AGRONEGÓCIO
Pesquisas vão auxiliar no combate à cigarrinha do milho no Paraná
Publicado em
29 de abril de 2023por
Tadeu ItajubáProjetos da Rede Complexo de Enfezamento do Milho estão divididos em três eixos temáticos para produzir informações para o monitoramento e controle da praga
Instituída em 2023, a Rede Complexo de Enfezamento do Milho (Rede CEM) se prepara para levar a campo 12 projetos de pesquisa, para levantar informações científicas que ajudem a combater o avanço de doenças na lavoura transmitidas pela cigarrinho-do-milho (Dalbulus maidis). Parte dos estudos é financiada pelo Sistema Faep/Senar-PR, que lançou um edital no ano passado que previa o repasse de R$ 4 milhões para fomentar iniciativas ligadas à rede. A cigarrinha do milho começou a gerar preocupação no Estado na safra 2018/19, chegando a provocar perdas de até 80% em algumas lavouras.
Os 12 projetos serão realizados ao longo dos próximos três anos, divididos em três eixos temáticos. A iniciativa abrange também seis universidades e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR). A Embrapa Milho e Sorgo também levará a campo um projeto complementar. “A cigarrinha-do-milho tem causados prejuízos significativos no Paraná nas últimas safras. Ainda temos grande dificuldade de manejo e falta de técnicas adequadas para fazer o controle efetivo desta praga. Só com base na ciência é que vamos conseguir definir métodos mais adequados para repassar aos produtores rurais para que possam combater esse problema”, define o presidente do Sistema Faep/Senar-PR, Ágide Meneguette.
Programa vinculado à Rede Paranaense de Agropesquisa e Formação Aplicada (Rede AgroParaná), a Rede CEM é coordenada pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) e pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com apoio do Sistema Faep/Senar-PR e da Fundação Araucária, para desenvolver metodologias para uso no meio rural.
Eixos temáticos
Os estudos serão conduzidos em três frentes. O primeiro eixo temático diz respeito ao monitoramento, com o objetivo de compilar dados sobre a flutuação populacional da cigarrinha do milho no Paraná, de acordo com um protocolo de coleta, de armazenamento e de avaliações. Neste escopo, estão previstos três projetos.
No segundo eixo, o foco são as diferentes cultivares de milho. Em três projetos, os pesquisadores vão avaliar a resistência de diferentes variedades do grão ao complexo do enfezamento à cigarrinha do milho. As avaliações serão feitas levando em conta dois cenários: em campo e em ambiente controlado.
Por fim, há seis projetos de pesquisa vinculados ao terceiro eixo temático. Neste, os profissionais vão avaliar os melhores métodos de aplicação, a eficiência e a eficácia de
diferentes tipos de inseticidas, no combate à cigarrinha do milho. Ao longo dos estudos, os agroquímicos serão aplicados conforme um protocolo unificado.
Seminário inaugura atividades
A iniciativa teve suas atividades iniciadas oficialmente nos dias 26 e 27 de abril, no 1º Seminário da Rede Complexo de Enfezamento do Milho (Rede CEM), com a participação de 52 pessoas presenciais, além de outras que acompanharam de forma remota. Realizado na sede do IDR-Paraná, em Londrina, na região Norte do Paraná, o evento contou com apresentações dos 12 projetos contratados, além do detalhamento de como será o projeto conduzido pela Embrapa Milho e Sorgo, que vai complementar o segundo e terceiro eixos temáticos. Também houve participação de cooperativas parceiras, como Coamo, Cocamar, Copacol e Integrada.
O Sistema Faep/Senar-PR participou do seminário, por meio de sua diretora técnica, Débora Grimm, que integra o comitê gestor da Rede CEM, e de Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da entidade, que palestrou sobre os relatórios técnicos exigidos ao longo das pesquisas.
“A preocupação com os prejuízos causados pela cigarrinha do milho e pelos enfezamentos vem mobilizando esforços de todos os elos da cadeia produtiva. A consolidação destes esforços resultou no projeto da Rede, para financiar pesquisas que nos tragam respostas para as dúvidas do campo e viabilizar a transferência de tecnologia que fará chegar aos produtores rurais essas informações”, destaca Ana Paula Kowalski.
