PARANÁ
Paraná se destaca no melhoramento genético do feijão e garante maior produtividade
Publicado em
17 de abril de 2023por
Itajuba TadeuO Paraná é um dos maiores produtores nacionais de feijão, grão que tem presença obrigatória no prato dos brasileiros. No Estado, a produção é principalmente de agricultores familiares e, por isso, o Governo do Estado tem investido no melhoramento genético para aumentar a rentabilidade e a produtividade das lavouras.
O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar- Emater) mantém um dos principais programas de melhoramento genético do País, e mudou a realidade agrícola do Estado, gerando conhecimentos, produtos e tecnologias. Como resultados, além de ganho na produtividade, propicia a prática de uma agricultura mais sustentável, a redução da utilização de agrotóxicos e, consequentemente, a produção de alimentos mais baratos e seguros para a sociedade paranaense.
A iniciativa começou a ser estruturada ainda na fundação do antigo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), em 1972, com o objetivo de desenvolver cultivares para o mercado interno e externo, com bons atributos. São plantas que passaram por processos de melhoramento para que sejam inseridas características que não possuíam.
GENÉTICA – Desde que foi iniciado, o programa de melhoramento genético já colocou à disposição dos agricultores de todo o Brasil, e de alguns países da América do Sul e Europa, 223 cultivares. Destas, 41 são de feijão, e 11 estão atualmente com sementes disponíveis no mercado e cultivadas em todas as regiões produtoras no país. São elas: o IPR Tangará, IPR Campos Gerais, IPR Quero-quero, IPR Bem-te-vi e IPR Sabiá, todos do grupo comercial carioca. Há também no grupo comercial preto o IPR Uirapuru, IPR Tuiuiú, IPR Nhambu e IPR Urutau e, do grupo especial, o IPR Garça (branco).
Na safra 2022, 63% dos campos de multiplicação de sementes de feijão preto e 14% de carioca no Brasil eram cultivares IPR. “Observamos uma preferência do agricultor pelas cultivares desenvolvidas pelo IDR-PR, porque são variedades que promovem rentabilidade, contribuem para uma produção sustentável e têm resistência às principais doenças que ocorrem no Estado”, disse Vânia Moda Cirino, especialista em melhoramento genético de feijão e atualmente diretora de Pesquisa do Instituto.
SOCIAL – “A cultura do feijão é uma das prioridades do instituto, porque tem grande relevância econômica e social para o Estado. É predominantemente produzida por pequenos produtores, constituindo a principal fonte de renda desses agricultores familiares”, explicou a diretora.
O desenvolvimento de uma nova cultivar é um trabalho de longo prazo. Desde o planejamento dos cruzamentos, que visam à combinação dos genes para obter as características pretendidas para a planta até o lançamento das sementes para multiplicação, são 10 a 12 anos de estudos. O melhoramento genético agrega diversas características à planta, como ciclos de cultivo mais curtos, tolerância a diferentes condições de clima e de solo, arquitetura de planta que facilita a colheita mecânica e até mesmo a qualidade culinária do grão.
MAIOR PRODUTIVIDADE — Laercio Della Vecchia, produtor rural em Mangueirinha, no Sudoeste do Estado, plantou por muito tempo variedades de feijão como o rajado, além do esteio e preto puro, mas, depois optou pelo carioca, com o plantio do IPR Sabiá. “Ele tem se mostrado muito bom em campo. Já no primeiro ano, produziu 70 sacas por hectare e nosso custo foi de apenas R$ 4 mil por hectare. Neste ano, o valor da saca girou em torno de R$ 350 a R$ 400 reais”, disse o produtor.
Após o processo de melhoramento genético, os grãos passam a ter alto potencial de rendimento e adaptação ao solo, garantindo mais estabilidade de produção. As plantas crescem com porte ereto, o que as torna mais apropriadas para a colheita mecânica e também desenvolvem resistência maior às principais doenças.
“Quando você tem uma genética que te dá tolerância, não tem necessidade de fazer tantas aplicações de fungicidas. Nós produzimos um alimento mais saudável, nutritivo, que vai fazer toda a diferença para o consumidor final. Estou conseguindo tirar os meus feijões sem o uso de inseticida. Em produtividade é o melhor que eu conheço hoje”, ressaltou Laercio.
