NOVA AURORA

Agronegócio

Ameaças a soberania do agronegócio brasileiro

Publicado em

Na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), realizada no Egito, nos dias 6 a 18 de novembro do corrente ano, quatorze maiores empresas de alimentos do mundo (tradings), sob o comando dos governos do Reino Unido e dos Estados Unidos, avançando a agenda do Roteiro do Setor Agrícola 1,5°C, que tem como meta limitar o aumento da temperatura global, e, o objetivo em proteger os sistemas alimentares, os meios de subsistência dos produtores e biodiversidade do planeta, assinaram um plano para combater o desmatamento e a conversão de uso do solo, com severas restrições aos dois maiores biomas brasileiros: a amazônia e o cerrado.

Sob o pretexto de limitar até 2050 o aquecimento global em 1,5º C acima da era pré-industrial, estabeleceram restrições mais severas do que a legislação brasileira quanto ao uso da terra para produção agrícola e pecuária. Decidiram por não comprar soja e carne bovina originárias de áreas abertas, a partir de 2025, ainda que legalmente autorizada pelos Órgãos Ambientais brasileiro.

Esse documento assinado pelas tradings afronta a soberania nacional, rasga o Código Florestal brasileiro como uma das leis ambientais mais restritivas do mundo, e, ignora a responsabilidade socioambiental do Produtor Rural que preserva na sua propriedade 80% da cobertura nativa do bioma amazônia, de 35% no cerrado amazônico, e de 20% nos demais biomas.

Não é a primeira vez que as tradings impõe restrições no Brasil. Há muitos anos não toleram na cadeia de fornecedores de animais criados em áreas desmatadas no bioma da amazônia após 2008, e, desde 1º de agosto de 2020, vetam a compra da carne vinda de áreas convertidas para a pecuária no bioma do Cerrado.

Leia Também:  Departamento de Meio Ambiente faz alerta sobre Ecopontos

Agora inovam, impõe a obrigação ao Produtor Rural em preservar 80% da área de cerrado, quando a lei assegura a reserva legal em 20%.

Ameaçam o Produtor Rural que venha exercer o seu direito de usar 80% da sua área no cerrado, com a sua exclusão da lista de fornecedores.

Ameaçam a soberania e a segurança alimentar nacional, o livre mercado, o direito da expansão da área agrícola e o aumento da produção, tudo a mercê dos interesses comercial dos americanos e dos europeus.

Isso é violência contra o marco legal brasileiro. São barreiras comerciais disfarçadas. Formação de cartel, por controle de preço e mercado.

No documento assinado, as tradings definiram que até o fim de 2023 realizariam uma análise de risco nas áreas do cerrado para aplicarem as medidas restritivas.

Buscam a todo custo impedir o Brasil dobrar a produção agrícola com a utilização de mais 70 milhões de hectares de pastagens que estão muito aquém de seu potencial produtivo e em estágios diferentes de degradação.

A Agência Espacial Norte-Americana (NASA) fez estudos por todo o planeta, e constatou que utilizamos apenas 7,6% do nosso território com produção agrícola, o que é pouco se compararmos com os norte-americanos que utilizam 18,3%, os chineses 17,7% e os indianos 60,5%. Na Europa, a Dinamarca faz uso de 76,8%, a Irlanda usa 74,7%, a Holanda 66,2%, o Reino Unido 64% e a Alemanha 56,9%. No geral, a Europa dedica mais de 60% de suas terras cultiváveis para a agricultura e a pecuária.

Leia Também:  Agência do trabalhador de Cafelândia divulga vagas de emprego

Já o Brasil preserva 66% do seu território, mesmo assim, somos o terceiro maior exportador do mundo.

Não podemos aceitar discursos contrários a essa realidade, em diminuir a relevância do Brasil na questão da produção sustentável de alimentos e de energia renovável. Muito menos a desapropriação de propriedade particular decorrente de danos ambiental, embebidas por narrativas especulativas e sem fundamentação jurídica.

A classe produtora não deve se curvar aos interesses de governos internacionais, de oligopólios e de grandes cartéis globais, ondem utilizam a COP para ancorar os interesses econômicos da Tropical Forest Alliance, subsidiária do Fórum Econômico Mundial de Davos.