Cartilha auxilia no combate à doença
A cartilha “Manejo da cigarrinha e enfezamentos na cultura do milho”, desenvolvida pela Embrapa Milho e Sorgo, com apoio do Sistema Faep/Senar-PR, orienta o produtor em relação ao enfrentamento da praga, identificação do problema e o seu correto combate no campo. O material é mais uma ferramenta para auxiliar os agricultores e fortalecer o combate da praga e das doenças que ela transmite nas lavouras de milho do Paraná, que podem levar à redução significativa da produtividade.
O material traz orientações práticas, que ajudam o agricultor a identificar e a controlar o inseto, de forma didática. A publicação também contempla fotos que exemplificam os sintomas causados pelas doenças transmitidas pela cigarrinha do milho.
A cartilha pode ser acessada de forma gratuita no site do Sistema Faep/Senar-PR, clicando aqui.
AGRONEGÓCIO
Ponte desaba e expõe gargalos logísticos para o escoamento da safra
Published
3 horas agoon
24 de dezembro de 2024By
O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no último domingo (22.12), trouxe à tona os problemas crônicos da infraestrutura logística brasileira. A estrutura, que conectava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desmoronou sobre o rio Tocantins, provocando uma tragédia com uma morte confirmada e pelo menos 14 pessoas desaparecidas. Caminhões que transportavam ácido sulfúrico e herbicidas também caíram no rio, levando as prefeituras a emitirem alertas sobre contaminação da água.
O acidente ocorre em um momento crítico para o agronegócio nacional. O Brasil deve alcançar uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos em 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este aumento de 8,2% em relação à safra anterior reflete o crescimento da produção de soja e milho, mas evidencia os desafios logísticos de um setor cada vez mais pressionado por gargalos estruturais.
A ponte Juscelino Kubitschek estava localizada na região do Matopiba, uma das áreas de maior crescimento do agronegócio no Brasil, englobando os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região aumentou 92%, saltando de 18 milhões de toneladas em 2013/14 para 35 milhões em 2024.
Essa expansão, no entanto, tem sobrecarregado a infraestrutura local. O intenso tráfego de cargas pesadas, principalmente de fertilizantes e grãos, contribuiu para o desgaste da ponte, que já apresentava rachaduras e denúncias de negligência na manutenção.
Além de afetar a segurança da população, o desabamento representa um entrave significativo ao escoamento da safra. Os portos do Arco Norte, responsáveis por 35,1% das exportações de grãos em outubro de 2024, são fundamentais para o agronegócio brasileiro. A interdição da ponte pode impactar negativamente a logística de transporte para esses portos, aumentando custos e atrasos.
O transporte de fertilizantes também está em alta, com as importações alcançando 4,9 milhões de toneladas em outubro, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior. Essa demanda reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar colapsos como o ocorrido no rio Tocantins.
Entidades do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacam que episódios como este evidenciam a urgência de investimentos em infraestrutura. “O crescimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de uma logística eficiente. A tragédia no rio Tocantins é um alerta para a necessidade de modernização das rotas de transporte e manutenção das estruturas existentes”, afirma a CNA em nota.
O Ministério dos Transportes já anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o desabamento e prometeu reconstruir a ponte em 2025. Enquanto isso, o setor agropecuário pede soluções imediatas, como rotas alternativas e a implementação de medidas para mitigar os impactos sobre a logística da safra.
Embora críticas à expansão do agronegócio tenham ganhado destaque após o acidente, é crucial equilibrar o debate. O setor é um pilar da economia nacional, responsável por 25% do PIB e por grande parte das exportações brasileiras. Investir em infraestrutura adequada e eficiente não é apenas uma questão de atender às demandas do agronegócio, mas de assegurar que o crescimento econômico venha acompanhado de segurança, sustentabilidade e benefícios para toda a sociedade.
O desafio agora é transformar essa tragédia em um ponto de virada, priorizando investimentos estratégicos que garantam a competitividade do agronegócio no mercado global, sem negligenciar a segurança das comunidades locais e a preservação ambiental.
Fonte: Pensar Agro
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