Para ele, a escolha pela variedade ofertada pelo IDR-PR trouxe uma série de benefícios. “Uma boa safra começa com sementes de qualidade. Tivemos redução de custo e aumento de produção. É um feijão muito fácil de conduzir em termos de doenças radiculares e aéreas, principalmente antracnose, e é muito fácil de ser colhido, já que tem pouca perda mecânica”, avaliou.
IMPACTO – De acordo com Vânia, todas essas particularidades impactam positivamente o setor, já que os grãos passam a ter características adequadas ao segmento comercial, com um tamanho maior e boa aparência, mais tolerantes ao escurecimento. “São excelentes para a comercialização por conta da coloração, forma do grão, e qualidade culinária. Não adianta ser uma variedade boa de campo e ruim de panela”, enfatizou.
Com isso, a população que consome o feijão passa a ter um alimento de melhor qualidade, com cozimento rápido e caldo consistente, de sabor agradável e com elevado porcentual de grãos inteiros após o preparo. “Os seres humanos são reflexos do que comem. Solo rico, alimento rico. Estamos entregando um alimento com mais ferro, cálcio, mais rico em minerais. Além do produtor colher bem, o consumidor ganha um alimento muito mais nutritivo”, destacou o produtor.
DESTAQUES — Uma das maiores conquistas do programa foi o desenvolvimento de cinco cultivares com resistência ao mosaico dourado, doença das mais prejudiciais a lavouras de feijão no Brasil, um constante desafio à pesquisa nacional. São quatro do tipo carioca — IPR Celeiro (2016), IPR Eldorado (lançada em 2006), IAPAR 72 (1994) e IAPAR 57 (1992) — e, ainda, IAPAR 65, do grupo preto, de 1993.
Na categoria de grãos do tipo carioca, a vitória mais recente do IDR-Paraná é a cultivar IPR Águia, que se destaca pela resistência ao escurecimento dos grãos. Em condições adequadas de armazenamento, grãos de IPR Águia levam cerca de nove meses para começar a escurecer, um atributo importante para os agricultores.
“Os consumidores não compram um feijão com pigmento escurecido porque o associam a um feijão velho que não cozinha. Além disso, os agricultores não dão pouso para feijão carioca, eles colhem e imediatamente comercializam para não perder valor. Essa cultivar possibilita que armazene o grão por um determinado período”, ressaltou Vânia.
GOURMET – O grupo de melhoramento genético de feijão do IDR-Paraná também busca avanços na categoria de feijões especiais (grãos do tipo gourmet). O IDR-Paraná vai lançar este ano a cultivar IPR-Cardeal, de grãos vermelhos, desenvolvida para o segmento de exportação, particularmente a indústria de enlatados e conservas. Informações sobre todas as cultivares do grão estão disponíveis AQUI.
Vania compartilha uma curiosidade: o fato de todas as cultivares de feijão produzidas pelo Iapar ganharem o nome de pássaros. “Os pássaros são nossos companheiros na lavoura quando estamos trabalhando. Nós associamos o nome da ave com alguma característica que se ressalta na cultivar”, disse.
COMO É FEITO – A obtenção de uma linhagem a ser cultivada passa primeiro pela avaliação e seleção dos genitores que carregam as características agronômicas, comerciais e culinárias desejáveis para o cultivo. Isso inclui resistência a determinadas doenças, o potencial de rendimento, adaptação ao clima e até a cor, tempo de cozimento e quantidade de nutrientes no grão.
Pelo método de melhoramento convencional usado pelo Iapar, os genes são cruzados e recombinados para obter um único genótipo com as características esperadas para aquela cultivar. O produto resultante desses cruzamentos, que passa por oito gerações da planta sendo colhida e replantada, é avaliado até atingir a estabilidade genética do material.
Após esse processo, que leva de três a quatro anos, o material selecionado é testado em diferentes ambientes do Estado, sendo plantado nas estações experimentais do Iapar e em áreas de produtores parceiros para avaliar sua adaptação a diferentes climas e solos.