A Amaggi e a Cargill são exceção, por ser capital fechado, diferente das demais tradings que têm dentro do seu grupo, controladores como o fundo Black Rock.

É imprescindível que a classe produtora de soja e os pecuaristas se organizem, com compromisso claro em avaliar o risco anunciados nessa manobra comercial, confrontar os discursos aloprados que buscam denigrir a produção brasileira, e, combater as ameaças aferidas ao Produtor Rural por exercer o seu direito de desmatamento adicional da área de uso, assegurado em lei, em produzir em pastagens cultivadas, em pastagens recuperadas, e, em solos degradados, em defesa da nossa soberania.

Isan Oliveira de Rezende

Produtor Rural, Advogado, Engenheiro Agrônomo, Presidente da Federação dos Engenheiros Agrônomos do Estado de Mato Grosso, Presidente do Instituto do Agronegócio e Coordenador da Agricultura Familiar e Agronegócio na Associação de Bancos (ASBAN).

 

Fonte: Agro

COMENTE ABAIXO:
Advertisement

AGRONEGÓCIO

Produtores cobram ações contra invasões e pedem mais segurança

Published

on

By

Produtores rurais de todo o Brasil acompanharam com atenção a audiência pública realizada no Senado Federal nesta semana, que colocou em pauta um tema sensível e urgente para o setor: as invasões de propriedades rurais e a falta de segurança jurídica no campo.

O encontro, promovido pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e teve como foco o impacto das ocupações recentes, especialmente as mobilizações do chamado “Abril Vermelho”.

Durante a audiência, senadores da Frente Parlamentar da Agropecuária destacaram que o direito à propriedade precisa ser respeitado e garantido pelo Estado, como determina a Constituição. Segundo os parlamentares, o cenário atual preocupa produtores rurais que, mesmo com título da terra e anos de trabalho, vivem sob constante ameaça de invasões.

Além disso, foi questionada a criação de novos assentamentos sem a devida revisão e regularização dos já existentes. De acordo com dados apresentados no debate, hoje há mais de 200 mil lotes vagos em assentamentos pelo país e cerca de 17 milhões de hectares que estão ociosos.

Leia Também:  Secretário e ministro do Turismo apresentam programas de incentivo ao setor em Cascavel

Outro dado citado aponta mais de meio milhão de beneficiários do programa de reforma agrária com indícios de irregularidades. A cobrança dos parlamentares foi clara: antes de ampliar o número de assentamentos, é preciso organizar e dar transparência ao que já existe.

Por outro lado, o governo apresentou ações voltadas para a agricultura familiar, como o aumento de recursos no Plano Safra 2023/2024 e a criação do programa Desenrola Rural, que visa renegociar dívidas de pequenos agricultores. Também foi anunciada a meta de inclusão de mais de 300 mil famílias no programa de reforma agrária, com foco na redução de conflitos no campo.

Mesmo assim, os senadores reforçaram que nenhuma política pública pode avançar se a segurança jurídica for deixada de lado. A preocupação com os impactos das invasões vai além da posse da terra. Há prejuízos diretos à produção, ao abastecimento e ao acesso ao crédito rural, além do desestímulo ao investimento no setor agropecuário.

Outro ponto sensível abordado foi a situação da região amazônica, que concentra milhares de assentamentos e enfrenta desafios logísticos e fundiários ainda maiores. Lá, produtores relatam dificuldades com a documentação da terra, acesso a crédito, infraestrutura e assistência técnica.

Leia Também:  Departamento de Meio Ambiente faz alerta sobre Ecopontos

A audiência pública trouxe à tona um sentimento comum entre os produtores: é preciso garantir o direito de produzir com segurança e respeito à lei. O campo quer apoio, quer regularização fundiária e políticas eficientes, mas exige, acima de tudo, que o Estado atue com firmeza para coibir ações ilegais que colocam em risco o trabalho de quem alimenta o país.

Fonte: Pensar Agro

COMENTE ABAIXO:
Continuar lendo

PARANÁ

POLÍCIA

ENTRETENIMENTO

ESPORTES

MAIS LIDAS DA SEMANA