Está no passado a época em que os médicos cirurgiões aprendiam apenas com a cirurgia do próprio paciente. Hoje é fundamental que se possa aprender com simulações de vários procedimentos para que, quando forem realizar essas cirurgias, os médicos já tenham o conhecimento. Isso minimiza complicações”, explica.

O professor destaca que outras unidades hospitalares, principalmente públicas, não oferecem, muitas vezes por falta de equipamentos e recursos, treinamentos tão completos a residentes, sobretudo em outras partes do Brasil.

“Até existem salas inteligentes, mas em nenhum local temos essas cirurgias. No Paraná, transmitimos para o auditório do hospital em 3D e as pessoas que estão no local assistem, mas, ao mesmo tempo, transmitimos online para o mundo todo. Saindo dali os residentes vão para um centro de treinamento para simular a cirurgia que acabamos de realizar, expandindo o conhecimento na hora”, diz.

“Existem hospitais privados que têm o lado assistencial, mas não o acadêmico. Aqui juntamos o lado assistencial, a formação acadêmica e a pesquisa. Esse trio é fundamental. O mais importante é tratar as pessoas, mas também é importante que possamos desenvolver outras pessoas para continuar esse trabalho”, complementa.

Segundo ele, a ideia é fazer nesse espaço procedimentos complexos que outros hospitais não querem fazer porque são demorados. “Alguns pacientes estão há muito tempo esperando. A grande maioria envolve procedimentos como tumor de vaso de crânio, que levam entre 10 a 12 horas, e precisam de UTI treinada e reabilitação”, explica. “Com o Centro de Excelência temos todo o processo: diagnóstico, procedimento e reabilitação. A maioria dos hospitais não tem um sistema completo, então esses pacientes precisam procurar reabilitação em outro lugar. Aqui temos tudo”.

“Tudo que eu faço coloco muita paixão, então isso foi se desenvolvendo. Comecei a estudar, depois a formar os alunos e as novas gerações e agora contribuo nessa estrutura da saúde pública. Eu faço o que eu gosto”, arremata.

SÉRIE – “Paraná, o Brasil que dá certo” é uma série de reportagens da Agência Estadual de Notícias. Confira aqui todas as matérias já publicadas.

Fonte: Governo PR

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Ganhando o Mundo: últimos intercambistas começam a chegar com mala cheia de experiências

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O Natal será com a família reunida e com diversas histórias para compartilhar para 27 alunos que voltaram do intercâmbio nos Estados Unidos nesta segunda-feira (23), dentro do programa Ganhando o Mundo. Eles desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, onde foram recebidos com muita emoção por pais e familiares depois de quatro meses estudando na América do Norte. Outros alunos devem chegar em janeiro.

Foram mil estudantes de escolas públicas paranaenses que tiveram a oportunidade de realizar um intercâmbio com as despesas pagas pelo Governo do Estado, após uma seleção que envolveu mais de 12 mil candidatos. A edição de 2025 será ainda maior e levará 1,2 mil alunos para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

O chefe do Departamento de Intercâmbios da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Marlon de Campos, destacou que a edição do Ganhando o Mundo deste ano foi um sucesso. “Todo o processo está sendo incrível. Foi o primeiro ano que nós tivemos mil alunos viajando, 950 deles já retornaram no primeiro semestre, e agora o restante está voltando”, ressaltou.

“Eles voltam com uma cabeça completamente mudada, muito mais atenciosos com a sua família, com a sua escola, com o seu espaço. Quando eles viajam e experienciam uma oportunidade tão diferente, não só da língua, mas também cultural e acadêmica, eles ampliam os seus horizontes e isso faz com que se tornem líderes”, acrescentou.

EXPERIÊNCIA DE VIDA — Entre as intercambistas que chegaram nesta segunda-feira está Isabella Parra Hass, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Rio Branco, em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado. Para ela, a principal conquista com o intercâmbio foi tornar-se uma pessoa mais independente. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Vivi coisas que eu nunca imaginaria viver, conheci pessoas incríveis e me tornei uma pessoa tão madura, independente, que eu nunca imaginei que eu conseguiria”, explicou.