O programa também conta com um protocolo para manejo integrado de pragas (MIP-Feijão), tecnologia para fixação biológica de nitrogênio e métodos para o manejo sustentável das principais doenças. Vânia explicou que esse procedimento foi aplicado em todas as áreas acompanhada pelo IDR-PR.
“Em boa parte das minhas áreas não houve necessidade de aplicar inseticida. O MIP diagnostica os bichos inimigos e a gente só interfere quando eles estiverem em maior proporção ou causando danos. Quando tem necessidade, aplica, quando não tem, não aplica”, detalhou a diretora de Pesquisa do IDR.
Segundo Vânia, todo esse processo é essencial e muito satisfatório, já que beneficia tanto o produtor como o consumidor. “É muito bom poder trabalhar com uma cultura em que você beneficia o produtor, principalmente o pequeno, trazendo uma tecnologia que gera renda para ele, e contribuir também com a sociedade, gerando um alimento de excelente qualidade nutricional. Estamos sempre em busca de boas características agrícolas, culinárias e nutricionais. Queremos um feijão com mais proteína, mais ferro, mais zinco, um alimento que possa realmente nutrir a população”, projetou a diretora de pesquisa.
Fonte: Governo PR
PARANÁ
Ganhando o Mundo: últimos intercambistas começam a chegar com mala cheia de experiências
Published
6 horas agoon
23 de dezembro de 2024By
O Natal será com a família reunida e com diversas histórias para compartilhar para 27 alunos que voltaram do intercâmbio nos Estados Unidos nesta segunda-feira (23), dentro do programa Ganhando o Mundo. Eles desembarcaram no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, onde foram recebidos com muita emoção por pais e familiares depois de quatro meses estudando na América do Norte. Outros alunos devem chegar em janeiro.
Foram mil estudantes de escolas públicas paranaenses que tiveram a oportunidade de realizar um intercâmbio com as despesas pagas pelo Governo do Estado, após uma seleção que envolveu mais de 12 mil candidatos. A edição de 2025 será ainda maior e levará 1,2 mil alunos para cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
O chefe do Departamento de Intercâmbios da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Marlon de Campos, destacou que a edição do Ganhando o Mundo deste ano foi um sucesso. “Todo o processo está sendo incrível. Foi o primeiro ano que nós tivemos mil alunos viajando, 950 deles já retornaram no primeiro semestre, e agora o restante está voltando”, ressaltou.
“Eles voltam com uma cabeça completamente mudada, muito mais atenciosos com a sua família, com a sua escola, com o seu espaço. Quando eles viajam e experienciam uma oportunidade tão diferente, não só da língua, mas também cultural e acadêmica, eles ampliam os seus horizontes e isso faz com que se tornem líderes”, acrescentou.
EXPERIÊNCIA DE VIDA — Entre as intercambistas que chegaram nesta segunda-feira está Isabella Parra Hass, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Rio Branco, em Rio Branco do Ivaí, no Norte do Estado. Para ela, a principal conquista com o intercâmbio foi tornar-se uma pessoa mais independente. “Foi uma das melhores experiências da minha vida. Vivi coisas que eu nunca imaginaria viver, conheci pessoas incríveis e me tornei uma pessoa tão madura, independente, que eu nunca imaginei que eu conseguiria”, explicou.
Ela conta que pôde vivenciar a cultura americana na prática. “Fui líder de torcida e também gerente do time de basquete feminino. Foi muito legal vivenciar a cultura deles, do esporte, mas mais do que isso, saber que você consegue fazer algo quando realmente se quer muito. Uma oportunidade incrível que nunca imaginei que poderia ter e que graças ao Ganhando o Mundo consegui realizar um dos meus maiores sonhos”, disse, com os olhos ainda com lágrimas após encontrar os pais.
A família viajou cerca de 350 quilômetros para receber a filha, pouco para uma distância que já foi continental. “A gente viveu junto esse intercâmbio. Ela lá e eu acompanhando daqui, nos falando todos os dias, dando força nas horas das dificuldades e sorrindo, acreditando que tudo ia dar certo”, afirmou Maria Inez Parra Hass, mãe de Isabella.
“Agradeço ao Governo do Estado por esse intercâmbio, por esse projeto. Ela gostou muito da escola, construiu muitas amizades, foi muito bem recebida pela família e agora esse presente de Natal que estamos está recebendo com a chegada dela”.
