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Pequenos pecuaristas do Sul de Minas investem na fertilização in vitro para melhoria do rebanho

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Um projeto para melhoria genética do rebanho bovino, com o uso de tecnologia de ponta, está beneficiando pequenos produtores do Sul de Minas. Desde 2020, está em execução um trabalho de fertilização in vitro e transferência de embriões bovinos, com o objetivo de melhorar a produtividade dos animais voltados para a produção de leite, em cinco municípios da região. A ideia é levar aos pecuaristas familiares as mesmas técnicas geralmente disponíveis apenas em médias e grandes propriedades.

Até o final deste ano, deverão ser feitas cerca de 550 transferências de embriões provenientes da fertilização in vitro em rebanhos dos municípios de Santa Rita de Caldas, Ipuiúna, Caldas, Ibitiúra de Minas e Senador José Bento.

O trabalho é financiado, principalmente, pelo programa Sebraetec FIV, mas conta também com recursos dos produtores atendidos. A Empresa da Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) é responsável pela mobilização dos pecuaristas beneficiados, incluindo o cadastramento e organização da documentação para a assinatura de contratos. A Associação de Produtores de Leite de Santa Rita de Caldas e Região (Aprol) também é parceira na iniciativa.

“A região possui muitos produtores de leite. A necessidade era fornecer animais com genética superior, aumentando a produtividade de leite no rebanho destes produtores, que muitas vezes não possuem animais de genética superior em suas propriedades”, explica o técnico da Emater-MG no município de Santa Rita de Caldas, Rodrigo Beck Júnior.

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A técnica da fertilização in vitro consiste na fecundação dos oócitos colhidos de vacas doadoras pré-selecionadas. Esta fecundação é feita em laboratório, utilizando sêmen de touros provados, com padrão genético superior. Ao concluir o cultivo in vitro, os embriões são transferidos para as vacas receptoras, responsáveis pela gestação.

No caso do programa nos cinco municípios do Sul de Minas, as vacas doadoras dos oócitos são das raças gir, girolando ou holandesa, dependendo da escolha do produtor. Todas com boa lactação aferida. Já as receptoras, são animais do rebanho dos pequenos produtores beneficiados. A taxa de prenhez está entre 33 a 40%, considerada dentro da média para a técnica.

“Os primeiros animais nasceram entre maio e julho de 2021. Algumas novilhas já estão prenhas e outras serão inseminadas até o fim deste ano. Ou seja, em 2023 teremos as primeiras novilhas em lactação deste programa”, afirma Rodrigo Beck.

“Só tinha visto na televisão”

O produtor Eliton Silva tem um sítio em Santa Rita de Caldas, onde cria um rebanho de 80 cabeças. Ela já tem 13 novilhas que nasceram pela técnica de fertilização in vitro e mais 22 vacas prenhas que receberam embriões nos últimos meses.

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“Eu só tinha visto esta técnica na televisão. Nunca achei que um pequeno produtor teria condição de fazer isso. Sempre tive o sonho de ter vacas girolando meio-sangue. É difícil ter uma girolando boa, mas com a fertilização in vitro, é 100% confiável”, diz o pecuarista.

“A expectativa é que estas novilhas aumentem a produção e produtividade de leite do produtor, trazendo mais renda, agregando valorização ao seu rebanho. Além disso, com animais mais eficientes e produtivos, o produtor necessita de menos animais na propriedade e de menores áreas de produção de forragens, reduzindo o impacto ambiental”, explica Rodrigo Beck Júnior.

O custo de cada embrião está em torno de R$ 605. O Sebrae paga 70% do valor e o restante é por conta do produtor. O trabalho de coleta dos oócitos e de transferência dos embriões é feito por um veterinário. E a fecundação in vitro é realizada em um laboratório da região, credenciado pelo Ministério da Agricultura.

Prêmio MelhorInovação

O trabalho de mobilização e cadastramento dos produtores feito pela Emater-MG dentro do projeto Sebraetec FIV, em Santa Rita de Caldas e municípios vizinhos, foi um dos vencedores regionais do Prêmio MelhorInovação 2021, promovido pela empresa.

O concurso tem o objetivo de destacar as melhores iniciativas que valorizem profissionais e clientes da Emater-MG.

Fonte: AgroPlus

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AGRONEGÓCIO

Ponte desaba e expõe gargalos logísticos para o escoamento da safra

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O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no último domingo (22.12), trouxe à tona os problemas crônicos da infraestrutura logística brasileira. A estrutura, que conectava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desmoronou sobre o rio Tocantins, provocando uma tragédia com uma morte confirmada e pelo menos 14 pessoas desaparecidas. Caminhões que transportavam ácido sulfúrico e herbicidas também caíram no rio, levando as prefeituras a emitirem alertas sobre contaminação da água.

O acidente ocorre em um momento crítico para o agronegócio nacional. O Brasil deve alcançar uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos em 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este aumento de 8,2% em relação à safra anterior reflete o crescimento da produção de soja e milho, mas evidencia os desafios logísticos de um setor cada vez mais pressionado por gargalos estruturais.

A ponte Juscelino Kubitschek estava localizada na região do Matopiba, uma das áreas de maior crescimento do agronegócio no Brasil, englobando os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região aumentou 92%, saltando de 18 milhões de toneladas em 2013/14 para 35 milhões em 2024.

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Essa expansão, no entanto, tem sobrecarregado a infraestrutura local. O intenso tráfego de cargas pesadas, principalmente de fertilizantes e grãos, contribuiu para o desgaste da ponte, que já apresentava rachaduras e denúncias de negligência na manutenção.

Além de afetar a segurança da população, o desabamento representa um entrave significativo ao escoamento da safra. Os portos do Arco Norte, responsáveis por 35,1% das exportações de grãos em outubro de 2024, são fundamentais para o agronegócio brasileiro. A interdição da ponte pode impactar negativamente a logística de transporte para esses portos, aumentando custos e atrasos.

O transporte de fertilizantes também está em alta, com as importações alcançando 4,9 milhões de toneladas em outubro, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior. Essa demanda reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar colapsos como o ocorrido no rio Tocantins.

Entidades do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacam que episódios como este evidenciam a urgência de investimentos em infraestrutura. “O crescimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de uma logística eficiente. A tragédia no rio Tocantins é um alerta para a necessidade de modernização das rotas de transporte e manutenção das estruturas existentes”, afirma a CNA em nota.

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O Ministério dos Transportes já anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o desabamento e prometeu reconstruir a ponte em 2025. Enquanto isso, o setor agropecuário pede soluções imediatas, como rotas alternativas e a implementação de medidas para mitigar os impactos sobre a logística da safra.

Embora críticas à expansão do agronegócio tenham ganhado destaque após o acidente, é crucial equilibrar o debate. O setor é um pilar da economia nacional, responsável por 25% do PIB e por grande parte das exportações brasileiras. Investir em infraestrutura adequada e eficiente não é apenas uma questão de atender às demandas do agronegócio, mas de assegurar que o crescimento econômico venha acompanhado de segurança, sustentabilidade e benefícios para toda a sociedade.

O desafio agora é transformar essa tragédia em um ponto de virada, priorizando investimentos estratégicos que garantam a competitividade do agronegócio no mercado global, sem negligenciar a segurança das comunidades locais e a preservação ambiental.

Fonte: Pensar Agro

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