Ela conta que pôde vivenciar a cultura americana na prática. “Fui líder de torcida e também gerente do time de basquete feminino. Foi muito legal vivenciar a cultura deles, do esporte, mas mais do que isso, saber que você consegue fazer algo quando realmente se quer muito. Uma oportunidade incrível que nunca imaginei que poderia ter e que graças ao Ganhando o Mundo consegui realizar um dos meus maiores sonhos”, disse, com os olhos ainda com lágrimas após encontrar os pais.

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A família viajou cerca de 350 quilômetros para receber a filha, pouco para uma distância que já foi continental. “A gente viveu junto esse intercâmbio. Ela lá e eu acompanhando daqui, nos falando todos os dias, dando força nas horas das dificuldades e sorrindo, acreditando que tudo ia dar certo”, afirmou Maria Inez Parra Hass, mãe de Isabella.

“Agradeço ao Governo do Estado por esse intercâmbio, por esse projeto. Ela gostou muito da escola, construiu muitas amizades, foi muito bem recebida pela família e agora esse presente de Natal que estamos está recebendo com a chegada dela”.

Para Pedro Moreira Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha de Itaipu, no Oeste, o que mais lhe chamou sua atenção foi a cultura do esporte nos colégios americanos. “Eu não teria oportunidade de fazer um intercâmbio se não fosse por esse programa, para estudar numa verdadeira high school. Uma das coisas mais legais foi o esporte que pratiquei, participando do time de futebol americano, que foi incrível, e um pouco de wrestling”, ressaltou.

Outro destaque foi o aprimoramento da língua. “O meu inglês melhorou muito, o que vai me ajudar a ter um bom emprego. Fora isso, aprendi coisas novas, como comidas típicas de lá e que vou cozinhar para a minha família, além da neve, porque lá é bem gelado”, disse.

A mãe de Pedro, Katyussa Maiara Moreira, contava os minutos para chegada do filho, acompanhada do marido e da filha mais nova. “Começa a bater aquela ansiedade. A gente fala que não vai ficar nervosa, mas não tem como. É um orgulho como mãe saber que ele conquistou isso, que chegou onde chegou e só tenho muito a agradecer a Deus e ao Governo do Estado”, salientou.

“Ele se desenvolveu muito bem. No começo foi difícil, mas todo dia conversava com ele pelo WhatsApp, então estava longe, mas perto ao mesmo tempo. E agora ter ele aqui junto no Natal, poder passar o Ano-Novo era uma coisa que a gente queria muito”, celebrou o pai, Rodimar Silva.

Quem também vai ter muita história para contar é Amanda Samiria, de 16 anos, do Colégio Estadual Joaquim de Oliveira Franco, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela foi recebida pelos pais e amigos no saguão do aeroporto. “Ao mesmo tempo que apertava o coração, eu sabia que aquilo ia ser para o meu bem. Toda a independência, maturidade e responsabilidade que eu ganhei com esse programa foi incrível, uma oportunidade de estar vivendo em um outro país, de morar com uma outra família, com uma cultura totalmente diferente da minha”, comentou.

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“Ao mesmo tempo que o coração está apertado por eu ter deixado minha segunda família lá nos Estados Unidos, também está muito alegre de reencontrar todo mundo, de ver o quanto eu sou amada aqui e o quanto tudo valeu a pena. Já tenho planos para compartilhar tudo o que eu aprendi, que eu não vou deixar só para mim, mas sim dividir com os outros, contar como foi a minha experiência para inspirar outras pessoas a também participarem”, acrescentou.

GANHANDO O MUNDO – Iniciado como projeto-piloto em 2022, o Ganhando o Mundo levou 100 estudantes para o Canadá, na América do Norte, naquele ano. Na segunda edição, outros 100 alunos tiveram a experiência de conhecerem uma outra cultura, desta vez com destino a Nova Zelândia, na Oceania.

Em 2023, o programa passou a incluir professores, com 96 docentes enviados para o Canadá e a Finlândia, países referências em educação. No mesmo ano, mais 40 alunos estudaram por um semestre letivo na França. Já em 2024, o número de intercambistas cresceu dez vezes, chegando a mil alunos que viajaram para países de língua inglesa, como Canadá, Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Além disso, 100 diretores de colégios estaduais embarcaram no meio do ano para um intercâmbio de duas semanas no Chile.

A próxima edição, em 2025, será ainda maior. Mais de 1,2 mil alunos da rede estadual terão como destino cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.

Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para Iowa, nos Estados Unidos, estado líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais pólos agrícolas do mundo).

Fonte: Governo PR

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