Para Pedro Moreira Silva, 16 anos, do Colégio Estadual Arcângelo Nandi, de Santa Terezinha de Itaipu, no Oeste, o que mais lhe chamou sua atenção foi a cultura do esporte nos colégios americanos. “Eu não teria oportunidade de fazer um intercâmbio se não fosse por esse programa, para estudar numa verdadeira high school. Uma das coisas mais legais foi o esporte que pratiquei, participando do time de futebol americano, que foi incrível, e um pouco de wrestling”, ressaltou.
Outro destaque foi o aprimoramento da língua. “O meu inglês melhorou muito, o que vai me ajudar a ter um bom emprego. Fora isso, aprendi coisas novas, como comidas típicas de lá e que vou cozinhar para a minha família, além da neve, porque lá é bem gelado”, disse.
A mãe de Pedro, Katyussa Maiara Moreira, contava os minutos para chegada do filho, acompanhada do marido e da filha mais nova. “Começa a bater aquela ansiedade. A gente fala que não vai ficar nervosa, mas não tem como. É um orgulho como mãe saber que ele conquistou isso, que chegou onde chegou e só tenho muito a agradecer a Deus e ao Governo do Estado”, salientou.
“Ele se desenvolveu muito bem. No começo foi difícil, mas todo dia conversava com ele pelo WhatsApp, então estava longe, mas perto ao mesmo tempo. E agora ter ele aqui junto no Natal, poder passar o Ano-Novo era uma coisa que a gente queria muito”, celebrou o pai, Rodimar Silva.
Quem também vai ter muita história para contar é Amanda Samiria, de 16 anos, do Colégio Estadual Joaquim de Oliveira Franco, de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ela foi recebida pelos pais e amigos no saguão do aeroporto. “Ao mesmo tempo que apertava o coração, eu sabia que aquilo ia ser para o meu bem. Toda a independência, maturidade e responsabilidade que eu ganhei com esse programa foi incrível, uma oportunidade de estar vivendo em um outro país, de morar com uma outra família, com uma cultura totalmente diferente da minha”, comentou.
“Ao mesmo tempo que o coração está apertado por eu ter deixado minha segunda família lá nos Estados Unidos, também está muito alegre de reencontrar todo mundo, de ver o quanto eu sou amada aqui e o quanto tudo valeu a pena. Já tenho planos para compartilhar tudo o que eu aprendi, que eu não vou deixar só para mim, mas sim dividir com os outros, contar como foi a minha experiência para inspirar outras pessoas a também participarem”, acrescentou.
GANHANDO O MUNDO – Iniciado como projeto-piloto em 2022, o Ganhando o Mundo levou 100 estudantes para o Canadá, na América do Norte, naquele ano. Na segunda edição, outros 100 alunos tiveram a experiência de conhecerem uma outra cultura, desta vez com destino a Nova Zelândia, na Oceania.
Em 2023, o programa passou a incluir professores, com 96 docentes enviados para o Canadá e a Finlândia, países referências em educação. No mesmo ano, mais 40 alunos estudaram por um semestre letivo na França. Já em 2024, o número de intercambistas cresceu dez vezes, chegando a mil alunos que viajaram para países de língua inglesa, como Canadá, Nova Zelândia, Inglaterra, Austrália e Estados Unidos. Além disso, 100 diretores de colégios estaduais embarcaram no meio do ano para um intercâmbio de duas semanas no Chile.
A próxima edição, em 2025, será ainda maior. Mais de 1,2 mil alunos da rede estadual terão como destino cinco países de língua inglesa (Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia e Reino Unido). Durante seis meses, os jovens farão curso equivalente ao Ensino Médio no Brasil.
Também em 2025 acontecerá a primeira edição do programa voltada aos alunos de 1ª série dos cursos técnicos em agropecuária, agrícola, florestal, operações de máquinas florestais e agronegócio, matriculados nos centros de educação profissional. Cem estudantes vão para Iowa, nos Estados Unidos, estado líder em tecnologia agrícola e coração do corn belt (cinturão agrícola forte em produção de milho e um dos principais pólos agrícolas do mundo).
Fonte: Governo PR
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